19 - Caça aos demônios d'água

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Foi dificil dormir naquela noite. Me lembrava a cada segundo do beijo do Dimitri e os  pensamentos em minha mente criavam trilhas tortuosas. A culpa por deixar tudo isto acontecer, enquanto eu estava com Kevin, era o que mais me torturava, mas o pior de tudo era ter que lidar com os meus sentimentos. Aquele beijo só fervilhou ainda mais o que eu sentia por ele. Eu só queria estar com ele e poder beijá-lo mais e durante a vida toda.

 Mas não poderia ser assim. 

Ele não me amava. 

Ele só me beijou porque estava bêbado, assim como beijou Hazel. Provavelmente ele esqueceria no dia seguinte.

Mas ele não esqueceu.

Assim que acordamos, fiquei esperando uma reação indiferente de Dimitri. Algo que indicasse que ele esqueceu de tudo. Mas quando ele se levantou, após tomar um banho, assim quando seus olhos se encontraram com os meus, ele foi pra sacada sem falar nada. Então soube que havia algo errado.

Era a hora da verdade. Eu deveria encarar os fatos e enfrentar a situação. Só de cogitar a possibilidade de fingir que nada aconteceu, já me dava dores no estômago. Kat ainda dormia, então, aproveitei e fui com ele até a sacada.

Ele usava roupas leves. Apesar de ser inverno em Orlando também, estava inexplicavelmente quente. Aquecimento Global.

"Dimitri?"

Ele olhou para mim, mas voltou logo a encarar os próprios pés.

"Brendy..."

"Eu queria conversar... Sobre ontem."

Ele deu um resmungo e colocou a mão em uma das têmporas.

"Desculpe... Ressaca. Achei que eu era mais durão, mas..."

Dei uma risadinha curta e me aproximei do parapeito.

"Acho que você perdeu o jeito."

Ficamos uns momentos em silêncio e cada segundo ardia em mim pela ansiedade.

"Brendy, não pense que eu não me lembro do que aconteceu... porque eu me lembro..."

"Sobre o que exatamente você está falando?", perguntei, mesmo já sabendo do que se tratava.

"Nós...", ele falou, finalmente me encarando. Me fuzilando com os olhos âmbar.

Olhei para um ponto abaixo de nós na cidade. Carros circulando pelas ruas, pessoas caminhando com os rostos nos celulares...

"Então...", estimulei.

"Me desculpe, Brenda. Não devia ter feito isso."

Então, surpreendentemente, eu murchei. Eu não sabia o que eu estava esperando. Só sabia que não era aquilo.

"Não foi nada, Dimitri. Sério... Você estava bêbado e eu não fui a única pessoa que você beijou.", menti sobre não ser nada.

Para mim foi tudo.

"Mas foi a única que eu beijei com sentimento."

Poucas palavras são capazes deixar um coração em pedaços? Eu sentia vontade de questioná-lo se realmente tinha sentimento ou se eu era apenas a segunda opção. As palavras que ele disse aquela noite para a Kat ainda martelavam em minha mente. Eu jamais seria Sondra.

"Dimi..."

"Eu queria falar disso com você.", ele me interrompeu. "E se nós tentássemos, Brenda? Eu sei que você se atrai por mim e eu também me atraio por você."

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