Capítulo 10

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Lá estava eu, envolta dos campistas dançando, aproveitando meus pequenos momentos antes que todos me odiassem. Mas, isso pouco me importava. Estávamos rodeando a fogueira, balões infláveis voavam no céu, só se ouvia risos e mais risos.

Eu estava usando um short curto e uma regata meio amarelada, com meu tênis. Já estava cansada de rodear a fogueira e fui para a mesa com bebidas e comidas em geral,
peguei um pedaço de torta de morango, já que nós também nos alimentávamos com comida humana, só não era o mesmo que tomar uma bela taça de sangue. Comecei a comê-la, até que alguém agarrou minha cintura, era Renan me abraçando e
olhando para o pedaço de torta que estava em minhas mãos.

— Quer um pedaço? — Dou um sorriso para ele e levo o pedaço até a sua boca para uma mordida.

Seus olhos ainda não conseguem esconder o medo que há dentro dele. Isso iria passar, só teria que suportar esse olhar até a próxima noite. Eu não deixaria o ocorrido passar em
branco. Mexeu com quem amo isso era injusto. Desde o lago, eu ainda não conseguia tirar aquelas palavras em minha mente, meus sonhos me aterrorizavam por conta disto. Eu não estaria em paz até que tudo se resolvesse, ninguém me impediria.

Renan estava me encarando, pois meus pensamentos estavam voando pelas nuvens e não conseguia tirá-las de lá. Escutei vários e vários estalos de dedos em meus ouvidos, quando percebo era Maria em minha frente com uma taça de sangue, apenas peguei e acenei.

— Ei, o que está acontecendo com você? Andas tão estranha, muito quieta e você não é assim, Marcelly. — Ele abaixa seu tom de voz para que ninguém ouvisse suas palavras.

— Estou bem, é apenas uma fase que passamos no dia-a-dia... — Sorri falsamente para ele, pois eu ainda estava extremamente triste. O que eu poderia fazer?

Bruna começou a gritar igual louca, onde todos começaram a prestar atenção e tudo ficou silencioso, que era totalmente estranho. Ela estava usando uma calça com um rasgo nos joelhos e um tomara-que-caia preto. Quando todos estavam olhando, ela disse:

— Hoje é a véspera do dia da lua minguante, todos sabem disso. E amanhã teremos um espetáculo ou um ritual, chamem como quiser. — Disse de forma irônica. — Quero
todos aqui neste mesmo lugar, neste mesmo horário. Ok?

Alguns acenaram com a cabeça, outros gritaram sim. Renan abaixou seu rosto e eu já sabia o que aconteceria. O ritual do qual Bruna e Suelen estavam falando no Buraco.
Mas isso não teria sucesso, pois eu a mataria antes que alguém chegasse ao altar.

Quando todos voltaram a festejar, resolvi ir ao lago, pois ali era meu porto seguro quando estava só. Tirei meu tênis, mergulhei meus pés na água e os fiquei balançando. Estava sozinha nessa e não sabia ao certo o que fazer. Mas faria o que fosse para me deixar mais feliz...

A lua estava refletindo na água cintilante do lago, fiquei
observando para ver se meus pensamentos se voltavam para outro lugar, um lugar onde eu seria feliz, sem ter que sacrificar ninguém.

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Uma criança de mais ou menos três anos, com longos cabelos castanhos e olhos esverdeados vem correndo em
minha direção. Seu sorriso estampado em seu rosto, sua pureza estava clara em sua atitude.

— Mãe, mãe…— Ela gritava enquanto corria, quem seria sua mãe? Olhei para trás, mas não havia ninguém. Será que era pra mim? Eu não era mãe!

Algo invadiu meu peito, uma emoção enorme. Inesperadamente, uma lágrima começou a cair em meu rosto e eu me sentia feliz. Fazia um bom tempo que não me sentia assim novamente.

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Senti algo gelado tomar de leve o meu rosto, pequenas gotas de chuva caíam ali. Eu estava no lago, já tinha
amanhecido. Tirei meus pés de dentro da água, peguei meu tênis e comecei a caminhar até a casa da praia.

Vi que Renan estava do lado de fora, esperando alguém. Ele olhou para mim e logo percebi a quem ele
esperava. Era a mim. Eu o tinha feito esperar a noite toda!

Bem, isso não importava agora. Continuei andando em sua direção e percebi que ele estava segurando algo. Não consegui ver direito o que era, pois ele estava ocultando com
seu corpo.

— Onde estava? — Sua voz era séria, deixando o clima um pouco tenso.

— Fui para o lago depois da festa e acabei dormindo. — Expliquei calma.

Ele simplesmente me olhou bravo.

— O que está acontecendo com você? Está estranha depois que te contei sobre a Bruna. Você está planejando algo ou descobriu alguma coisa? — Olhou profundamente em meus olhos.

— Você quer saber mesmo? Sim, eu descobri sobre o ritual e não concordo com aquilo. Eu te amo demais para
deixá-lo morrer. — Respiro fundo.

— Eu apenas aceitei aquele ritual, pois não quero que nem você e nem a Bruna morram, prefiro me sacrificar do que perdê-las. Quero te salvar e você age desse jeito? Marcelly, eu não sei o que você pretende fazer, mas nada mudará a minha decisão. — Ele taca um buquê de rosas no chão extremamente bravo e volta correndo para dentro.

Ele queria que eu aceitasse seu sacrifício, mas não mudarei meus planos. Poderiam acontecer mil e uma coisas, porém eu ainda a mataria.

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