Capítulo 73.

Depuis le début
                                    

Eu me sentia vazia, ele não mexeria nunca mais.

E às vezes eu tinha pesadelos estranhos, acordava com a mão em minha barriga, e chorava. Quando se perde alguém aquela dor demora bastante pra sair de você, e essa dor demoraria pra sair de mim. Ainda mais sendo meu filho, o amor da minha vida.

Eu queria ficar na minha por esse tempo, gostava da companhia de Bruno e dos meninos, mas pedi pras meninas um espaço. Conversava com elas, mas eu estava desanimada pra tudo, e isso era notável. Vivia pelos cantos, chorando e dormindo, e sabia bem o quanto aquilo deixava os meninos mal, principalmente Bruno. Ele estava ao meu lado, e sei que não estava sozinha nisso. Afinal, ele era pai, ele também sofreu.

E hoje ele infelizmente teria que me deixar e voltar pro serviço. O quarto estava geladinho e lá fora chovia um pouco, ele beijou meus lábios e sorriu.

Estava tão bonito dentro daquele terno, os cabelos estavam penteados, a barba tirada, e ele exalava perfume.

─ Vai ficar bem, não é? ─ ele indaga, giro na cama abraçando os travesseiros e suspiro.

─ Vou ─ digo firme.

─ Não vou poder vim almoçar, hoje preciso chegar mais cedo na faculdade, vou apresentar um seminário e fazer duas provas, esses códigos estão me deixando louco ─ sacode a cabeça e me arranca um sorriso.

─ Tudo bem ─ dou de ombros.

Ele pega sua mochila colocando seus livros lá, e vem até meu lado mais uma vez, me abraça e cheira meu pescoço me provocando um arrepio.

─ Qualquer coisa me liga, vou ficar com o celular no bolso ─ alisa minha bochecha.

─ Pode deixar, brutamontes. Léo vai ficar aí, e eu estou com sono.

─ Promete que vai comer bem? E que vai sair um pouco desse quarto? ─ ele estende seu dedo mindinho.

─ Prometo.

─ Então já vou, beijo ─ me dá um selinho e se vai.

Me viro inalando seu cheiro maravilhoso e adormeço.

Quando desperto já são umas dez e meia da manhã, vou tomar um banho, e visto qualquer roupa indo comer algo.

Meu primo estava pra empresa de titio, Diego creio que estava dormindo, Peter pra faculdade, Léo sentado no balcão e Bruno pro serviço.

Me sentei no balcão, Léo tirou sua atenção do celular e me fitou abrindo seu melhor sorriso. Ele me puxou pra um abraço confortável e já foi pegando várias coisas pra comer. E mesmo sem fome eu comi aquela multidão de coisas. Pra mostrar que eu estava bem, eles estavam se preocupando tanto comigo... eu não tinha que dá prejuízo pra ninguém.

E depois de ajudar Léo com uma lasanha eu me sentei no balcão visando meu celular, encostei minha mão na bochecha e fiquei ali conversando com Léo e marocando as notícias.

Até que a porta que daria pro elevador de serviço foi aberta, e assim pudemos encarar Peter. Ele estava todo de branco, trazia sua mochila atravessada, o jaleco preso na mochila de forma dobrada e uma caixa média de baixo dos braços.

─ Boa tarde, doutor Peter ─ brinquei com o mesmo que deu língua.

─ O que tem pra comer? Tô morto de fome ─ ele jogou suas chaves em qualquer lugar e botou sua mochila e jaleco de lado.

─ Tem eu, delícia ─ Diego chegou e me abraçou por trás beijando meu rosto.

─ Se for pra comer lixo eu como Arthur ─ Peter brincou.

Ele me olhou e pegou a caixa, fiquei até curiosa pra saber o que tinha dentro. Ele se agachou diante de mim, me entregou a caixa e sorriu.

─ É pra você ─ ele me entregou a caixa e segurei com cuidado, pesava um pouco.

─ Pra mim? ─ ele assentiu sorridente.

Abri a caixa com cuidado, quando vi o que estava ali dentro meus olhos brilharam. Era a coisa mais fofa do mundo, um cachorro, um filhote bem pequeno que dormia.

─ É um chihuahua, uma mistura de chihuahua e vira-lata. A mãe dos filhotes foi envenenada, não consegui salvar ela, mas consegui salvar os filhotes. Eles nasceram bem pequenos, estavam na incubadora, foram quatro, mas essa sobrou por ser a menor, mas ela é a mais esperta e danada, vivia correndo pelo laboratório. Eu vacinei ela, está vermifugada e registrada, só falta um nome...

Fiquei ainda admirando aquele filhotinho até o pegar nos braços com um sorriso enorme. Era a coisa mais fofa do mundo, botei em meus braços e o alisei fazendo carinho.

─ Sou péssima pra nomes ─ confesso animada.

─ Podia botar Vivian ─ Diego sugere rindo.

─ O cachorro é muito bonito pra ser chamado de Vivian ─ Léo rebate também sorrindo.

─ Ele parece com Arthur ─ digo cerrando os olhos. ─ Arthuzinha?

─ Não... ─ Peter alisa o queixo. ─ Sou veterinário mas também sou péssimo com nomes... mas que tal... Sara?

─ Nome de gente?

─ É! Aí você pode chamar de sarinha ou sarita.

─ Hm... pode ser ─ digo cheirando ela.

Peter pega a carteira de registro, anota algumas coisas e carimba me entregando.

Vejo as informações contidas ali: Sara Miller Rocco, mamãe: Lara Miller, papai: Bruno Rocco, idade: 1 mês. E tinha as demais informações sobre vacina e outros cuidados com ela.

Ela ainda estava tomando leite, e por isso Peter trouxe leite do laboratório e uma mamadeira própria pra cães, ele me ensinou como dar leite pra ela e os remédios, que seriam na seringa.

Eu havia amado, sempre quis ter um animal de estimação, mas mamãe sempre negava dizendo que eu mal sabia cuidar de mim.

Mas agora eu era bem mais responsável, eu iria ter um filho. E um cachorro não é muito diferente de um bebê.

Agredeci muito pra Peter pelo presente, e depois de comer, dar o leite pra sarinha, e conversar com os meninos eu fui pro quarto.

Coloquei ela na cama e um travesseiro do lado pra mesma não cair, já que estaba friozinho ali coloquei meu cobertor próximo dela também.

Fui pro banheiro e tomei um banho demorado, vesti uma calça flanela rosa com corações pretos e um moletom, depois me deitei na cama e coloquei um filme na televisão.

Mal vi quando peguei no sono junto de sarinha.


Paraísos PerdidosOù les histoires vivent. Découvrez maintenant