Capítulo 13 - Chad

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– Você precisa fazer isso. – Eu voltei a dizer, sentindo-me mais cansado do que nunca. – Eu consigo me curar, mas não com isso dentro de mim.

Brianna inclinou-se para mais perto de mim e eu fiz o que eu pude para abrir bem meus olhos e conseguir vê-la melhor. Seu rosto inteiro estava vermelho, bem como seus olhos verdes, que estavam margeados de água e não paravam de soltar lágrimas para todas as direções. Ela ainda apertava a parte inferior do seu rosto com a mão esquerda. Suas sobrancelhas estavam tão tensas que sua testa inteira se contorcia.

Com a minha mão boa, eu tentei alcançar seu rosto, suprimindo toda a dor e a tontura, lutando contra o meu próprio corpo para se manter vivo e consciente. Eu conseguia perceber que, naquele momento, ela é quem precisava de mim.

Toquei de leve sua mão, sem forças para tirá-la de seu rosto. Ela relutou, seus olhos se tornando mais desesperado ainda, enquanto ela respirava fundo e suprimia um soluço.

– Bri, – alcancei de novo sua mão e finalmente consegui com que ela soltasse seu rosto. Ela se inclinou para mais perto de mim, fechando os olhos com força. Segurei seu rosto com o máximo de firmeza que eu conseguia, trouxe-a para mais perto e toquei seus lábios trêmulos com os meus. – Bri, eu preciso que você faça isso. – Eu sussurrei, quase perdendo o foco novamente. – Por favor. Pode f-fazer isso?

Ela voltou a se mover, tremendo e chorando compulsivamente ao sair de seu estado de choque. Brianna depositou um beijo suave em meus lábios e balançou a cabeça afirmativamente. Ela se ergueu, engoliu a seco limpou o suor em minha testa. Vi seu rosto se contorcer ao desviar seu olhar para o meu ferimento, muito provavelmente se agonizando ao ver a poça de sangue que eu sentia se formar ali.

– Use toda a f-força q-que tiv-er. – Eu sussurrei para ela. – Depois, ap-perte c-com outro p-pano.

Eu sentia meu organismo trabalhar para me manter vivo. Sentia o fluxo frio e úmido percorrer meu corpo que sempre sentia quando a terra atendia ao meu comando para curar um ferimento. Mas eu sabia que precisava tirar aquela flecha antes que aquilo acontecesse.

Brianna alcançou as bolsas caídas no chão e vasculhou desesperadamente até encontrar o que queria. Retirou de dentro de uma delas uma peça de roupa escura e limpa e colocou ao meu lado. Com as mãos trêmulas, Brianna alcançou a flecha com as duas mãos. Ela me lançou um olhar de dor e medo, como se não suportasse a ideia. Inclinando-se para frente e se aproximando do ferimento, Brianna retirou o tecido ensopado em sangue apertou a pele, tentando deixar a flecha livre para ser retirada.

Um grito involuntário saiu de mim, o que fez com que Brianna derramasse mais lágrimas ainda. Por um segundo, o medo me atingiu só de antecipar a dor. Apertei meus olhos e, com a mão boa, apertei com força um galho que surgiu do solo.

Senti o peso das mãos de Brianna sobre a flecha e eu fiz um aceno com a cabeça. Ouvi seu choro embargado segundos antes sentir a maior dor que senti em toda a minha vida. Nada do que eu conhecia poderia ser comparado ao que senti. Eu não ouvia mais nada. Minha garganta estava áspera, seca. Minha visão havia enegrecido, tomado por pontos brilhantes que me cegavam mais ainda em meio a escuridão.

Segundos prolongados se passaram de dor e agonia, e uma luta interna era travada dentro de mim. Sentia a inconsciência me chamando, oferecendo-me um lugar onde não haveria dor, mas eu resisti. Sabia que tudo o que eu menos precisava nesse momento era me retirar dali. Não por mim, mas por aquela que, naquele momento, sentia tanta dor quanto eu.

**

– Eu vou ter que o quê?

Brianna me olhava com descrença e desespero, fazendo com que novas lágrimas margeassem seus olhos e escorressem pelo seu rosto vermelho.

O Cristalizar da Água - O Florescer do Fogo #2Where stories live. Discover now