Quem é esse homem? E o que ele fez com meu negligente pai?

Morte!, lembra-me meu subconsciente. Estar à beira da morte faz coisas malucas com você e pessoas ao seu redor. Lembro de quando estava bem mau, até mesmo Monick, uma garota que não ia nenhum pouco com minha cara graças a encrenqueira da Molly veio me desejar boa sorte e dizer quanto Roger era idiota por ter terminado comigo no momento em que mais precisei.

Pensar nisso, me faz relembrar de como não fiquei totalmente com raiva dele. Qual é, o cara tem total direito de escolher o melhor para si. E foi bem difícil. Acho que se meus tios e primos não fossem da minha família e me amassem o suficiente teriam me deixado de lado no primeiro chilique que dei após a primeira quimioterapia. Depois a depressão. Só merdas.

- Ninguém me atendeu – diz furioso – Então, lembrei de como gosta daquele lugar – comenta mais para si.

Mais uma vez faço aquela coisa com a cabeça.

- Você lembra-se do Via Láctea? – pergunto, espantada e curiosa.

- Claro – responde ofendido.

- Nunca achei que realmente desse ouvido para as coisas que digo – murmuro entristecida.

- Sinto muito por isso, filha – pede, realmente parecendo sincero e arrependido.

Não sei de onde surge tão rápida e grande raiva.

- Sente? Até quando isso vai durar? Uma semana, um mês depois da minha morte? – esbravejo. Jogando para si sua jaqueta – Steve, pare o carro!

Ele olha para o homem ao meu lado e continua.

- Eu disse: Pare o carro!

- Cale a boca, Sam! Eu sei que você tem todo o direito de estar brava comigo, mas chega. E pare de agir e falar como se fosse morrer. Michael está nos esperando em São Francisco e mandei buscar Charlotte no Texas – esbraveja, as bochechas vermelhas.

Imaginei que ela estivesse bem mais longe.

- Chegamos, senhor! – avisa Steve. Estamos a poucos metros de seu helicóptero.

- Eu não quero!

- O que você não quer?

- Passar por tudo isso de novo. Me sentir um lixo. Descontar a minha dor nos outros. Fazer eles sofrerem. Você pode não lembrar como a cadela raivosa que eu agia, mas eu sim. E para quê? Eu vou morrer de todo jeito – digo, as malditas assumindo o controle novamente.

- Como você pode saber? Você tem que lutar. Sei que não por mim, mas pelos seus primos, seus tios, seus amigos. Faça pelo garoto. Eu sei que o ama, e pelo que notei ele também – diz, secando minhas lágrimas.

- Notou?

- Pode não parecer, mas mantenho um olho em você, senhorita. Espero que esteja se protegendo. Você dorme mais na casa dele, do que na sua própria cama – sorri. Fico vermelha.

- Espera. Você não tem nada haver com o estágio na editora, não é? – pergunto para mudar de assunto, mas também por curiosidade.

Seu rosto diz culpado.

- Não exatamente. Tenho uns conhecido por lá, mas Tom disse que você só conseguiria se fosse capaz.

- Mesmo? – aperto os olhos.

- Mesmo! – sorrir.

Posso me acostumar com ele desse jeito.

- E não mude de assunto – aperta meu nariz.

- Sim, estou.

- Maravilha! Sou jovem demais para ser avó. Venha.

Agarro sua mão estendida. O medo surgindo a todo vapor.

                                                 Tyler

- Deixa!

Peter impede que Phill e John me segurem quando começo a bater com muita força o taco de beisebol no Impala estúpido da Sam. Ela realmente gosta dele. Clang! Clang! Clang!, destruí-lo é a coisa mais importante no momento. Porque infernos ela me abandonou? Será que me acha fraco o suficiente? Eu seria forte por nós dois se necessário. Porra! Ela não tem direito nenhum de tomar decisões por mim.

Clang! Clang! Clang!

- Tyler!

Ignoro Cindy no topo das escadas para o Via Láctea. Até mesmo Patrick está lá, os olhos arregalados. Completamente assustado. Do que adianta eu conseguir tirá-lo de trás do balcão se Sam não está aqui para ver que eu ganhei a nossa aposta do ano passado. Ele foi à diversão de nosso primeiro encontro. Clang!

- Agora chega – diz Peter tomando o taco de minhas mãos e empurrando-me em direção a picape de Phill. Obedeço.

Como uma marionete.

Entre meu melhor amigo e John – que por algum motivo se sentou atrás. Vai ver ele pense que eu vá me jogar do carro em movimento – agarro a garrafa de uísque barato que me compraram a caminho do Café no instante que Cindy me ligou falando sobre a Sam. Burro. Deveria imaginar que ela iria pra lá, mesmo que por poucos minutos. Aí sim eu teria alguma chance de fazê-la ficar e lutar ao seu lado. O líquido não desce queimando ou ardendo como o esperado. É como se eu estivesse tão anestesiado por dentro como me sinto por fora.

Têm o mesmo efeito que água. Então querendo apagar e sufocar a dor que toma cada pedaço de mim, que encobre todos os centímetros do meu coração. Aumento a quantidade de goles e tomo a uma velocidade impressionante.

- Pega leve, cara! – diz John.

Olhando para ele percebo que minha visão está desfocada. Passando a mão em meus olhos, elas se molham. Porra! Eu ainda estou chorando.

Então, vendo a Sam sozinha e assustada aos planto não dou a mínima se estou chorando feito uma garotinha no banco de trás do carro com meus amigos. Que se foda tudo.

- Foda-se!

Votem, por favorzinho ☺️

Mais Que Amigos {Finalizada}🚫16 Onde histórias criam vida. Descubra agora