Capítulo 26

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Na manhã seguinte acordo cedo, me visto e pego minhas coisas.

Acordei com vontade de tomar o café da padaria no final da rua, por isso saio de casa alguns minutos antes e com a barriga roncando.

Ao sair do prédio me deparo com Cameron deitado no chão, dormindo.

— Meu Deus, ele realmente passou a noite aqui! — Sussurro, admirada.

— Eu disse que passaria. — Ele diz e eu me assusto.

Cameron se levanta e esfrega o rosto, seus olhos pesados e sua aparência abarrotada e cansada.

— Você é louco, Cameron. Não pode passar a noite dormindo ao ar livre e no chão, vai ficar doente.

Por mais que os dias sejam agradáveis, as noites podem ser bem geladas e passar tantas horas no relento não pode ser bom.

— Fico feliz em saber que se preocupa. — Ele diz com um sorrisinho.

— Claro que eu me preocupo, não importa o que aconteceu entre nós, não quero que você morra, idiota! — Digo e caminho para longe.

— Espera! Eu passei a noite no chão frio, será que isso não amoleceu um pouco seu coração? Me dê meia hora. — Ele diz, me acompanhando enquanto ando até o final do quarteirão.

Paro em frente da padaria e viro-me para Cameron.

— Por que você não simplesmente desiste e vai embora? Volte para Las Vegas ou para onde quer que seja sua casa agora.

— Eu só quero falar com você, tentar te fazer entender o meu lado. Eu sei, eu sei, eu sou o errado dessa história, mas preciso que você saiba como foi para mim.

Olho para seu rosto, seu lindo rosto. Seus olhos, suas sobrancelhas grossas, seu nariz perfeito, sua boca. Eu já beijei tanto essa boca, ela é tão macia, tão deliciosa.

Foco, Nina, foco!

— Se eu disser que não você vai continuar plantado na frente do meu prédio, não é?

— Vou sim.

Suspiro e puxo a porta de vidro da padaria.

— Vamos acabar logo com isso.

Sentamos em uma mesa pequena encostada em uma parede laranja, pedimos um café e um bolinho para cada um.

— Muito bem, o que tanto você tem para falar? — Pergunto depois de tomar um gole da minha bebida.

— Eu queria te fazer ver o meu ponto de vista daquele dia. Eu sei que nada justifica o que eu fiz com você, mas gostaria que você tentasse entender o meu lado.

— Não prometo nada, mas posso tentar. — Digo por fim.

— É o suficiente para mim. — Ele me dá um sorriso fraco e vejo um brilho triste tomar conta dos seus olhos.

Cameron dá um longo gole no seu café e limpa a garganta antes de começar.

— Eu estava chateado por estar demorando tanto para conseguir um emprego, estava me sentindo um inútil como meu pai gostava tanto de me chamar. Estava de saco cheio e decidi voltar para casa, achava que você estava na escola. Fui até a cozinha querendo uma cerveja e foi quando eu ouvi vocês duas...

"Esse sentimento é uma merda. Odeio pensar que talvez meu pai esteja certo sobre mim, que talvez eu seja um vagabundo inútil que não serve para nada.

Talvez se eu tivesse ido para a faculdade conseguiria um emprego. Esses idiotas parecem que só se importam com experiência e com um maldito diploma!

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