Capítulo 15

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Olivia de Castro

— Então Valentina, vai ser surpresa para Karina. Ela não pode saber e nem ninguém. Só eu, você e o Bê — expliquei para minha irmãzinha que estava vestida de bailarina.

— Valentina não conta, Olívia — fizemos a promessa de dedinhos. — Pinky Swear.

Me arrumei e encontrei com minha irmã no centro para fazermos a prova dos vestidos. Faltava apenas uma semana e o cabelo roxo ainda estava lá firme e forte, mais vivo do que eu.

Durante toda a semana não vi Bernardo, apenas trocamos algumas mensagens e ele me chamou para sair depois da prova. Não neguei, claro. Eu queria saber onde iríamos já que ele declarou ser surpresa.

Karina estava comendo cookies que eu havia feito com gordura extra. Mesmo reclamando que estava inchada, ainda comia aquilo em grandes quantidades. Se ela comesse um prato de macarrão engordaria menos, eu acho. Fora a alergia que parecia que não passava nunca independente do remédio que tomava ou dos cremes caríssimos que a dermatologista tinha passado.

A culpa era minha? Não. Eu não tenho culpa de ser viciada em doce ou de usar as coisas dos outros sem pedir e ter uma reação alérgica.

Quando ela tirou o vestido da capa no meio do ateliê, eu quis chorar. Era tão lindo para a catástrofe que nem sei.

Era branco, mangas de renda e abusava de um decote nas costas. Ombro a ombro, o vestido era bordado em pedrarias delicadas com a saia não muito volumosa. Devo acrescentar que ela parecia uma princesa.

— Moça, você pode me ajudar a fechar? — perguntou uma das atendentes do ateliê e eu concordei.

Quando cheguei atrás da minha irmã, a atendente tinha uma cara nada boa. Olhei para o vestido e faltava um palmo para que o zíper pudesse encostar.

— Você engordou, Karina? — olhei-a atrás do espelho.

— Não, eu... Por que?

— Acho que erramos na medida — respondeu a moça sem graça.

— Acho que você está comendo um prato de carboidratos em todas suas refeições, pois o vestido não vai fechar — declarei, colocando as mãos em seus ombros.

— O QUÊ? — ela gritou, ficando de costas para o espelho. — Não, não, não! É tudo culpa daqueles seus doces malditos!

— Ei! Não fale assim dos meus dotes culinários! — reclamei através do espelho. — Eu faço para Valentina e você está devorando tudo antes que ela coma! Agora falta mais de um palmo para que seu vestido feche.

— Meu Deus, o que eu faço? — ela arregalou os olhos.

— Não entendo de dieta — disse voltando para o banco de antes. — E moça, solte o vestido.

— Não, não solte!

— Kari, desculpa, mas você não vai conseguir emagrecer muito...

— Solte pouco, moça — ela concordou chorosa. — E enfim, ela virá buscar na quinta-feira.

Nos despedimos e como estava perto da construtora que Bernardo trabalha, resolvi ficar por ali mesmo. Minhas roupas estavam boas o suficiente para sair com ele, eu acho.

Entrei no espaço e dei de cara com uma recepcionista baixinha sorridente.

— Por favor, gostaria de falar com Bernardo Campos.

— Ele está na sala dele que fica no segundo andar, vou avisar que está aqui, como se chama?

— Ah, será que eu posso entrar direto? Quero fazer uma surpresa.

Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora