° Capítulo 5 °

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Já se passaram quase dois meses da minha chegada aqui no morro e tudo está em perfeita ordem, as ONG's já estão prontas com uma diversidade de 10 cursos para as crianças e adolescentes, algumas pessoas do morro vieram pedir emprego pra mim, pois a comida estava faltando em casa, alguns coloquei em limpeza das ONG's outros em algumas posições, mas nada de dinheiro sujo, todos trabalhando certinho de carteira assinada. 

   Após aquele episódio do tiro na minha perna, coloquei o plano em ação, vamos começar no Vidigal, uma pequena invasão só pra dar um susto neles, até a polícia entrou nessa com a gente, porque o Vidigal está dando dor de cabeça. Minha tropa vai estar toda de azul com o brasão do Rio de Janeiro, nas costas.

Passei o dia todo na boca resolvendo pendências quando o Bruno chega entrando com tudo. Quando ele faz isso sei que deu ruim em alguma coisa.

- Desembucha Bruno, que merda aconteceu?

- As drogas, perdemos o controle e não sabemos para onde ela foi patroa. Os mano que tava  trazendo a carga sumiram também .

- É o verdadeiro inferno, bora atrás então, tá esperando o que? Bom que o sangue ferve até a invasão do Vidigial acontecer.

- Melhor não patroa, a gente não sabe quem matou seus pais e aqui no morro tá rolando uns B.O que eu tentando não tem envolver pô. Mas tem uns X9 que acha que tá passando despercebido, então deixa essa carga pra lá, se ela não chegar até amanhã, nós vamos atrás, demorô

Odeio quando as coisas saem do meu controle, tenho um ódio enorme disso. Saio da minha sala batendo a porta com tudo, vou pra casa e tomo um banho frio pra ver se acalma, mas o ódio só aumenta. Coloquei segurança na minha casa 24h por dia, mas parece que isso não impediu alguém de entrar aqui e deixar um bilhete em cima da minha cama que eu só fui perceber agora.

"Estou querendo te ver da mesma forma que vi seus pais.... Quer dizer, nossos pais. Você vai ter uma surpresa quando me encontrar, estou mais perto do que você imagina. 
Carinhosamente, sua irmazinha"

Ah pronto, esse povo tá de brincadeira com a minha cara, ainda bem que meus pais só tiveram eu de filha. Jogo o bilhete fora e visto um short e uma regata, calço minha rasteirinha e volto pra boca.

As patricinhas do baile, sobem aqui quase todo dia, viraram minhas amigas de verdade, lógico que ainda confio desconfiando, mas a amizade tá só crescendo. A Pamella e a Stefani já meteram o louco pra cima das minhas meninas, lógico que não deixei barato e fui atrás, dei so um recado e parece que elas entenderam.

Muitas casas já estavam ficando prontas, contratei pedreiros para cada região do complexo, para as obras irem mais de pressa. Entrei na minha sala e o ódio me consumiu, me lembrei da carga que sumiu, nem percebi que o PH estava ali me esperando e logo soltou uma piadinha que me fez até a barriga doer.

- É sério patroa, porque tu não namora pô? Vários caras atrás de ti e tu não dá confiança pra nenhum que se aproxima.

- Olha bem pra minha cara e vê se eu sou do tipo que namora, PH. Eu voltei para o Brasil foi pra assumir um morro e vingar a morte dos meus pais, não pra namorar ou ficar com qualquer carinha. Ele tem que ser de responsa e me tratar bem e aqui no morro tá em falta. 

Assim que terminei de falar ouvimos barulhos de tiro e de gritos, se for a polícia invadindo o trem vai ficar feio, porque o combinado era deles não entrarem aqui. A não ser que alguém tenha pagado caro para eles fazerem isso. Peguei minha fuzil.40 que fica embaixo da minha mesa e coloquei o colete, sai em disparada atrás dos meninos que me cercavam para nenhum tiro me atingir. 

Foram longos minutos de troca de tiros, perdi a noção do tempo, ninguém morreu, mas ficaram alguns feridos, parecia que a polícia só queria despistar a gente, corri para a minha sala e gritei de ódio, foi tudo um plano armado.

- BRUNO

- O que foi patroa? Ta rolando o que?

- Alguém entrou na minha sala durante a troca de tiros e pegou os papéis em cima da minha mesa, entre eles estava o plano de invasão ao Vidigal. Tem um X9 entre a gente, confio em você. Pode trazer direto para a minha sala que dessa vez quem vai interrogar vai ser eu.


Acordei no outro dia com o sol rachando, o corpo todo suado e uma dor de cabeça inexplicável, será que fiz merda ontem quando fui para a casa da Ari a noite? Só lembro da gente beber até quase amanhecer. Faço minha higiene matinal, tomo banho e visto uma roupa de ficar em casa mesmo, hoje é domingo então não vou pra boca. Eu me dou folga também. 
Desço as escadas com o som da campainha tocando incansavelmente, quando abro a porta dou de cara com a pessoa que eu nunca mais achei que ia ver na vida, ele está acabado, todo machucado e muito magro.

-LK? É você mesmo, caramba, entra. Você tá acabado.



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Com amor, Bella!

Ágata (Completo)Where stories live. Discover now