Capítulo 1

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+Manhã de segunda- Feira, 05:45+

"Endy....minha princesa...a mamãe te ama...eu estou aqui com você...e eu sempre estarei aqui com você"
"Mamãe..... mamãe.....me leve com você...."

Sinto meu corpo gelado, e todos os pêlos do meu corpo ficam eriçados, abro os olhos tossindo, minha visão embaçada pelas remelas e pela água vai se estabilizando, olho para os lados, percebendo que tinha sido acordada por um balde de água fria.

"Acorda sua inútil preguiçosa"

Ouvi a voz estridente da minha madrasta, que saiu do quarto batendo a porta, suspiro me levantando e vou para o banheiro; meu corpo dolorido e com marcas roxas, entregava minha dolorida noite passada, na qual minha madrasta me bateu á cintadas, por um mísero copo de vidro...eu não tinha culpa por ter derrubado o copo que estava em cima da mesa..mas isso nunca foi uma desculpa...na cabeça dela, toda desgraça que acontecia em sua vida, era minha culpa, e maldito foi o dia em que meu pai deixou minha guarda em suas mãos.
Toquei meu corpo gelado e arrepiado, e mordi o lábio fortemente, sentindo o gosto ferroso tocar minha língua...aqueles machucados doíam!
Entrei no chuveiro e deixei a água gelada cair por cima dos meus cabelos, devia ser pelo menos uns 2 graus lá fora...mas não tinhamos água quente nos encanamentos a vários dias, e eu tinha que me contentar com aquilo. Minhas roupas não eram bonitas, muito menos quentes, então vestir umas 4 calças uma por cima da outra, e pelo menos umas 5 blusas era normal pra mim; saí do quarto com minha mochila que tinha ganhado da escola... não era tão bonita, mas se eu fosse depender da minha madrasta para me comprar uma nova...eu teria que levar tudo nos braços, afinal, o dinheiro que ganhavamos da assistência social, era apenas para comprar comida e tabaco.
Você deve estar se perguntando, por que tínhamos auxílio da assistência social...bom, eu tenho uma filha de 3 anos...e não é uma filha desejada... ela era filha do meu próprio pai...sim...do meu próprio pai, e eu não tenho nenhum orgulho de falar isso!
É um assunto muito complicado, afinal, não é fácil falar que fui abusada por alguém que eu confiava, quando tinha apenas 12 anos...

"Onde pensa que vai?"

"...pra escola"

"Pss....escola....como se escola servisse para alguma coisa.... você deveria ficar em casa limpando tudo...quem sabe arrumar a porra de um trabalho....garota imprestável....vai, some da minha frente, antes que eu te encha de chutes sua vagabunda"

Não respondo...apenas abro a porta do apartamento e vou para a escola. Não vou mentir...eu odiava aquele lugar, além de sofrer em casa, também sofria naquele inferno...eu odiava as pessoas que estudavam lá...era um sentimento mútuo, afinal, eu também era odiada por todos, até pelos professores; levar puxões de cabelo, ser empurrada no corredor, e ser suja por comida, era parte do meu cotidiano, já não ficava surpresa com as ações daqueles idiotas.

Xingamentos como "vaca" "puta" "vagabunda" e "baleia gorda" era as primeiras coisas que eu ouvia quando chegava na 'GOOD HIGH SCHOOL'....pss...de bom, aquela merda só tinha o nome.

Meu Céu NubladoWhere stories live. Discover now