A Seleção de Sebastian

Epílogo

- És especial - ele afirmou, colocando a minha mão sobre o seu coração.

- Conheces-me demasiado bem - desabafei entre beijos - Agora levanta-te e deixa-me orgulhosa.

Ele sorriu e sucumbiu às minhas 'ordens'. Entrou dentro da casa de banho, e quando me encontrei sozinha, dei por mim a sorrir que nem uma tola.

Coloquei a mão sobre a barriga, e não consegui evitar dar uma gargalhada. Estava tão feliz, e mal podia esperar para lhe contar.

Quando finalmente tive coragem para me levantar, já Linda e Ellen me esperavam na casa de banho. Vesti-me de seguida no meu 'novo' quarto dos trapinhos, provavelmente dez vezes maior que o antigo, e depois de tomar o pequeno almoço subi para o meu escritório.

Nos últimos meses tinha estado a trabalhar na criação de mais bibliotecas por toda a Illéa, e claro, de as organizar financeiramente. Agora já não tinha tempo para escolher cada livro que para lá ia, mas o meu tempo de leitura ainda era sagrado: Uns quantos capítulos por noite, enquanto Sebastian não regressava das suas sessões de trabalho noturnas.

- Rose?

Desviei os olhos da carta que um diplomata me tinha enviado sobre a renovação de determinados livros para dar de caras com a minha pequena irmã, vestindo, como sempre, uma saia de tule volumosa e umas sabrinas rosa bebé.

- Sim, querida? - perguntei calorosamente.

- Aprendi uma nova música no piano. Queres ouvir? O meu professor disse que à tempos existiu uma rainha que tocava esta música lindamente.

Sorri perante a menção da Rainha America. Seb contou-me tudo sobre os seus avós num serão à lareira, e não deixei de reparar no quanto a sua história se assemelhava à nossa.

- Claro, vamos lá ouvir isso.

Mel pegou na minha mão e levou-me à sala de música, saltitando por entre os corredores.

- Ainda não está perfeita! - ela advertiu com modéstia, assim que se sentou ao piano, mas incentivei-a a começar.

Uma melodia espantosa percorreu cada parte do meu corpo, e fiquei surpreendida por ter saído de umas mãos tão pequenas e inocentes, mas ao mesmo tempo tão maduras.

Sem conseguir evitar, dei por mim a dançar, mas logo depois me lembrei de que era a Rainha e que alguém podia passar por ali. Ainda estava a aprender o meu cargo, e com o tempo, chegaria lá.

- Wow, Mel, está fantástica! Mas tens de continuar a praticar se queres ser tão boa como a Rainha America.

- Eu sei, eu sei. Vá, agora já te podes ir embora - ela sorriu maliciosamente.

Que criança tão... Nem tinha palavras para descrever a minha irmã.

Corri para o escritório pronta para me dedicar ao trabalho, e assim que me sentei, deixei-me absorver por um dos projectos que mais me cativava. As horas passaram rapidamente, prova de que gostava realmente daquilo que estava a fazer. Era realmente um alívio saber que não era assim tão má governadora. Podia dar alguns erros, mas pelo menos dedicava o meu tempo e coração às tarefas. Muitas vezes ficava perdida, mas com a ajuda de inúmeras pessoas experientes conseguia cumprir as minhas funções, e quando estava em baixo... Bem, Sebastian conseguia animar-me de inúmeras formas. Não estávamos sempre juntos, mas era esse facto que mantinha o nosso desejo e a nossa paixão intacta. E na noite de hoje, mais do que em todas as outras, sabia que por muitas dificuldades que passassem pelo nosso caminho, existiria sempre algo que nos uniria para o resto das nossas vidas.

Ao lembrar-me da 'surpresa', o meu estômago deu uma volta, ainda ele próprio incapaz de acreditar. Sentia os nervos à flor da pele e estava mortinha para lhe contar, mas sabia que tinha de ser num lugar especial.