Cap. 2 - A mensagem

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Katharine e Tiffany estavam voltando do Colégio rindo da situação que passaram horas atrás. A menina quase esmagou sua amiga no chão porque achou que em fração de segundos toda a sua paixão por Stevan seria relevada, ridicularizando totalmente Katy em Praça pública! Não que ela não queira que Stevan soubesse de tal sentimento, mas a avó de Katy sempre a dizia que para um relacionamento dar certo a primeira impressão (pseudo o primeiro beijos/ as primeiras palavras de amor) são as que valem. Imagine só! Se as primeiras confissões dela fosse sua amiga intromedida chegar nele dizendo "Oi Stevan, então a minha amiga aqui ta afim de te dar uns pega, e ai vai rolar?", depois disso um suicídio para Katy seria a única opção válida.
Mas, no final das contas, Any só queria informações sobre a aula de violino que estava acontecendo no Colégio...
A aula que Katy mais amava, não so por ser de violino, mas porque era a única aula que Stevan participava com ela, já que o cara estava um ano adiantado dela todas as aulas de outras matérias eram distintas. Stevan não era um dos melhores nessa matéria, ele fazia mais o tipo Slash, Katy ficará feliz porque era a melhor aluna da classe e tocava Violino desde muito nova o que fazia a professora pedir pra ela ajudar os demais quando tinham alguma dúvida, ou seja, ajudar Stevan! Já que o mesmo sempre tinha dificuldade até de segurar o instrumento.

- Any, você ainda me paga! - As meninas continuavam rindo da situação embaraçosa - Você viu como ele é perfeito? Esse cara ainda vai ser pai dos meus pivetes!
Any não conseguia dizer uma palavra desde que saíram da escola, estava em uma crise de risos a tanto tempo que poderia explodir ou cair dura a qualquer momento.
- Cara, você tem que parar de ouvir essas músicas de marginal! - Any juntou fôlego e finalmente conseguiu dizer - É aqui que a gente se separa morzao, até amanhã!
As duas meninas se abraçaram para se despedir, quando já estavam a alguns passos de distância Katy virou para a amiga e gritou:
- EU SOU BEM PIOR DO QUE VOCÊ TÁ VENDO!
Any olhou para trás também e retribuiu a frase continuando a música:
- LOIRA AQUI NÃO TEM DÓ, É 100% VENENO!
Seguida de um aceno Any seguiu seu caminho.
Katy fazia a maior parte do trajeto pra casa sozinha já que sua amiga virava a esquina para pegar o ônibus.
Katy olhou para o céu com dificuldade, seus olhos pretos pareciam castanhos com toda essa luz e ela imaginou que quando chegasse em casa seu rosto estaria mais manchado que antes de sardas por causa do sol, mas lembrou que em tempos assim sua amiga Tiffany, por ser muito pálida, ficava vermelha como um tomate, era uma lembrança engraçada, o que fez Katy esquecer das manchas no rosto por alguns segundos. O sol estava brilhando no céu e a sensação térmica era entre Verão do Rio de Janeiro e A Quinta Camada do Inferno, Katy pegou um elástico e prendeu seus cabelos ruivos em um coque que não ficou totalmente preso ja que o cabelo dela era na altura do ombro. Colocando alguns fios rebeldes atrás da orelha ela seguiu seu caminho pra casa imaginando se a sua avó teria feito o almoço dessa vez.
A felicidade de Katy normalmente só durava quando estava com os seus amigos, quando ela se pegava sozinha não conseguia escapar dos piores pensamentos.
Quando estava sem companhia, Katy pensava no futuro e no que pode acontecer, ela pensava no passado e no que poderia ter acontecido o que consequentemente a faz pensar no presente e no que pode estar acontecendo.
Katy só conseguia imaginar que se tomasse decisão X vai acontecer consequências Y. Se fizer "isso" vai acontecer "aquilo" ou vice versa, e se não fizer nada vai acontecer algo completamente diferente. Ela se sentia presa nos seus pensamentos e sem saída, não sabia como agir em momentos assim, nem no que falar, ou como se acalmar.
Katy achou que acelerando o passo chegaria logo em casa e esses pensamentos sumiriam da sua cabeça assim que visse sua avó, ela iria distraí-lá com uma de suas histórias amorosas do passado.

- Isso... eu so preciso chegar logo em casa.
Um passo de cada vez e logo logo estarei lá.
Foque nos seus pés...
Um de cada vez.
Não pense...
Não pense.
Olhe para baixo e tente não pensar em nada.
Não pense, sua estúpida! - Katy já estava com lágrimas nos olhos e tão atordoada que não perceberá que já chegou em sua rua. Andando rapidamente e olhando para os pés, ela só parou quando percebeu que pisava em ladrilhos deformados e coloridos colocados cuidadosamente na calçada da rua pelo seu avô, anos atrás. Finalmente Katy chegou em sua casa.

Katy morava apenas com a sua avó. Seu avô faleceu ano passado e qualquer lembrança dele ainda a deixava cabisbaixa, ela gostava de lembrar apenas dos momentos felizes que viveu com ele, como quando eles dançaram forró na véspera de Natal de 2011, ou das histórias de terror que ele sempre contava sobre o sítio em que ele morava.
A mãe de Katy teve um câncer terminal quando ela ainda era muito jovem... Katy tem poucas lembranças dela, mas sua avó diz que suas personalidades são parecidas.
O pai de Katy, bom, ela não conhecia seu pai. E pelas histórias que sua avó contará dele, ela também não pretendia conhecer.

Rosa, a avó de Katy, estava na cozinha fazendo algo no fogão que cheirava maravilhosamente bem, Katy a abraçou e disse uma "Olá" tão baixo que poderia ser confundido com um simples sussurro. Ela pegou uma maçã verde na geladeira e seguiu o corredor escuro para o seu quarto, já tirando o tênis com os próprios pés e a calça com a mão esquerda ela pegou o celular em sua bolsa preta de couro e se jogou na cama em um baque.
Katy ficou brincando com o seu chaveiro de caveira que brilhava no escuro enquanto lia as mensagens.
- Nenhuma mensagem importante... - Pensou Katy, quando viu algo que a fez gelar. Ela precisou piscar os olhos várias vezes para acreditar que aquilo era real, não podia ser real!
Katy largou o celular e se recusou a responder.
Pegou uma toalha e se dirigiu ao banho com um estranho sorriso bobo e inesperado estampado em seu rosto.

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