Nós fomos caminhando até uma mesa onde ocupamos o lugar aguardando o cardápio. O restaurante era bem climatizado e bonito, era o frango de ouro, havia uma decoração rústica e contava com um jardim de inverno imenso.

O garçom trouxe o cardápio e Bruno fez o pedido. Arroz com passas, arroz branco, frango com queijo, picanha, vinagrete, farofa e o suco natural. Odiava Bruno querer que eu me alimente como uma criança.

─ Gosto de almoçar com você ─ ele diz após fazer o pedido. Eu pego meu celular desbloqueando e o deixo em cima da mesa fixando meus olhos em Bruno. ─ Antes eu me sentia tão só, sei lá, mas agora não mais.

Coloco minha mão sobre a sua e ele beija levemente meus dedos.

─ Ainda dói? ─ indaga após limpar a garganta.

─ Não ─ abro um sorriso malicioso. ─ Já estou pronta pra mais uma.

Vou me inclinando pra o beijar mas ele meio que vira o rosto e beijo sua bochecha.

─ As pessoas estão olhando ─ ele sussurra mordendo discretamente minha orelha.

─ Você liga pra elas? ─ me afasto e volto a encarar seus olhos cor de mel brilhantes, ele me encara por um tempo e trinca a mandíbula. Se aproxima de mim, beija meus lábios levemente e encosta sua testa na minha.

─ Que se foda ─ ele sussurra e beijo a ponta do seu nariz.

Ele mexe em seu celular com uma mão em minha coxa, analiso o quão belo Bruno é, ele tinha porte de empresário, os cabelos bem cortados caiam em sua testa e lhe deixavam mais lindo ainda.

Tiro meus olhos dele assim que meu celular vibra, era Ricardo. Abro um sorriso e vou o responder.

─ Tá falando com quem rindo assim? ─ ele pergunta e tomo um susto guardando o celular.

─ Ninguém ─ dou de ombros.

─ Posso ver?

─ Óbvio que não, são meus amigos.

Nesse momento o garçom chega com nosso pedido e nos serve. Não queria que Bruno visse que estava conversando com Ricardo porque eu já sabia que ele iria falar. E falar muito. Mas não ligava, gostava de Ricardo, ele era legal.

─ Então por que não mostra?

─ Porque não quero.

─ Eu sei com quem é... Só te digo uma coisa: tu sabe com quem fala e se relaciona.

─ Sei muito bem, não preciso de ninguém julgando os outros. Às vezes é só raivinha, intriga, inveja.

Bruno larga o talher e me olha meio incrédulo.

─ Olha bem o que você está falando, se eu digo isso é pro seu bem, você não é mais nenhuma criança, sabe o certo e o errado, se seu primo pediu pra se afastar é porque algo bom não é ─ retruca cortando o frango e comendo, também me sirvo calada.

Almoçamos em silêncio, quando terminamos fui no banheiro fazer xixi e lavar as mãos e Bruno pagar a conta. Também seguimos pro carro em silêncio. Mas quando já estávamos perto de casa ele começou.

─ Não quero mais que fale com ele.

─ Ele é meu amigo! Eu posso pedir pra não falar mais com Vivian que você vai parar? ─ retruco de forma alta.

─ Uma coisa é diferente da outra, Lara. Ricardo quer seu mal, Vivian nem se quer fala direito comigo ─ ele diz segurando o volante com força.

─ Nada a ver, Ricardo nunca me fez mal, nunca me tocou sequer.

─ Ainda ─ acrescentou ele. ─ Quer saber? Isso não vai dar certo, eu já sabia disso mas insisti.

Aquelas palavras dele me atingem como uma bala, sinto meu coração doer e um misto de raiva e decepção se misturarem dentro de mim. Eu respiro fundo e seguro o choro, mas não funciona.

As lágrimas escorrem por meu rosto e pingam por minha bochecha, mas meu cabelo esconde meu pranto de Bruno. Ele estaciona na entrada do prédio, eu abro a porta com tudo e saio, mas antes de fechar bruscamente a porta eu procuro ar nos pulmões, encaro Bruno nos olhos e disparo como uma bala:

─ É! Talvez isso não dê certo mesmo... sabe por quê? Eu estou completamente apaixonada por você, Bruno! ─ ele me olha sem expressão alguma e bem sério. Mas não diz nada, isso é como uma facada em mim. ─ Não vai dizer nada? Ótimo! Já esperava isso de você.

Fecho a porta com tudo e vou entrando na recepção e enxugando minhas lágrimas com o casaco da escola. Sinto raiva, muita raiva, por que amar dói tanto?

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now