Capitulo 2 - Parte I I: Contrato

353 60 104
                                    



Bruno

Sou jovem e tenho direito de errar, eu sei. Com muito custo consegui entrar na Universidade para cursar Engenharia, curso caro que não conseguia manter. Para bancar meus estudos decidi vender drogas na Universidade e foi aí que minha vida começou a desandar. Por mais que eu vendesse, nunca conseguia quitar minhas dívidas, pois jogava e perdia.

No sexto período, conheci uma garota meio nerd em uma festinha e começamos a ficar. Encontrava nela uma pureza e uma calma que me encantavam. Ela ainda era virgem e eu sabia disso pelo jeito dela... Foi muito fácil me aproximar e tomá-la para mim. Ela era tão inexperiente e se entregou totalmente aos meus carinhos e atenção. Começamos a ficar cada vez mais juntos.

Depois de um tempo decidimos morar junto e foi aí que ela percebeu que tinha algo estranho comigo. Ela me pressionou até que eu revelasse o que acontecia e eu acabei contando tudo. Foi bom desabafar, mas tinha medo que algo acontecesse com ela. Sentia um carinho especial por ela por ter me escolhido como o seu primeiro no sexo, mas saía com outras mulheres que me satisfaziam muito mais. Às vezes, nem voltava pra casa e às vezes a obrigava a vender drogas para mim. Ela terminou o curso e se formou continuando ao meu lado a me apoiar. Eu resolvi abandonar o curso e continuei a traficar drogas cada vez mais pesadas. Por isso comecei a deixar a Maria Clara cada vez mais sozinha em casa e não tinha muita paciência com ela, não.

Um dia, ela simplesmente resolveu que ia arrumar um emprego e eu senti que poderia perdê-la em breve. Mas eu sou lá homem de desistir do que é meu? De jeito nenhum, ela era minha e seria sempre assim, ainda mais agora que os caras estavam pressionando cada vez mais.

Maria Clara

Saio da empresa e sigo pelas ruas tentando pensar, o contrato pesa na minha bolsa e pede uma releitura. Sigo para um parque que eu sabia que tinha próximo dali, para acalmar meu coração e desnortear as ideias. Que homens são aqueles naquela empresa. Ando sem olhar e quase sou atropelada por uma bicicleta.

Tiro uma barra de cereais da bolsa, puxo o contrato, sento-me num banco e torno a ler. Parece que o Dr. José quer mesmo dar um jeito no filho. Era um contrato com regras rígidas e bem explícitas, nada de sexo... Com um Deus daqueles? Será possível? Melhor ler de novo antes de ir para casa!

Entrando em casa, deixo minha bolsa no sofá e fico estática observando que tudo está revirado, parece até que um furacão atravessou o apartamento. A porta estava entre aberta, tudo revirado na sala, garrafas de bebidas vazias, drogas pelo chão, copos sujos em todos os lugares, sutiã no corredor... Espera só um minuto que este sutiã não é meu e... Uma mulher dormindo na minha cama? Isso está demais! Grito por Bruno que sai do banheiro se secando com os olhos arregalados... Drogado! Nem adianta brigar com ele agora. Pego minha bolsa de novo e saio batendo a porta.

Depois de muitas horas andando, me sento numa cafeteria e faço um lanche, vou olhar meu celular e acabo pegando o contrato na bolsa. Num momento de puro desespero resolvo assinar o contrato sem pensar muito nas consequências.

Passo numa papelaria e compro um envelope onde coloco o contrato assinado. Fecho o envelope como se estivesse lacrando uma etapa da minha vida, volto a Empresa e deixo o envelope endereçado ao Dr. José com o segurança. Então está feito. Volto para casa.

Tudo arrumado e silencioso. Nem Bruno nem a mulher estão mais em casa.

Começo a arrumar as minhas coisas. Meu celular toca, e vejo o nome da empresa no visor, estranhando olho as horas... Mas já são oito da noite? Será que ele desistiu?

— Srta. Maria Clara? Desculpe ligar essa hora... É que acabo de receber seu envelope... Só para confirmar, vai aceitar o acordo?

— Sim, senhor. Está assinado e rubricado em todas as páginas.

— Então arrume suas coisas que amanhã pela manhã meu motorista passará aí na sua casa para buscá-la. Vamos esperá-la para um almoço em família onde será apresentada a todos.

— Mas e o Carlos Eduardo?

— Você receberá uma cópia do contrato assinado por ele amanhã, não se preocupe. Às 9 hs o motorista chegará aí para buscá-la, esteja pronta, sim?

— Eu... Aaaaaa... Tudo bem! Estarei pronta.

Arrumo tudo que acho importante para levar e finalmente vou tomar um banho para dormir. Nada do Bruno, nem uma ligação ou mensagem.

Da Mentira ao Amor - Série Amethyst - Livro 1 - EM PAUSAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora