• Capítulo 01 •

780 28 0
                                    

Sinto os lábios dele nos meus, e não resisto; me entrego completamente. Eu sabia que ele era meu vizinho, meu melhor amigo. Mas ali, naquele momento, eu não sabia mais nada.

O beijo foi intenso, coloquei a mão em seus cabelos e o puxei pra mais perto.

Era estranho, mas não um estranho ruim, como se eu não quisesse aquilo, mas sim um estranho bom, me fazendo só querer mais.

Quando o beijo acabou, ouvimos batidas na porta.
Henrique me olha e revira os olhos, e eu apenas sorrio com os lábios.

_ Fala. _ diz ele, com a cabeça pra fora do quarto.

_ Vamos curtir a festa mano! _ Ouvi alguém dizer. _ Tá todo mundo se divertindo lá embaixo! E vocês dois aí, se pegando.

_ Aff. Já vou, idiota. _ Henrique diz e olha pra mim. _ Vamos?

Descemos as escadas e fomos pra cozinha, onde havia o maior número de pessoas.

_ Quer um? _ Henrique perguntou, apontando para as bebidas.

Eu nunca fui de beber. E nunca quis também. Claro, as vezes eu tinha curiosidade, mas não deve ser tão bom assim.
Mas chegou uma época, quando eu tinha uns... 13 anos.
Meu pai havia ido para uma festa com minha mãe, meu pai estava bêbado, e minha mãe resolveu ir embora sem ele. Mas, nem no outro dia, e nem em qualquer outro ele voltou.
Desde aí, minha mãe ficou em depressão, por um bom tempo, na verdade. Mas isso tinha que passar, pois ela tinha três filhos: uma de 11, eu de 13 e meu irmão, que tinha 16. Ela tinha que cuidar dos filhos. Minha tia, que já era bem próxima, foi morar conosco, até aí minha mãe já tinha dado uma melhora. Alguns meses depois, ela falou que não podia mais, e se mudou para uma outra cidade, hoje ela tem um emprego, uma outra casa, e se bobear, uma outra família. Eu odiava ter que lembrar disso.

_ Não. _ falei. Mas minha voz saiu um pouco mais grossa do que eu gostaria. _ Obrigada.

Ele deu de ombros e colocou tequila no seu copo.

Olhei em volta e todos bebiam, Henrique tinha organizado a maior festa, pista de dança, muitas comidas e havia convidado muitas pessoas. Tipo muitas mesmo. Henrique era bastante popular no colégio.

_ Bora dançar, gata! _ ele diz, depois de um grande gole de tequila e me puxou pelo braço.

Fomos para a pista e começamos a dançar, a dançar muito! Quando peguei meu celular, vi que já eram quase três da manhã. Minha tia e meu irmão iriam me matar.

_ Henrique _ Chamei. _ Vou pra casa, ja tá ficando meio tarde!

_ Ah, que isso, Kat? _ falou me puxando pela cintura. _ Fica.

_ Eu tenho que ir. _ Falei no seu ouvido. _ Mas volto.

Meu melhor amigo, agora gostava de mim. Ele gosta de mim, mas não tenho certeza se sinto aquele friozinho na barriga. Aquela coisa que te faz pensar: " Ele é o menino certo! Estou tão apaixonada! "
Pra mim era simplesmente... um ficante.

Sorri e andei até em casa.

Abri a porta e acendi a luz, e me deparo com minha tia e meu irmãos de braços cruzados.

_ Aí gente, foi mal aí! _ falei, prevendo o sermão que iria ganhar.

_ Já viu que horas são, mocinha? _ minha tia falou, balançando o pé, como sempre fazia quando estava brava ou preocupada.

_ Tia, eu estava aqui do lado, não confiam em mim, não?

_ Nós confiamos em você. _ falou Pedro (meu irmão) vindo ao meu encontro. _ Só não queremos que você cometa o mesmo erro que nosso pai.

Ele me abraçou, e minha tia agora não estava mais tão irritada assim.

_ Tudo bem, crianças... _ ela adora nos chamar de crianças, mesmo sabendo a nossa idade. _ Hora de ir dormir.

Subi, tomei um banho e deitei, mesmo sem sono.

_ E aí _ falou Milla, entrando no meu quarto. _ O que que deu?

Milla é minha irmã mais nova, fofa, sonhadora e apaixonada. Às vezes completamente o contrário de mim.

_ E aí o que? Você ainda não dormiu?

_ Não. Estou sem sono.

Mas, as vezes em certos aspectos, somos totalmente parecidas.

_ O Henrique te beijou? _ ela perguntou de uma vez. Parecia que aquilo estava preso na garganta dela.

_ Que?! _ perguntei. Como ela sabia disso?

_ O Henrique. Vocês se beijaram? Porque já tava na hora né.

_ Como assim, já tava na hora?

_ Você ainda não percebeu? O jeito que ele te olha, como conversa...

_ Aí, Milla, nada ver!

Ela olhou bem pra mim.

_ Vocês se beijaram!!!

_ Não grita, sua louca!

_ Então é verdade! _ Ela disse, dessa vez um pouco mais baixo. _ Eu sabia!!

_ Tá. _ admiti. _ A gente se beijou, sim. Mas sei lá.. eu não gosto dele.

_ Nossa, você tem todo mundo aí pra você mas não quer ninguém! E eu aqui, ainda esperando!

_ Aí, Milla....

 • O Melhor Amigo Do Meu Vizinho • Where stories live. Discover now