Aquele em que as coisas começaram a dar certo.

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Fiquei uma semana confinado em meu quarto. Só saía para ir a aula. Josh sempre me chamava para alguma festa ou alguma coisa que me fizesse sair do quarto, mas eu nunca estava no clima. Estava cansado e minha cabeça repassava tudo o que eu havia falado com Alex em nossa última conversa. Era uma quinta-feira quando eu decidi entregar meu projeto para ser avaliado. Eu estava nervoso e nem um pouco confiante.

-Cara, você precisa acreditar em você ou ninguém mais vai fazer isso. – Josh dizia jogando uma bolinha pra cima. – Se nem você tem confiança de que seu projeto vale à pena, como acha que o professor vai achar?

-Eu sei, Josh. Eu só estou nervoso. Eu acho. Sei lá, nem é uma proposta tão difícil de se imaginar. Provavelmente alguém já chegou para ele com uma dessas.

-Talvez. – ele me olhou. – Ou talvez todos tenham pensado o mesmo que você e ninguém fez. Nunca se sabe. – ele deu de ombros.

-Vamos torcer.

-Vamos mesmo. Se tudo der certo, esse dormitório será todo meu em menos tempo do que imaginei. – ele riu.

-"Menos tempo que imaginou"? – eu disse rindo. – Você achou que eu fosse sair e deixar você à vontade aqui?

-Achei que iria largar tudo e ir correndo para a sua namorada. – ele sorriu travesso. – Achei de verdade. Eu já estava até pensando em te incentivar. A sua cama é mais confortável e seu lado do quarto é maior.

-Eu só não desisti por causa dela. Ela me fez prometer que iria concluir tudo. Mas não disse quanto tempo eu levaria. – eu pisquei. – Agora ela deve estar me odiando e pensando o que raios viu em mim.

-Acho que foi seu cabelo. – ele disse jocoso. – As mulheres curtem caras com cabelos grandes. Acho que é para poder conversarem sobre creme e shampoo. – ele riu e eu joguei uma bolinha de papel nele.

-Mas que porcaria de comentário machista. – nós rimos.

-É sério. – ele riu levantando as mãos. – Pelo menos a parte de que elas se amarram em caras de cabelos longos. Isso você não pode negar.

-Eu não vou falar nada que me comprometa. – eu disse e levantei. – Acho que vou tentar falar com Alex de novo.

-Cara, por que simplesmente não vai até lá? – ele disse em um tom meio cansado. – Se ela não está querendo aceitar a sua chamada, vá falar com ela pessoalmente.

-Ah, claro. Como não pensei nisso, não é? Simples. Eu vou pro México rapidinho e volto. – eu disse irônico. – Que ideia genial, Joshua.

-Para de ser um idiota e escuta minha ideia direito. – ele disse ofendido. – Se você conseguir a parada lá do projeto, você ganha uma semana de descanso. E uma semana é mais que o suficiente para você ir até lá e conversar com ela. Pessoalmente. – ele disse e eu parei pensativo. – Admite, não é uma ideia absurda. Eu sei que você está cogitando isso porque está morrendo de vontade de ver sua namorada e sua filha.

-Ela...

-Tá, tá. – ele rolou os olhos. – Negue o quanto quiser que aquela bebezinha não é sua filha.

-Cala a boca, Josh, eu estou pensando.

-Eu sei. Eu estou sentindo o cheiro de fumaça. – ele riu e levantou da cama, indo em direção a saída. – Vou dar uma volta. – ele olhou no relógio. – Você tem 5 minutos para pensar, cabeludo. O professor vai embora às 19h. – ele fechou a porta, mas voltou e colocou a cabeça para dentro. – Não pense tanto, além de queimar seus neurônios, vai encher o quarto de fumaça.

-Sai daqui! – eu gritei e ele saiu rindo. Eu tinha 5 minutos para pensar. Na verdade, eu pensei e decidi assim que ele havia dado a ideia. Peguei minha pasta onde tinha todas as propostas e ideias do meu projeto e fui correndo até a sala do professor que avaliaria meu projeto. Era o último dia de entrega. Atravessei o campus todo em três minutos e meio.

-Boa noite, professor. – eu disse, tentando não parecer tão ofegante.

-Boa noite, senhor Martínez. – ele disse me olhando por cima do óculos. – Em que posso ajudá-lo?

-Eu vim entregar minha proposta. – eu disse me aproximando um pouco incerto.

-Oh, certo. – ele sorriu fraco. Eu estendi a pasta e ele pegou. – Não parece tão pesado quanto o outro que recebi.

-Alguém já entregou?

-Já. Um aluno de Arquitetura. Acabou de sair daqui. – ele disse abrindo meu portfólio. – Parece ser algo simples, senhor Martínez.

-Sim. – eu disse cruzando os dedos das mãos. – Eu pensei que, se fosse algo simples, mas eficaz, fosse ainda mais possível de se aplicar à sociedade. – eu falei. Eu tinha acabado de chegar àquela conclusão, mas parecia ter funcionado.

-Entendo. – ele resmungou. – É uma ideia boa. – ele tornou a me olhar. – Eu vou avaliar ainda hoje. Terei uma reunião com o concelho daqui 3 minutos.

-Oh, certo.

-Provavelmente a resposta será publicada no portal ainda hoje. Até às 23h.

-Obrigado, professor. – eu estendi a mão e o cumprimentei. – Muito obrigado.

-Disponha. – ele sorriu e voltou à papelada.

Eu saí do escritório dele suando frio. Estava ainda mais nervoso. Talvez desse certo, talvez não. Fui para o quarto e, antes que eu pudesse perceber, eu já estava comprando passagens para o México.

-Calma, Kenan. Pode não dar certo. – eu falei sozinho. – Dane-se, pode ser que dê certo. – concluí a compra das passagens e pesquisei um hotel próximo aonde Alex estava morando. Peguei o endereço que eu tinha, que estava escrito em um dos envelopes com fotos de Julie que ela havia me mandado. Deitei na cama e acabei caindo no sono. Era a primeira vez em muito tempo que eu conseguia dormir antes das 5 da manhã. Acordei quase 23h e fiquei atualizando o portal onde sairia o resultado. Sei que pode ser algo bem ridículo, mas quem foi que nunca ficou apertando F5 infinitamente e várias vezes consecutivas para ver resultado de alguma coisa na internet? Já era 23h05 e eu tinha desistido de atualizar a página, quando Josh entrou no quarto como se estivesse fugindo de um exército na Guerra Fria.

-Você já viu?! – ele gritou.

-Você entrando como um doido no quarto? Sim. – eu disse meio bravo.

-Não, seu idiota! – ele voou em mim e colocou a tela do celular na minha cara. – Você ganhou, cara! – ele gritou no meu ouvido. – Você é um babaca de sorte! – ele riu e eu peguei o celular da mão dele. Era aquilo mesmo? Eu havia ganhado o projeto?

-NÃO BRINCA?! – eu gritei. – Josh, eu ganhei!

-Você ganhou! – ele riu e nós começamos a gritar e a jogar coisas para cima. – Pelo amor de Deus, diz pra mim que nós vamos comemorar isso.

-Mas é claro que vamos! – eu ri e dei um soquinho no braço dele. – Finalmente uma coisa para ser comemorada.

-Vamos bebeeeeeer!

-Não! Tá doido?! Eu não posso estar de ressaca amanhã. Eu vou precisar falar com o concelho bem cedo. Estava no edital. E alguém precisa estar consciente para conseguir voltar pra cá.

-Tudo bem, então... EU vou bebeeeer! – ele gritou e nós saímos rindo do quarto.

Recadinho rápido. Quem curte história de época, ou Once Upon A Time e fanfics, ou quem não gosta de nada disso, mas gosta de uma boa história, muito bem escrita, dê uma olhadinha em Traiçoeiro e Nosso Último Verão da LdyWhistledown. Sério, vale à pena.

Ah, outro recadinho rápido: Talvez eu atualize no final de semana. Bjjs :*

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