Capítulo II

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    Meu pai estacionou a combe da lavanderia em frente a uma Ferrari. Ele estacionou tão espontaneamente, que, quando freou, nos jogou para a frente. Meu pai se deu o trabalho de colocar um terno, uma gravata, um óculos de sol e os seus sapatos mais novos para parecer rico e chique.

    Eu estava quase tirando o cinto para sair, quando meu pai segurou meu braço e eu olhei pra ele, confusa. Ele olhava pra frente, e com um tom preocupado, mas ao mesmo tempo ansioso, disse:

    - Espere! - olhou para trás. - Espere um momento, senhorita. - ele tirou o cinto dele rapidamente e desceu da combe, e eu me acomodei no banco. Desceu do carro e foi até a porta do banco do passageiro e abriu-a para mim. Bufei, estressada, e desci da combe. Enquanto eu passava, ele ajeitou a posição e ficou ereto. Olhei para ele, com um olhar de o que é isso e coloquei a mochila nas costas.

    Virei para meu pai, me curvei, para cumprimentá-lo, e disse:

     - Tenho que ir.

    Ele voltou a sua posição normal, me observou por instantes e sorriu. Ainda deve estar orgulhoso de si mesmo, por ter conseguido me convencer de ir até essa escola estúpida.

    - Geum Jan Di, fighting!

    Para dar uma resposta, fiz o movimento do "fighting" com as mãos, com um sorriso falso sem dentes no rosto, tentando mostrar que estava feliz por estar lá. Mas todos sabiam que eu realmente não estava.

    Sussurrando, meu pai disse:

    - Pode ir agora. - e olhou para trás, por cima do capô da combe. Ele fechou a porta com tanta força, mas tanta força, que, acidentalmente, a combe começou a tocar sua música, para avisar que estava passando

    A música é só meu pai gritando com um pouco de ritmo a seguinte frase: Olha o carro da lavanderia passandooooo... Lavanderia Jan Diiiii... repetidamente.

    Com vergonha, olhei para os lados e depois para baixo, enquanto meu pai lutava para tentar fazer o musiquinha irritante parar. Mas não adiantava mais, já estava todo mundo olhando pra gente. Uma dupla de garotas ricas, e muito bonitas, passaram pela gente e começaram a rir. Virei de costas para meu pai, mostrando que estava de saída.

    Respirei fundo e fechei os olhos. Já devo ter passado uma má impressão pros estudantes que viram a combe com a música. Andei lentamente até as escadas de entrada.

    Pronto. Desde o segundo em que pisei no primeiro degrau, virei oficialmente uma aluna da Escola Shinhwa. A escola em que, duas semanas atrás, não importava nada pra mim, mas que agora, é aqui que vou ver quem eu serei no futuro.


    Estava escorada em um canto da escada observando com atenção o mapa da escola em um folheto, quando todo mundo que estava lá embaixo conversando começou a subir, e praticamente me atropelar. Olhei para todos eles, e decidi me juntar aos alunos. Afinal, agora eu era um deles. Olhei aquelas meninas lindas, cobertas por joias e com mochilas importadas, e senti um pouco de inveja. Fiz biquinho para mim mesma e continuei a subir junto com os alunos.

    Eu olhava desorientada para todos os lados, mas, depois, me concentrei em um trio de garotos que falavam sobre um tal de Gu Jun Pyo, e sobre como as roupas deles são estilosas e como seu cabelo é bem cuidado. Deve ser mais um dos populares de Shinhwa.

    Consegui sair do grupo de alunos e me vi em um pátio enorme, cheio de mais e mais alunos. Tirei o folheto do meu bolso, abri ele e estendi meus braços, deixando ele bem longo do meu rosto. Olhava pra ele, confusa, totalmente sem saber o que fazer. Apontava para alguns lugares de referência, dava voltas e voltas, mas nunca me achava.

Meninos Antes de FloresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora