Ela olha pela janela e vê uma escadaria que leva a grande porta de vidro de um prédio de seis andares coberto por vidros escuros e pintura clara nas paredes, então, pergunta:

— Aqui é a Miranda Produções?

— Este é o endereço que me passou. — responde virando-se para olhá-la nos olhos — É vinte e dois reais, senhora.

— Sim. Só um minuto.

A Simone abre a bolsa, pega o dinheiro, após entregá-lo ao motorista, sai do carro, então após fechar a porta permanece olhando para o prédio, enquanto o táxi se afasta. Percebe que o edifício ocupa todo o quarteirão e fala em voz alta, espantada:

— Como é grande! Aparentemente tem uma estrutura física enorme. — Após dar um longo suspiro, reflete "Mas deixa de ficar admirando e vai logo, Simone. Vai dar tudo certo!".

Ela sobe as escadas, cumprimenta um rapaz usando uniforme de vigilante parado à frente da porta, no seu crachá ela lê Gustavo D. dos Santos.

— Bom dia.

— Bom dia! — Ele responde admirando a Simone dos pés à cabeça — Em que posso ajudar?

— Vim para uma entrevista. — A ruiva mostra-lhe um sorriso meigo.

— Pode entrar e falar com a senhora da recepção. — murmura retribuindo o sorriso.

A Simone entra, na recepção vê uma senhora conversando com um rapaz muito bonito, bem-arrumado. Quando ela se aproxima, a recepcionista pergunta gentilmente:

— Em que posso ajudá-la?

— Vim para uma entrevista. — A Simone mostra um sorriso sutil.

A recepcionista é uma mulher que beira os quarenta anos, cabelo loiro curto, olhos castanhos escuros escondidos por óculos discretos, rosto de feições serenas, corpo um pouco obeso para a sua estatura baixa, vestindo um terninho de cor clara. A Simone lê no seu crachá o nome Beatriz G. Garcia. Depois olha para o rapaz, vê no seu crachá o nome Flávio M. Silva.

— A senhora é a primeira a chegar. — A Beatriz sorri, em seguida aponta para o sofá ao lado do elevador — Pode aguardar no sofá ali. Deseja uma água ou um café?

— Não. Muito obrigada! — A Simone senta-se no sofá — Mas é senhorita, por favor.

— Claro! Me desculpe. É o costume. — A Beatriz mostra-lhe um sorriso cordial.

O Flávio volta a conversar com a Beatriz num tom baixo, porém a Simone consegue ouvi-los.

— Que moça linda, Bia! Acho que me apaixonei!

— Xiu! É, também achei, Flávio. — olha para a Simone e sorri mais uma vez para ela, que retribui o sorriso, além de um leve aceno de cabeça.

— Ela veio fazer entrevista para quê?

— A dona Camila falou ontem que seriam entrevistados candidatos a vaga de vice-presidente de produção.

— E a Camila? — pergunta intrigado.

— Agora é a nossa presidente.

— Ah! Ok! Mas, de qualquer forma, acho que me apaixonei. — fala olhando para a Simone que disfarça o olhar, além de tentar disfarçar o sorriso comprimindo os lábios.

Depois de cinco minutos, chega o segundo candidato, um homem aparentando trinta e cinco anos, tão alto quanto um jogador de basquete, mulato, muito bem-vestido de terno e gravata, cabelo bem curto e arrumado, barba bem-feita.

O Despertar dos Sentidos [LIVRO 1]Where stories live. Discover now