Reporte de sessão I - Um clássico começo

245 14 13
                                    




— Ei, você! A gente precisa de mais bebida aqui!

Um halfling levantou a caneca, chamando a atenção do taverneiro, um homem grande e barrigudo que andava pelo salão com seu avental sujo de gordura. Ele foi até a mesa onde a pequena criatura se sentava, junto ao grupo mais peculiar que vira em um bom tempo naquela cidade.

Passara a noite tentando fingir que eles não estavam ali — expulsá-los não era uma boa ideia, eles tinham dinheiro e o estavam gastando, afinal.

Apanhou uma jarra de cerveja e foi na direção do halfling, que abaixou a caneca e se virou para o resto do grupo. No caminho até a mesa, o homem percebeu que os outros clientes não paravam de reparar naquele estranho e improvável agrupamento de raças diferentes. Ele apenas torcia para não ter problemas naquela noite...

Aqueles eram, na verdade, apenas mais um recém-formado grupo de aventureiros, que bebia despreocupadamente na taverna O Peregrino da Noite. O halfling que pedira a bebida era ninguém menos que Bolton Bolt, um nada conhecido cavaleiro com um metro de altura e pés enormes e peludos a mostra.

Apesar da pequena estatura, Sir. Bolt tinha o porte orgulhoso e imponente, tinha cabelos loiros anelados e olhos azuis. Entretanto, por mais peculiar que fosse, toda atenção era roubada por sua inseparável companheira: Meirelles, uma enorme Loba das Cavernas de pelagem cinzenta, que deitava preguiçosamente ao lado de sua cadeira.

— Estão todos olhando pra gente — sussurrou o jovem Aron Catmoon, ao lado de Bolton. Era um meio-elfo aquático, e ostentava uma brilhante pele esverdeada, emoldurada pelos longos cabelos negros, que mal escondia as orelhas pontudas.

— É claro, essa cidadezinha medíocre nunca viu nada — respondeu uma figura encapuzada, cruzando os braços sobre o peito.

Najla Gorgon estava acostumada a despertar, no mínimo, a curiosidade alheia. Sempre muito bem coberta por uma longa capa com capuz que pouco deixava à mostra. Mas isso, apesar de a fazer parecer suspeita, a deixava se passar por humana.

Para quebrar um pouco da anormalidade do grupo, ao seu lado estava Meia-Noite. O humano de nome engraçado era um feiticeiro cujos poderes baseavam-se no fogo. Ele tinha longos cabelos castanhos que caiam até o meio das costas, era magro e alto, e seus olhos eram tão negros e profundos quanto seu nome sugeria. Despreocupado, ele ria de maneira boba, tentando ser simpático, as bochechas rosadas pelo efeito da bebida.

Do outro lado de Najla estava a única pessoa que ela considerava verdadeiramente sua amiga: Mira Thaten. A jovem também se escondia, como Najla, sob um manto, e apenas as duas sabiam sobre a raça uma da outra.

As cinco estranhas figuras eram, então, uma visão no mínimo peculiar para quem olhava.

Estavam naquela cidade há menos de um dia, cansados e perdidos. A última batalha os esgotara até os ossos, não tinham certeza de onde vinham e muito menos para onde iriam. A única coisa que tinham consciência é de que estavam perto das Montanhas Uivantes.

Quando o taverneiro começou a servir a cerveja, Aron tirou a dúvida do grupo.

— Meu caro senhor, poderia nos informar em que cidade estamos? — perguntou o meio-elfo, com um sorriso simpático no rosto.

O taverneiro resmungou algo antes de responder.

— Thanagard.

— E onde exatamente se encontra esta linda Thanagard? Senhor... — disse Bolton, depois de tomar um gole da caneca agora cheia e usando toda a simpatia que podia.

Heróis ImprováveisNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ