Capítulo 6 - (Camile - Ícaro)

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Ainda estava difícil acompanhar as coisas já que tudo mudou rapidamente. Primeiro na hora de assinar Mamaodi me garantiu a integridade e anonimato dos meus filhos nisso tudo.

Fiquei mais tranquila com isso, não ia aceitar os ver sendo expostos de nenhuma forma até porque o trabalho era meu e não deles.

Também estava lá a parte, minha integridade a salvo, o que era também importante, vai saber se o tal afilhado não era um lunático violento.

Depois de tudo acertado com a papelada, veio a casa de falarmos da casa e Mamaodi não havia mentido.

Ela não comprou uma casa, apenas passou uma que já tinha para mim, mas não importava, a casa era realmente enorme, só fiquei meio naquela quando vi que era no Jardim Botânico.

Me senti estranha em ter uma casa em um bairro nobre, eu uma doméstica morando em bairro de patrão, de inicio me soou meio esquisito.

Meu subconsciente logo ralhou comigo e dei razão a ele. Era minha casa, estava em meu nome então danem-se os vizinhos que ficassem incomodados quando minha mudança chegasse e os meus móveis velhos e meus tapetes puídos fossem colocados para dentro.

O mais engraçado é que o ceticismo e a euforia toda hora me dominava.

Primeiro vinha aquela sensação que era mentira, que logo Mamaodi ia olhar para mim e dizer que havia mudado de ideia ou mesmo que pensou melhor e achou alguém de seu meio social que casaria com o afilhado gay.

Depois me vinha a alegria medonha só de imagina o futuro e o conforto de meus filhos.

Ainda assim aquele friozinho não me saia do estômago. E ficou ainda mais forte as ondas em minha barriga quando Mamaodi me deu as chaves da casa dizendo que eu podia mudar quando quisesse.

Imaginei mesmo que chegaria com minhas coisas velhas, mas não. Quando fui ver a casa, ela já era mobiliada.

Dei pulinhos de alegria tendo o olhar da Mamaodi feio para mim por conta do meu comportamento nada sútil. Não liguei, ainda não estava em serviço, pois começaria a trabalhar no dia seguinte. Seja lá que tipo de trabalho maluco ela me mandasse fazer.

Na hora de escolher a babá, não pensei em ninguém além de Sara que aceitou prontamente por causa do salário e também porque sempre gostou dos meus filhos.

Depois de tudo nessa parte resolvido, não perdemos tempo e nos mudamos naquela mesma noite.

Pedro ficou encantado em ter um quarto só dele, as gêmeas não paravam de gritar que tinham uma tevê só delas.

Quando entrei no meu quarto também não parei de gritar que tinha uma banheira só minha.

Quer dizer... Eu tinha uma banheira e isso que era o mais legal já que até então só havia lavado a banheira dos outros.

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Ícaro

Ultimamente estava evitando qualquer telefonema com receio de que fosse algum repórter.

Tinha a sensação estranha de estar sendo perseguido e que logo seria abordado com perguntas sobre o maldito casamento.

Quando me separei não me deixaram em paz com o tanto de perguntas e desde então pararam de me atormentar tanto visto que eu nunca respondia as perguntas.

Passaram a perseguir Bia que amava aparecer, por sorte a noticia ficou batida e diminuíram a perseguição depois de um tempo.

Mas foi o inferno na terra. A notícia circulou por vários dias nas colunas sociais com vários buchichos sobre o motivo do rompimento.

Que eu era um corno e tolo milionário? Não era isso que diziam.

A história contada é que fui quase trocado por outro após o divórcio já que Bia não esperou nem duas semanas para desfilar com o velho em festas e eventos.

Mas eu sabia o real motivo e não conseguia aceitar isso, a revolta era tudo o que me restava e a dor ao vê-la sorrindo nas fotos com o namorado me consumia.

Passei então a evitar tanto a imprensa, quanto a família e os amigos.

Somente Mamaodi que conseguia se aproximar sem que eu tratasse com grosseria.

No mais, os amigos desistiram de mim, desistiram de tentar uma aproximação.

Eu tinha perdido um tempo depois do divórcio somente chafurdando em minha própria miséria.

Como um covarde fugi de tudo, me isolei no rancho velho que nunca tive coragem de me desfazer.

Até que Mamaodi me deu um puxão de orelha dizendo que enquanto eu estava ali deixando a vida passar pelos meus olhos como um inválido, Bia estava curtindo a vida e continuando a ser uma vagabunda.

Me doeu quando ela disse que eu não devia me deixar abater por uma mulher que nem mesmo lembrava que eu existia.

Naquela noite quando ela foi embora bebi até não lembrar mais como andar.

No dia seguinte morto de ressaca, fiz o que devia ter feito muito antes, me enfrentei no espelho.

Procurei em mim os olhos antigos e alegres e não encontrei, não havia nada ali além de uma profunda frieza e vazio.

Decidi então que Mamaodi tinha razão, eu tinha meus negócios para cuidar, tinha uma vida para viver, mesmo que não fosse mais com os mesmos sonhos de antes. Uma vida feliz ao lado da mulher que achei que era para a vida toda.

Nunca mais ia deixar uma mulher interesseira e fútil como Bia entrar em minha vida. Nunca mais.

Eu disse que ia ter partes curtas e outras longas viu gente *-* Mas para compensar vou por outro. :D

Um contrato para Camille- DegustaçãoWhere stories live. Discover now