Capítulo 4- (Camile)

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Não sei o que ela queria de mim, mas com certeza por esse preço eu aceitaria qualquer coisa.

Nem tudo claro, mas pelo olhar dela não era eu que ela queria, todavia parecia esperar algo de mim, o que era bem melhor do querer a mim.

Quando saímos do portão da mansão comecei a ficar nervosa e desconfiada novamente, afinal quando a esmola é demais...

— Afinal, o que a senhora quer de mim? Precisa de uma governanta? Pelo salário é isso não é? Ou uma babá? Quer que eu mate alguém?

Ela balançou a cabeça. — Não, nenhuma dessas coisas, me chamo Mamaodi.

Fiquei esperando o resto, mas agora ela estava parada me encarando com uma sobrancelha levantada. Sem saber o que fazer fiz cara de pastel esperando ela continuar. Então me toquei.

— Há... Me chamo Camile.

Ela me olhou de modo reprovador e mantive a cara de sonsa, por fim continuou.

— Preciso de uma esposa para meu afilhado, você se transformará na esposa perfeita para ele no prazo de seis meses.

Isso foi hilário, tanto que eu não parei de rir por uns dois quarteirões, ela se manteve ereta e séria esperando eu terminar meu ataque de risos.

Logo me acalmei e comecei a falar ainda rindo e enxugando dramaticamente uma lágrima no canto do olho.

— Certo, agora que a piada da senhora com a minha cara acabou, pode parar o carro que preciso trabalhar, e outra... Não vou me casar com seu afilhado, esse é um emprego bizarro, pode esquecer isso.

Ela passou a mão de leve pelo queixo me olhando com um meio sorriso de quem tem um trunfo nas mãos.

— Se ficar e assinar um contrato darei a você a melhor casa que o dinheiro possa comprar e mais dois milhões de reais no fim de tudo isso.

Arregalei os olhos tentando formar uma boa quantia de zeros na minha cabeça, mas tudo o que me veio à mente foram várias notas de cinquenta empilhadas, isso era... maluco!

Sem nem ligar para meu susto como se essa quantia fosse pouca ela continuou falando.

— As regras são simples, seis meses até que fique pronta para casar, não irá me perguntar nada sobre ele, não irá saber quem é até o dia do casamento, nem os motivos desse acordo.

Abri a boca e puxei o ar, tinha sim algumas perguntas, mas ela me cortou com o olhar e me calei.

— Na verdade nenhuma pergunta sobre nada, apenas fará o que eu mandar sem reclamar, se não der certo quero garantir o anonimato de meu afilhado, e se der certo então quando casar terá que conviver com ele por seis meses, morar juntos de verdade.

Sempre terá que atuar quando for necessário sobre o amor que sente por ele, mas não mais que isso, não precisará ter relação com ele nem nada disso quando não estiverem sob os holofotes.

E o mais importante. Precisará manter sigilo, então para todos os efeitos você tem que dizer a todos até para os mais próximos que está realmente apaixonada.

Morar junto também é de suma importância, pois irá precisar viajar para vários lugares nesse tempo, mas...

— Não posso viajar tenho... — Ela levantou a mão.

— Mas... Como eu ia dizendo garanto que seus filhos serão cuidados com esmero por uma babá escolhida por você que receberá um salário justo.

Todas as despesas serão pagas por mim durante todo o tempo que trabalhar para mim, e só no fim de tudo que receberá o montante acordado.

Ou seja, somente depois dos seis meses casada. Entretanto, a casa e os benefícios passarão a receber a partir de momento que assinar o contrato.

Ela esperou eu assimilar tudo o que havia dito então me olhou como um gavião. — É pegar ou largar.

Meu queixo caiu, o que pensar com uma oferta dessas? Não era todos os dias que uma coisa assim aparecia, até porque eu nem tinha mandado um currículo procurando tal emprego.

Foi o emprego de dois milhões que bateu na minha porta e isso só podia ser um sinal divino.

Finalmente poder dar mais aos meus filhotes do que apenas a ração diária de todo brasileiro? Uma tentação para toda mãe que sempre sonha com um futuro melhor para os filhos.

— Um ano ao todo? — Perguntei só para ter certeza dos dias que marcaria no calendário antes de ficar rica.

Ela assentiu. — E depois disso nunca mais precisará trabalhar na sua vida, o que me diz?

O homem devia ser o demônio de feio para ter que pagar por uma esposa, mas se eu não precisaria dormir com o dito cujo então porque não?

Só se eu fosse completamente idiota para negar essa oferta, mas como de idiota eu não tinha nada...

— Muito bem, mas quero ir com a senhora assinar esses papéis primeiro antes de qualquer coisa, ai sim farei o que a senhora mandar.

Ela apenas olhou para o espelhinho do motorista e ele assentiu acelerando um pouco mais o carro.

Fique ansiosa depois de assinar aquilo tudo, a ficha estava caindo e eu já estava fazendo planos para o futuro dos meus filhos.

Agora não tinha mais volta, se o homem fosse mesmo o capiroto em forma de gente eu suportaria por eles.

Cuidava deles sozinha já que o pai me largou por uma cretina com menos quilos e mais seios, sem contar que o maldito nunca mais apareceu nem para me ajudar com as despesas básicas.

Pelo menos agora eu poderia cuidar deles como mereciam, sim eu aguentaria esse tempo, e então depois de um ano seria apenas curtir meus filhotes e minha conta bancária.

Um homem que paga para casar com certeza ou era gay, o que sinceramente seria muito divertido se assim fosse, ou era tímido e feio o que também não seria de todo mau.

Desde que ele deixasse as mãozinhas longe de mim poderíamos ser amigos, quem sabe eu até ajudaria ele a arranjar umas mulheres quando ninguém estivesse vendo.

Sempre podíamos usar a desculpa do casal apaixonado que ia curtir as baladas e assim nós dois poderíamos pegar alguns gatos se ele fosse gay mesmo.

Ou eu seria a cupido ajudando com as mulheres se ele quisesse porque não?

De todo jeito a visão que eu tinha desse homem já era de um feinho fraquinho e tímido com jeito afeminado que de alguma forma precisava provar a sociedade sua virilidade, não teria outra explicação... Logo eu teria um marido gay que teria que mostrar o quanto era macho me agarrando quando tivesse um parente perto. Moleza.


Mais um hoje , pronto agora sim, bom fim de semana pessoal :D

Um contrato para Camille- DegustaçãoWhere stories live. Discover now