CAPÍTULO 13

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Mary

Assim que eu abro os meus olhos, posso perceber que ainda estou deitada na mesma cama de hospital. E isso me dá uma sensação ruim, afinal, eu estava torcendo para que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Tudo aqui lembra a minha mãe.
Logo noto que as cortinas estão abertas, e isso permite que a luz do sol ilumine o local de forma exagerada.
O chão parece ter sido polido recentemente, como os outros móveis do cômodo.
Tudo perfeitamente arrumado.

— Sra. Reed?! — uma senhora de cabelos grisalhos entra pela porta. Suponho que seja mais uma enfermeira.

— Oi... — tento me levantar na cama, mas imediatamente sou impedida pela dor que surge no ferimento da minha barriga.

— Oh, não se esforce. Você precisa de repouso. — diz ela. — Além do mais, eu trouxe o seu café da manhã.

Ah, nada como um café da manhã sem gosto de hospital.

— Acho que não estou com fome. — balanço a cabeça negativamente, esboçando um leve sorriso.

— Eu sei que a comida de hospital não é lá dá melhores, mas você precisa se alimentar.

Eu apenas continuei balançando a cabeça, e ela insistiu.

— Vamos.

Levanto a visão para a tábua com comida que a enfermeira trazia em suas mãos, e lá havia algumas torradas, uma gelatina de uva, e um bolo de chocolate sem cobertura e suco de laranja.

Estico as mãos para pegar e ela ignora, colocando a tábua sobre o meu colo.

— Fique à vontade. — ela diz e sai do quarto.

E lá vamos nós.

Começo a abrir as embalagens que cobriam a comida, e me irrito um pouco com isso. Por que comida de hospital tem que vir embalada? Já não basta o estresse de ter que comer algo ruim?

Antes que terminasse de abrir as coisas, alguém bate duas vezes na porta.

— Pode entrar. — digo e tento me arrumar na cama. Faço esforço para tirar a tábua com a comida de cima de mim para colocar a mesma sobre a mesa ao lado. É aí que eu faço uma coisa maravilhosa; deixo o copo de suco cair, e ele se espalha por todos os lados, sorte ser de plástico, se não viraria uma bagunça, pior do que ficou.

— Está tudo bem aqui? — um homem bem vestido entra no quarto, junto com a fragrância de seu perfume que invade o local. Pai.

— Pai! — abro um enorme sorriso e estico os meus braços para ele. Assim como fazia há 10 anos atrás, quando ele ainda podia me pegar em seu colo e girar como se eu fosse uma boneca.

— Vejo que você adorou o cardápio daqui. — percebo que ele está zombando da minha cara, apontando com o queixo para o suco.

Ele vem andando até mim, desviando da bebida. Os seus braços passam cuidadosamente pela minha cintura, enquanto ele acaricia a mesma. É então que ele faz um dos seus gestos carinhosos que eu sempre amei: ele deposita um beijo demorado da minha testa, e depois se afasta com um sorriso em seu rosto.

— Eu fiquei tão preocupado...

— Como você soube? — pergunto.

— Me ligaram dizendo que você havia sofrido um acidente, e eu tive que chegar aqui o mais rápido possível.

— É, acho que as pessoas nesse hospital não sabem guardar segredo... Desculpa, eu não queria que você ficasse preocupado. Eu estou bem, prometo.

The Sociopath (Reescrevendo)Where stories live. Discover now