CAPÍTULO 12

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Blake

Assim que entro no hospital, algumas pessoas olham pra mim de um jeito curioso. A primeira coisa que faço é procurar por Isaac, mas tudo o que acho são pessoas aleatórias. Até que finalmente vejo uma figura sentada no chão ao lado de uma cadeira. Isaac. Ele está sentado no chão, abraçando os seus próprios joelhos. O que me surpreende é que a sua camiseta e suas mãos estão manchadas de sangue seco, isso me deixa apavorado.

— Isaac?! — digo. Penso em colocar a mão sobre o seu ombro, mas hesito. Ele levanta o seu rosto para mim, é aí que percebo que ele está chorando, seu rosto expressa puro desespero.
Nesse momento eu já não posso bancar o "durão", afinal, meu melhor amigo está chorando. Chorando! Para algumas pessoas, isso pode até ser normal, mas para Isaac não, pois ele sempre tentou se fazer de forte, embora eu sempre soubesse das suas fraquezas e medos.

Me abaixei bem ao seu lado e me sentei junto à ele.

— Pode me dizer o que está acontecendo aqui? — pergunto, tentando controlar o tom.

Ele me olha e depois abaixa a cabeça, olhando para os seus próprios joelhos.

— Ela estava sangrando muito, eu não sabia o que fazer e nem quem chamar... Não parava de sangrar e...

— Ela quem? Mary? — pergunto, confuso o cortando. Mas não preciso de reposta, pois já a tenho assim que meus olhos passam pelo rosto de Isaac.

— Você sabe me dizer onde ela está? — dessa vez nós temos contato visual, e ele balança a cabeça positivamente.

— Quarto 208.

Eu me levanto com dificuldade, mas uso a parede para me apoiar, vou até o balcão onde havia uma recepcionista incrivelmente idosa. Não sei como ela ainda consegue parar em pé, com todo o respeito.

— Senhora? — preciso ser educado, pois não quero ser expulso daqui.

— Diga, senhor. — ela diz e arruma o seu óculos com o indicador.

— Eu preciso ver uma paciente. Mary Martin Reed.

Nesse momento Isaac vem para o meu lado, e se encosta no balcão.

— Quem é o responsável? — ela pergunta quando descobre que Isaac está comigo.

— Eu. — nós dois respondemos no mesmo tempo, e a senhora ri.

— Ele, ele é o responsável. — Isaac aponta pra mim com o queixo e sai.

Ele parece cansado, os seus ombros estão jogados para frente, e seu maxilar travado.

— O que você é dela? — a recepcionista pega uma caneta e alguns papéis.

— Amigo.

— Sinto muito, mas não poderá entrar.

— O que?! Ah mas é claro que eu vou, e agora. — digo em voz alta e vou em direção aos quartos, mas logo sou barrado por um cara grande, com um terno cinza. Ele está com algo conectado no ouvido, suponho que seja algum tipo de escuta.

— Não tão rápido, amigo. — ele coloca as mãos sobre os meus ombros, arqueando uma de suas sobrancelhas.

— Beleza. — minto. Volto para o meu lugar, do lado de Isaac.

Ele não diz uma palavra, nem sequer mexe um músculo. Nada. É como se estivesse morto, só que vivo. Isso me causa um grande incomodo, afinal, Isaac nunca fica completamente quieto; ele sempre tem algo para me dizer, e quando não tem, arruma alguma coisa, nem que seja uma de suas piadas sem graça que só ele ri.

The Sociopath (Reescrevendo)Where stories live. Discover now