─ Eu estou bem pai e ele está cuidando muito bem, como vocês estão?

─ Felizes por você não estar mais no nosso pé, todos os dias agradeço à Deus por ter me livrado de você ─ diz rindo e faço biquinho. ─ É brincadeira, estamos morrendo de saudades, anjinho.

─ Eu também tô demais! ─ digo quase chorando.

─ Todos os dias acordo de madrugada e não tenho mais minha escoteira pra atacar a geladeira comigo ─ ele diz com a voz meio embargada.

─ Eu também pai, mas nas férias vamos fazer isso. E próximo ano também, mas fala aí, a Itália é legal?

─ Ainda estou meio confuso sobre o fuso horário mesmo quase não mudando muito e o frio, mas tudo bem, sua mãe acorda no meio da noite pensando que é de manhã.

─ Mas ela fazia isso até aqui no Rio de Janeiro ─ rimos. ─ Cadê ela, hein?

─ Dormindo, passamos o dia na empresa e ela está bem cansada ─ ri de lado e cerro os olhos. ─ Mentira, acabamos de tentar fazer outro filho.

─ Credo, pai!

─ E você? Usando a camisinha? Não esquece da camisinha, pelo amor de Deus, olha pra mim, sou novo, pareço o irmão gêmeo de Brad Pitt, não quero neto me chamando de vovô em plenos meus dezoito anos, querida ─ diz e manda beijo no ombro, me acabo de rir.

─ Ok pai, eu já entendi, nada de filhos agora, vou usar a camisinha ─ digo e ele bate palmas.

─ Você me orgulha, meu peixinho magrelo ─ sinto meu rosto arder. ─ Mas fala pro mestre das cervejas aqui, está tudo bem mesmo?

Meu pai me conhecia melhor que todo mundo, eu era mais apegada à ele do que mamãe, mas claro que mamãe sempre esteve ao meu lado, mas nossa, meu pai era meu melhor amigo de todos. Quando me tornei "mocinha", era uma manhã no golfe, estava toda vestida de branca jogando golfe com ele enquanto mamãe levava uns papéis aos estilistas, no momento em que o sangue desceu por minhas pernas eu meio que me desesperei, eu e mamãe já havíamos conversando sobre isso, mas no dia anterior, eu havia assistido "o chamado" e pensava que estava morrendo.

Meu pai me levou até o banheiro, e disse pra todo mundo que eu havia sentado e derramado suco de uva na minha saia, ele me ajudou naquele momento e me tranquilizou, disse que era normal e que aquilo era uma mutação que me transformaria em um monstro gigante, aquilo me fez rir e esquecer meu pânico de certa forma.

─ Tô bem sim ─ olho pros meus dedos.

─ Lara Miller Meireles...

─ Eu só sinto falta de vocês, só isso.

─ Sabe que pode vim à qualquer hora pra cá, é só me ligar que compro sua passagem, filha, apesar de estar longe sempre vou estar aí com você, ok? ─ ele pergunta e assinto ainda de cabeça baixa. ─ Levanta a cabeça, guerreira, se esqueceu que você é Lara? A princesa guerreira?

Dou um sorriso e ele também.

─ Papai vai dormir agora, doutora.

─ Também vou, pai ─ bocejo. Realmente estava cansada.

─ Se cuida ─ ele diz. ─ Beijinho, beijinho...

─ Os cavaleiros guerreiros chegaram...

─ E irão te levar pra cama com suas espadas e canhões! ─ ele completa e nós dois gargalhamos.

─ Boa noite, pai ─ mando beijo.

Ele também manda e desligo o iPad me jogando na cama.

Coço os olhos, escovo os dentes, vou tomar um pouco de água e vou direto pra cama dormir. Estava mega cansada.

***

Acordo no domingo meio tarde, minha cabeça estava doendo bastante, a primeira coisa que fiz foi tomar um analgésico. Tomei logo um banho, vesti uma roupa e fui pra cozinha atrás de algo pra comer.

Quando chego lá vejo Peter sentado no balcão com uma cara péssima e olhando pro bolo com suco com uma cara nada boa, ao seu lado estava o capeta, que nem preciso citar o nome, ele estudava, estava com uma camiseta cinza e uma bermuda jeans preta, e claro, o óculos no rosto. E apoiado no balcão, mexendo no celular, estava o gostoso do Léo.

─ Bom dia ─ falo passando por Léo mas o mesmo me puxa e me dá um beijo na cabeça enquanto me abraça.

─ Mau dia ─ Peter diz com a mão na testa e depois solta um gemido de dor.

─ Bom dia, meu bem ─ Léo fala e continua me abraçando, Bruno só levanta a cabeça e me olha, fica uns segundos olhando pra Léo agarrado em mim e depois abaixa a cabeça voltando pro enorme livro.

─ O que tem pro café? ─ digo me soltando mesmo não querendo e indo atrás de algo pra comer.

─ Bolo de chocolate, misto, café e suco.

Pego um misto com suco e me sento no balcão também, mas de frente pra Bruno.

─ Cadê Arthur?

─ Dormindo ainda, ele e Diego, pense em dois moços que estão de ressaca, esse aqui também tava ─ bateu na cabeça de Peter que fez cara de dor. ─ Mas ele lembrou que estuda e que está em época de provas na faculdade.

─ Não sei mais o que fazer com Arthur... ─ digo rindo e quando olho pra frente vejo Bruno me encarando, o encaro de volta e o mesmo revira os olhos.

─ Ninguém sabe.

─ Quais são os planos de hoje? ─ pergunto pra Léo e o mesmo me dá de ombros.

─ Acho que hoje não vai ter resenha, os meninos ainda não se recuperaram da folia de ontem... eu tava querendo ir no cinema, vamos? ─ Léo ri e eu também.

─ Cinema? ─ Bruno se mete na conversa.

─ Sugere um lugar melhor pra levar ela?

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now