Capítulo 16

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O dia seguinte amanheceu nublado e monótono, até mesmo o sol parecia triste e se escondia atrás das nuvens camuflando os seus raios reluzentes, o vento soprava em direção sul e o céu estava anunciando que uma forte chuva estava por vir em poucos minutos.

Levantei da minha cama e fui até a sala e não encontrei ninguém, os meus pais e os meus irmãos haviam saído para ir ao mercado e deixado um bilhete que voltava já, dei meia volta e deitei novamente. Enquanto eu aguardava eles voltarem que provavelmente eles não demorariam, olhei pela janela do meu quarto e vi o primeiro pingo de chuva cair.

Havia quinze dias que a Lívia havia me dispensado do trabalho e eu iria ficar um mês de repouso para me recuperar completamente da cirurgia, mas eu não agüentava mais ficar de repouso. Estava dando graças a Deus pelos os trabalhos com as meninas da faculdade, isso estava me ajudando muito a sair daquela depressão de ficar em casa porque a minha mãe não me deixava fazer nada, estava me sentindo uma criança.

Olhei para o celular na tentativa de ver uma mensagem do Franklin, porem assim que o liguei apareceu à foto da Natty sorrindo, ela estava me ligando naquele mesmo instante, foi uma transmissão de pensamentos e o meu coração encheu de alegria quando ouvi a sua voz delicada.

- Danda!

- Que saudades minha linda! Como você está? Eu estava pensando em você neste momento.

- Danda, eu estou muito mal. - Ela demonstra tristeza e me deixa preocupada.

- O que aconteceu Natty? - Pensei que ela estivesse doente ou o seu pai biológico estivesse feito algo de ruim para ela e senti o meu coração palpitar. - Fala Natty o que aconteceu!

- Desculpa, mas é porque estou com muita saudade de você! Por isso não estou bem. - E sorri. E eu também não aguento mais a Victória aqui todos os dias tentando ser legal comigo. Posso te confessar uma coisa? Ela é muito chata. Por favor, volta logo. - Natty fala chorosa.

Vaca! - Pensei. A Victória está marcando em cima, tentando conquistar a Natty porque sabe que se ela se der bem com a sobrinha, conquistará créditos com o tio. Só espero que o Franklin não caia nas garras dela novamente, eu não suportaria ver os dois juntos e imediatamente tento disfarçar a raiva que estava sentindo da Victória.

- Sua danadinha! Fiquei preocupada. - E sorrio.

- Danda, quero te ver hoje, venha aqui me fazer uma visita.

- Desculpa minha linda, mas hoje tenho um desfile a tarde para ajudar as minhas novas amigas. - E sorrio.

- Que máximo Danda! Quero ir com você! Posso? - Sua expressão melancólica muda na hora.

- Então, a sua mãe não iria deixar você ir comigo. Eu adoraria, mas infelizmente vamos ter que deixar para uma próxima vez.

- Haaa. - Natty demonstra tristeza e em seguida despediu-se e desligou o celular.

A Natty foi à coisa mais gratificante que aconteceu na minha vida. Ela me ensinou a não julgar as pessoas pela aparência, porque sempre achei que os americanos eram preconceituosos e não gostavam de estrangeiros, especificamente negros.

E apesar dela ser uma criança, foi à única pessoa que me enxergou na rua enquanto eu aguardava do lado de fora do Coffee Company os pães e cappuccino quentinho para levar para a minha família. Aqueles olhinhos da cor mar me conquistaram desde a primeira vez que a vi. A sua generosidade e o seu carinho me fizeram ir à luta e buscar um rumo para a minha vida.

E a partir daquele momento, nunca mais a minha vida foi à mesma. Aprendi a dividir o que eu tinha, principalmente a ajudar as pessoas que eu não conhecia que é o caso da Bianca e as suas amigas que não hesitei em ajudá-las. Tudo isso devo a Natty que mesmo sendo criança me ensinou a ver o mundo de outra maneira.

Dandara OsaharWhere stories live. Discover now