Um mês depois - Capítulo 20.

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O dia do baile foi triste, mas muito marcante. Pela primeira vez na existência de Pandora, as cerejeiras brancas perderam suas flores, frutos e folhas, elas perderam sua força, se tornaram apenas troncos e galhos mortos. E minha tatuagem, estava igual a elas.

Os tiros perfuraram o meu estômago, tive hemorragias graves, fizeram várias cirurgias para me salvar e eu entrei em coma. Eles fizeram tudo que podiam, cirurgias, remédios, mas eu continuava lá, estático. Uma semana se passou, duas, três e nada. Na quarta semana mandaram trazer uma sacerdotisa muito poderosa. Era a avó da Vênus, sim, aquela que eu conheci. Mas a Vênus não sabia que a trariam e que ela ainda era poderosa.

Eles pediram para que ela fizesse a mesma magia, que ela faz nas sacerdotisas, para que elas nunca envelheçam, no caso, elas se tornam imortais. Ela concordou, mas ao invés disso, ela falou que faria a do primeiro guerreiro ancestral imortal, porque achava que daria certo comigo. Ela começou a fazer os rituais e pela primeira vez, depois do que aconteceu, eu senti algo.

Eu sentia agulhas perfurando meu corpo, mas não havia nenhuma. Eu ouvia os barulhos do monitor cardíaco, estava ainda mais alto e acelerado. Eu sentia meu coração prestes a explodir, então, ouvi um único apito. Aquele apito que aparece depois que o coração para, depois disso, não senti mais nada. Mas ouvia todos chorando e a Vênus gritando:

— O que você fez? Você o matou.

Ela falou:

— Sinto muito, ele estava muito fraco, eu achei que ele era o escolhido e que iria sobreviver.

Mal sabiam eles que nem tudo estava perdido.

A Hera chorava e falava repetidamente:

— Meu menino não... não pode ser.

Senti uma força imensa tomando conta do meu corpo, era um poder enorme circulando em minhas veias. Eu abri os olhos, vi aquele teto branco, respirei fundo, soltei a respiração e me sentei na cama sem entender. Todos me olhavam boquiabertos, sem entender nada, olhei meu reflexo em um dos vidros espelhados da porta e entendi porque estavam me olhando assustados. Meus olhos estavam brancos, mas não todo branco, minha íris era branca, meu limbo era cinza, então dava para diferenciar a íris da esclera. Dava para ver minha pupila estava um pouco dilatada. Meu cabelo e barba estavam brancos. Ao olhar para o meu antebraço direito, vi uma tatuagem, me assustei, mas era muito bonita.

 Ao olhar para o meu antebraço direito, vi uma tatuagem, me assustei, mas era muito bonita

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Era uma caveira, com um tronco de árvore morta no meio, e um triângulo voltado para baixo. O primeiro imortal, possuía a mesma tatuagem, seu significado era: Han stod over for døden og vundet. Og han skal leve evigt. Ou seja: Ele enfrentou a morte e venceu. E ele viverá para sempre.

A Hera me olhou e falou:

— Você está morto? Não entendo.

A avó da Vênus me olhou e falou:

Meu pé de cerejeira branca - Livro I.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora