Capitulo 6.

233 33 8
                                    

Acordei, levantei da cama com uma dor de cabeça forte, fui para o banheiro, tomei banho, escovei os dentes, vesti uma roupa leve, tomei remédio, sentei na cama respirando devagar, pensando na noite de ontem. Passou um tempo e eu ouvi uma batida leve na porta, levantei, fui até ela a abri e lá estava a Vênus, com os cabelos presos em rabo de cavalo, short rasgado e blusa vermelha e uma grande mochila. Ela me olhou e falou:

— Posso entrar?

A olhei e falei:

— Pode sim.

Ela entrou, eu fechei a porta, ela me olhou e falou:

— Olha, me desculpa por ontem. É que, eu fiquei assustada e nervosa, porque...

Ela parou de falar, eu a olhei e falei:

— Porque...?

Ela me olhou e falou:

— Porquê eu também tenho uma tatuagem dessas, olha.

Ela levantou um pouco sua blusa e lá estava uma tatuagem. Era uma cerejeira com as flores vermelhas, que saía da lateral esquerda do seu quadril, tomava a lateral de seu corpo e acabava pouco abaixo de seu seio esquerdo e alguns galhos passavam para a sua barriga e costas. Eu estava boquiaberto, sem entender e falei:

— Mas como? Ela simplesmente apareceu aí?

Ela abaixou a blusa e falou:

— Sim, no meu último aniversário eu acordei e ela estava aqui. Eu fiquei assustada e com medo, desde então, nunca troco de roupa na frente das pessoas, ninguém nunca a viu. Só você e a minha avó.

Eu estava parado boquiaberto, sem entender. E falei:

— O que sua avó disse? Só você e outra pessoa viram as minhas também.

Ela sentou na cama e falou:

— Meus pais eram da tribo dos Artêmis, mas sumiram. Minha avó foi sacerdotisa dos Artêmis, até sumirem. Ela tem uns livros antigos dos nossos antepassados, os únicos que não estão trancafiados no museu. Ela falou que pessoas que possuem essas tatuagens, são descendentes ou filhos de alguém que fazia parte dessa tribo. E disse também que a magia corre no sangue de quem as possui. Quando a guerra começou muitas crianças e bebês Artêmis indefesos foram deixados em casas de desconhecidos, em orfanatos, em instituições. Ou seja, deve haver mais pessoas com essas tatuagens espalhadas nas províncias e eles também devem estar assustados e com medo. Acho que a nossa missão, é reunir todos e formarmos novamente a nossa tribo.

Eu estava assustado e falei:

— Então meus pais podem estar mortos. Talvez eu nunca os conheça, talvez eu nem tenha família. Acho que a Tessa tinha razão, eu vou morrer sozinho.

Ela me olhou, revirou os olhos e falou:

— Ok, mas quem diabos é essa Tessa? Eu vou quebrar os dentes da frente dela, por ela ter enfiado essas coisas na sua cabeça.

Não contive uma risadinha e falei:

— Uma pessoa que até ontem eu considerava uma amiga. Acho que ela está merecendo mesmo.

Ela riu e falou:

— Prometo que darei uns tapas nela por ela ter te deixado triste.

Rimos, a olhei nos olhos e falei:

— Prometo que não vou segurar.

Dei uma risadinha e continuei:

— Só você para conseguir me fazer sorrir.

Meu pé de cerejeira branca - Livro I.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora