O homem de jaqueta

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Max acordou assustado com as batidas do professor Robert chamando todos para ir tomar o café da manhã. A preguiça enraizava o seu corpo não o deixando sair da cama, mas Josh e Ed não permitiram. Foram todos trocar de roupa e, em um instante, já estavam na mesa com o resto da turma. Cada um reagia de uma forma diferente: Melany era a mais cuidada da turma, não deixava uma migalha se quer cair em seu "look" novo; Josh comia com a maior pressa do mundo para ir ao passeio do primeiro dia; Oliver não esperava a hora de começar suas travessuras; Max quase deixara sua cabeça cair no pão com pasta de amendoim, por causa de tanto sono; entre outros.

Após toda a comilança, os professores Robert e Brigitte conduziram a turma para a praia. Cada um com seu intuito e objetivo, seja para tirar fotos e postar no Instagram, ou se divertir como nunca. No caminho, foi-lhes apresentado alguns pontos turísticos da cidade. Só se via flashes e barulhos de disparos de câmeras.

Na praia, cada um foi para um canto. Alguns foram surfar, outros foram tomar um sol, outros foram jogar vôlei, etc. Porém, Max estava sentado na sombra de um coqueiro, um pouco distante de onde o restante da turma se localizava. O calmo som do mar, a brisa refrescante e a protetora sombra, formaram um ambiente perfeito para Max cair no sono. E assim aconteceu.

O tempo passou, as horas voaram, e Max despertou com a voz da professora Brigitte o chamando para ir almoçar:
- Max querido, vamos almoçar. Você deve estar faminto!
- Sim, estou um pouco - respondeu ele.
Enquanto estavam indo em direção ao restaurante, Brigitte conversou com Max:
- Por que você estava sozinho naquela parte da praia?
- Queria um momento só, e também estava com sono, queria um lugar silencioso, longe da folia da turma.
- Tudo bem. Mas tome cuidado. Você pode se desviar de nós e nunca ande sozinho.
-Está bem.

Na hora do almoço, o professor Robert perguntou a turma:
- E então pessoal, estão gostando de nosso primeiro dia?
- Sim! - responderam todos com entusiasmo.
Max estava de frente para uma janela. Ela o permitia ver uma pequena rua que o trazia curiosidade. Sem terminar seu prato, ele logo pediu permissão ao professor Robert.:
- Professor!
- Diga grande Max!
- Posso dar um pequeno passeio sozinho por aquele quarteirão?
- Pode sim Max. Mas tome cuidado. Volte antes do Sol se por.
- Ok professor.
Saiu da mesa sem dizer tchau. Ninguém percebeu. Ele andava chutando as pedras pelo caminho, com a cabeça mais longe do corpo, do que seu corpo longe de casa.
Ele olhova de um lado, reparava do outro, nada lhe atraía. Observou a pequena Lanchonete Coffee & Food do outro lado do quarteirão.
A tarde começava a dar seus últimos suspiros, quando Max resolveu voltar à lanchonete que observara e comprar algo. Lá, indeciso, pediu um suco de laranja e um simples misto quente.
Enquanto se degustava de seu pedido, ele viu um homem com óculos escuros, de jaqueta preta e calça jeans, entrar e pedir dois mistos quentes, um pacote pequeno de batatas fritas e um refrigerante. Todos para levar.
Depois de um instante, ele pegou o pedido, deu um olhada rápida em Max e saiu com sua moto.
Max ficou pensando: quem seria aquele cara de jaqueta? Por que ele o olhou daquela forma? Mas antes que ele concluisse seus argumentos, percebeu que estava quase noite e o sol já tinha se escondido abaixo do mar. Foi então que ele lembrou do aviso do professor. Deixou o dinheiro da conta e tentou se orientar para voltar. Foi para um lado, foi para outro... sentiu que estava perdido.

Começou a chover, e Max ainda se encontrava desorientado,  entrando por ruas que nunca tinha visto ou passado. A chuva estava forte e ele tentava se encobrir com a blusa que estava em sua cintura.
Porém, enquanto isso, no hotel, Brigitte entrou em estado de preocupação. Perguntou a Robert, o professor:
- Robert, onde Max está! A chuva está forte lá fora e ele não está aqui!
- Calma Brigitte! Ele disse que ia dar uma volta na rua ali perto. Mas eu avisei a ele para voltar antes do sol se pôr.
- Ele não podia sair sozinho! Como você pode fazer isso?
- Eu conheço o garoto que ensino. Ele sabe se cuidar sozinho. Aliás! Ele deve estar por aqui. Vamos procurá-lo.
- Pessoal! - disse Brigitte - vamos nos dividir em trios. Cada um irá para um lugar diferente para procurar Max.
- Como ele sumiu assim? - interrompeu Josh.
- Ele deu uma saída, e voltaria antes do pôr do sol. Porém, não vi ele por aqui. Deve estar em algum lugar e por cima de tudo, não levou o celular. Vamos procurar rápido! Enquanto isso, vou na portaria verificar se o porteiro o viu - disse Brigitte.
Assim, todos se dispuseram para a procura. Uns foram nos banheiros, outros nos quartos, outros no restaurante. Porém, ao voltarem da procura, não o acharam.
- Ele não está aqui senhora Brigitte- disse Ed - nós o procuramos por toda parte e nada!
- Tem razão! O porteiro disse que ele viu Max somente na saída. Não o viu voltar - respondeu ela.

Max, preocupado com seus companheiros e professores, começou a correr para adiantar. Mas escorregou no meio da rua, ao tentar atravessá-la. Uma moto logo se aproxima dele, e Max não sabe para que lado ir, pois a chuva e o farol da moto o dificultava. Ouve-se o som do pneu se derrapando contra o chão.
- Quer ajuda garoto? Você aparenta estar muito perdido - disse o motociclista.
Max reparou que era o mesmo homem de jaqueta preta que tinha visto na lanchonete e tentou aproveitar o momento para descobrir quem era.
- Sim, estou e quero sua ajuda - respondeu Max.
- Você mora onde?
-  Eu não moro aqui. Estou hospedado em um hotel junto com minha turma. Estamos em um turismo.
- Ok. Sobe aí, eu te levo.
Max aceitou a carona. Explicou ao homem o endereço do hotel. Ele estava muito rápido e por conta disso,  Max não conseguiu perguntar nada à ele.

- Chegamos! - disse o motociclista.
- É aqui mesmo! - respondeu Max, enquanto arrumava seu cabelo encharcado.
Não deu tempo de agradecer e conhecer o homem, pois ele saiu antes mesmo de Max entregar o capacete.
Do fundo, ele escuta o exclusivo grito da professora Brigitte:
- Max! Onde você estava garoto! Está todo ensopado! Venha, para você tomar um banho, se não pega um resfriado e eu não sei o que direi para sua mãe.
Depois de um banho quente e uma  bela de uma canja quente, Max explicou todo o ocorrido para a professora.
- Max, entendo você. Mas essa foi a primeira e última vez. Você não pode sair sozinho! Leve o celular! E não fique na chuva! Se proteja! Além disso, não aceite carona de estranhos, pode ser perigoso.
- Tudo bem! Desculpe. Mas eu vou ter que devolver o capacete do homem que me deu a carona.
- Ok. Amanhã veremos isto. Está tarde e acordaremos cedo. Não é para você ficar dormindo durante dia como foi hoje.
- Obrigado "prof" - dizia Max com carinho - Boa noite!
- Boa noite para você também.
E deu um beijo em sua testa.

Todos foram para a cama. E depois que Max deu boa noite a Josh e Ed, ele virou contra a parede e ficou pensando: como entregarei este capacete? Onde o irei achar? Por que ele me deu corona? De onde ele é? Ai meu Deus, é tanta dúvida!
Logo o sono chega, a preocupação para, seu coração desacelera, seus olhos se fecham e na escura, fria e silenciosa noite, Max dorme.

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⏰ Last updated: Oct 26, 2016 ⏰

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