Chegamos no -1 e eu já estava séria e na minha, fui direto pro carro de Léo sem olhar pra Bruno.

─ Puta que pariu! ─ ouvi o grito dele e segurei o riso.

─ Que foi, mano? ─ Léo abaixou o vidro.

─ O pneu, meu Deus, o pneu, tá furado, como assim?! ─ entrou em desespero, olhou no relógio de pulso e passou as mãos pelos cabelos.

─ Talvez tu passou por algum prego ontem, chegou em casa morto de bêbado ─ Léo diz saindo do carro pra ver.

─ Mano a porra do pneu tá sequinho, olha isso cara, puta merda ─ tava desesperado. Eu tava quase soltando meu riso.

Fui pra parte de trás, abri a janela e me apoiei ali.

─ Talvez devesse tomar mais cuidado ao beber, ah, existe um ditado, não sei se já ouviu: se beber, não dirija ─ nosso placar estava de 1x0. Ele me fuzilou com o olhar.

─ Já são sete e dez, tenho que tá no escritório às sete e meia em ponto. Não tem como trocar essas rodas agora, não dá tempo ─ ele diz e Léo suspira.

─ Leva meu carro, parceiro. Se tu pedir o táxi vai demorar, até mesmo por conta do engarrafamento, tu leva a Lara na escola porque fica no caminho. Pode ser? Aí levo teu carro na oficina mais tarde, vou trampar de tarde ─ Léo diz e Bruno o olha.

─ Eu levo a guria, trago teu carro depois da faculdade, é porque tu sabe como o senhor Rocco é ─ ele diz e Léo assente rindo.

─ Relaxa, tu já quebrou meu galho um bocado de vezes, vai logo ─ diz e Bruno vai pegar a mochila dele no carro. Ótimo! Teria que ir com esse merdinha pra escola. Léo vem até onde estou, beija minha bochecha e pisca. ─ Sei que tem dedo teu nisso ─ sussurra e abro um sorriso.

─ Só o começo.

Bruno pega as coisas dele, joga no banco de trás e passo pro banco da frente colocando o cinto. Ele entra e buzina pra Léo jogando as chaves da hilux pro mesmo.

Cruzo os braços e faço uma carranca.

─ Merda, o dia está maravilhoso ─ liga o rádio, ele estava estressado, sua expressão estava enfurecida.

Amei o ver assim.

Fiquei na minha até ele puxar conversa.

─ Você devia sair da sua escola ─ diz quando paramos no sinal.

─ Por que? Eu gosto de lá.

─ Não gosta não, só está lá por causa dos seus pais.

─ Eu vou pra Itália no final do ano, vou morar lá, quero pelo menos ficar esse ano naquela merda de escola porque ainda quero dar a volta por cima ─ digo mexendo no meu celular.

─ Rancor faz mal.

─ Não tenho rancor ─ dou de ombros.

─ Nem mesmo de Ruan? ─ ele me olha rápido e congelo.

─ Eu te falei dele quando estava bêbada? ─ virei na mesma hora, meu coração batia forte.

─ Sim, uma merda o que ele fez, coisa de moleque.

─ O que exatamente eu falei? ─ gaguejei.

─ Não se lembra? ─ fez mistério, odiava isso.

─ Se tô perguntando é porque não lembro ─ rolo os olhos. ─ Olha... Arthur não pode saber de nada disso, conheço meu primo.

─ Conheço mais que você, mas relaxa, vai ser nosso segredinho. Mas sabia que você pode processar ele pelo o que ele fez? ─ um advogado sendo um advogado.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now