Capítulo 4: Aluada

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  — Vai dar tudo certo, você só precisa ficar calma, e, caso necessário, eu e Dan te acompanhamos. Nós vamos primeiro, aí chamamos você, okay?

Luna concordou, nervosa. Decidiu cantar, finalmente, e depois de muita insistência, mas isso não tinha nada a ver com sentir-se mais à vontade. Pelo contrário, Luna pensava que desmaiaria de ansiedade. 

  — Lu, você é incrível, sabe disso, não sabe? - começou Daniel, com o tom apaziguador de sempre. - Jackie deu a letra, precisando, estaremos prontos para socorrê-la, mas não acho que será  necessário. Respira fundo e aproveita o momento. Agora, vem cá, deixa eu abraçar você.

Daniel abraçou a amiga, sussurrando para que ela se acalmasse e que tudo ia dar certo.

A diretora de música da escola tomou o lugar no microfone.

 — Bom dia, caríssimos! Uma instituição de educação, principalmente no nível da nossa, não é nada se não tivermos alunos para ensinar, para mostrar outras oportunidades, para comporem a nossa família. Por isso, esse dia é dedicado a vocês, e feito para vocês, cada detalhe. Lembrem-se que, embora a educação deva ser um direito, a educação de qualidade é um privilégio, e nunca esqueçam o quão privilegiados vocês são. Sem mais delongas, chamo os primeiros a apresentarem-se hoje, os veteranos Jaqueline Dias, do 3º1 e Daniel Serafim, do 3º2!

Palmas e assovios animados. Luna riu ao ver Jackie, com toda sua personalidade extrovertida, ir até o microfone, puxando Daniel pela mão, que ria divertido. A menina conseguia sentir a conexão dos dois de longe.

– Olá, galeraaaaaa! Vocês sabem que eu sou a Jackie e esse gatinho aqui do meu lado é o Dan. – assovios e gritinhos. Jackie estava onde deveria estar. – Tudo bem, tudo bem. A gente sabe que é difícil achar coragem pra começar, por isso tomamos a frente. Esperamos que gostem e se divirtam.

Ao vê-los, tão à vontade e apaixonados, Luna quis escrever sobre aquele momento, para que pudesse eternizar o que parecia o começo de uma coisa incrível. A menina gostava disso, do frenesi do início, da excitação de quando se tem a oportunidade de mergulhar no desconhecido, principalmente quando a vontade se une a coragem. Mas, bem, era do tipo que preferia apenas observar.

  — Poderia ficar o dia todo aqui, de verdade. - comentou Jackie, depois de três músicas. - Mas, para o bem de todos nós, temos mais alguns colegas talentosos que merecem ser ouvidos hoje. 

— Por isso, com muito prazer, apresentamos a próxima voz que, além de linda, vem acompanhada de uma destreza invejável no teclado. - completou Daniel.

— Um salva de palmas para Luna Caterina, do 3º1!

Com o coração martelando forte no peito, Luna tomou o lugar atrás do teclado já montado, recebendo olhares encorajadores dos amigos que deixavam o palco. Evitou olhar para o público, concentrando-se em ajustar a altura do microfone.

— Oi, gente! Meu nome é Luna, como Jackie apresentou. - riu baixinho. - A música que vou apresentar para vocês é de um dos meus filmes preferidos, fã de musicais como sou, e a compositora dessa canção no filme é uma das minhas maiores inspirações para começar a tocar teclado. E, bem, é também o responsável por grande parte das minhas desilusões adolescentes. Troy e Gabriella, vocês foram os primeiros a partirem o meu coração. Essa é I Just Wanna Be With You, e se você não conhece, sugiro que trate de fazer algo sobre isso.

No fim, foi melhor do que o esperado por Luna. As pessoas adoraram, e a maioria reconheceu e acompanhou a música, e pediram por mais uma, pedido não atendido pela garota, o que gerou lamentos decepcionados. Assim que saiu do palco, Luna correu para Margarete, que a esperava com um copo de café 'pela bela apresentação'. 

Cartas, Cafés e Cicatrizes [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora