Capítulo 11 - Brianna

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Eu estremeci ao me lembrar do ocorrido.

Abbey pigarreou.

– Ele já estava ficando louco, Bri.

Abri meus olhos e vi que Abbey estava nos olhando como se achasse graça nisso tudo.

– Eu até consigo imaginar! – Eu sorri de volta para Abbey, contente por ela ter desviado um pouco do assunto.

Chad se remexeu atrás de mim.

– Estou falando sério, mocinhas.

– Sim, senhor. – Abbey e eu dizemos em uníssono, caindo em uma gargalhada que, para mim, pareceu contorcer meus pulmões, e logo se transformou em um gemido de dor.

– Essa floresta nunca foi a das melhores. Minha irmã sempre dizia haver invasores por perto querendo roubar algo das redondezas de Torphin. – Chad falava em um tom sombrio e eu conseguia ouvir as vibrações de sua voz nas minhas costas. – Agora, então, ela deve esconder muito mais do que meros ladrões.

Eu revirei os olhos ao me lembrar da irmã de Chad. Eu tinha certeza que ela contava essas histórias para Chad para assustá-lo e convencê-lo a não ir atrás de mim.

– Então, só de imaginar você lá... – Chad ainda tagarelava, como se sussurrasse seus pensamentos.

A porta se abriu novamente e a Sra Ruffenghon entrou, trazendo uma xícara com um líquido fumegante. Eu só tive noção de como minhas mãos estavam geladas quando eu segurei a xícara. Uma essência de canela, cravo e gengibre tomou conta de mim e me aqueceu apenas pelo cheiro.

Engoli o líquido quente, sentindo o calor descer pela minha garganta e esquentar meu interior. Depois da última gota, senti meus olhos voltarem a pesar de sono. Sra Ruffenghon deve ter notado isso, pois logo se aproximou de mim novamente e começou a afofar o travesseiro.

– Ela vai comigo. – Chad disse, interrompendo Laire, que nos olhou confusa.

Ela se ergueu um pouco mais e alisou o avental que cobria sua roupa.

– Creio que ela ficará bem aqui. – Ela respondeu e olhou para nós dois, hesitante. – Além do mais, não penso que seria apropriado.

Chad lançou um olhar rápido para Abbey, depois para mim, antes de voltar seu rosto para Laire.

– Precisamos conversar. Não terá nada de inapropriado nisso.

Antes que Laire respondesse, Chad levantou-se e me ajudou a ficar em pé, pegando uma manta e colocando sobre meus ombros.

– Voltamos pela manhã para te ver, Abbey. – Ele sorriu para ela e bagunçou seu cabelo de leve. Minha irmã deu apenas uma gargalhadinha e tomou meu lugar na cama.

Passando o braço ao meu redor e praticamente tomando todo meu peso, Chad me guiou para fora do quarto e me ajudou a descer as escadas. Laire apenas nos seguiu em silêncio, como se estivesse atônita demais para responder qualquer coisa. Ela deu um sorriso sonolento para nós e eu agradeci antes de fechar a porta.

Estava um breu do lado de fora e eu me perguntava quanto tempo ainda faltava para o amanhecer. Não havia ninguém nas ruas, nem uma luz em lado nenhum. Chad me guiou para a casa ao lado, onde eu supus ser sua própria casa. A pesada porta estava aberta, e Chad a empurrou com o ombro enquanto me mantinha em pé.

Eu cambaleei para um pequeno corredor que dava para uma sala espaçosa onde a única luz do ambiente provinha de uma pequena chama que morria na lareira do lado oposto da parede. Com os olhos pesados, tudo o que eu conseguia pensar era em me deitar ali mesmo onde eu estava e dormir. Minhas pernas vacilaram por um momento e logo eu senti meus pés sendo tirados do chão e algo quente e acalentador me envolver. Fechei meus olhos e aninhei meu rosto no ombro de Chad enquanto subíamos escada acima.

O Cristalizar da Água - O Florescer do Fogo #2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora