Atendimento #249: Uma corrida para o nascimento

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Esse atendimento possuí uma música que recomendo que se escute em dado momento (para maior imersão :D) dê play quando ela aparecer  e continue lendo com ela no fundo ^^

Atendimento #249: Uma corrida para o nascimento

Batidas coronárias fortes e aceleradas proporcionavam uma circulação de sangue mais eficiente para seu corpo, a temperatura se elevou principiando-se da nuca para os braços e depois do pescoço para o restante do tronco. A reação de quem começa a correr em uma prova de atletismo acontecia com aquele homem de mais ou menos vinte e sete anos. Sua pele era clara, os cabelos loiros e a estatura média para alta. A medida que seu sangue era pulsado mais suas orelhas, mãos e nariz ficavam avermelhados.

— Oi? — O Rapaz levou a mão ao jaleco na altura do peito.

Emoção, respiração eufórica.

— Aciona o plano porque seus filhos vão nascer, Ezequiel.— respondeu sua comadre mafiosa ajeitando os cabelos e organizando alguns pertences que jaziam espalhados sobre a mesa de jantar do apartamento.

— Eu já vou...— a chamada foi encerrada com um toque sobre o touchscreen de seu celular.

Em menos de um minuto seus olhos se avermelharam, a emoção transbordava de seu avatar de carne e osso em forma de lágrimas e tremor. Mentira, ele também soluçava como uma criança ao receber seu primeiro vídeo game, mas esse detalhe era imperceptível dada a algazarra em que ele estava envolto.

Uma central larga com pouquíssimas colunas, cada uma com cerca de um metro e trinta de grossura, chão de carpete nas cores cinzenta de poeira e azul sujo. Ali naquele andar vários setores existiam, alguns deles dispunham de lousas brancas para que os supervisores deixassem recados silenciosos para seus subordinados; mas em um daqueles setores, no caso o mesmo onde você e eu ficamos a observar a rotina dos atendentes, a lousa não estava preenchida com indicadores, número ou metas. Nela, algumas caricaturas haviam sido feitas pelo supervisor de forma a representar cada um de seus atendentes. Em um deles podia-se ver um pequeno power ranger vermelho fazendo pose frente a uma explosão, abaixo dele via-se o nome de Ancelmo; outro era uma mulher sorridente segurando um tubo em uma das mãos e algumas pílulas na outra, ao seu lado uma outra figura feminina pegava os remédios da caricatura com uma flor no cabelo, abaixo destas estavam os respectivos nomes de Catherine e Alana. Além deles existiam as imagens de Ezequiel, deitado no chão enquanto Amanda pisoteava suas costas com um salto agulha no pé e os demais atendentes que foram menos mencionados. Desenhos sutís, simples, mas que revelavam a felicidade daqueles que eram comandados por Ezequiel, felicidade essa que só iria aumentar.

— MEUS FILHOS VÃO NASCER!

As palavras de Ezequiel soaram forte, com vigor e felicidade quase que indescritível. As lágrimas foram percebidas pelos colegas que tentavam abraçá-lo forte, o reconhecimento de ter vencido um desafio se converteu em felicidade pura e genuína de alguém que realiza um sonho; o supervisor, em meio a multidão de colegas, digitava o telefone de um colega.

— Descobri que te amo demais...— a voz saiu arrastada do dispositivo móvel. Igor acordou ao terceiro toque de seu celular, mas isso não queria dizer que ele não atenderia, além de grogue de sono, feliz.— Iae meu chefe, como é que tá?

— Deu!— nosso herói ajeitava a jaleco enquanto fechava a mochila com seus pertences.

— O que é que deu, Ezequiel?— Igor já havia sido aviso que ele seria o responsável por levar ele e Amanda para o hospital, o código "Deu!" seria o suficiente para ele entender do que se tratava, mas seu sono era tanto que ele precisava despertar primeiro.

— Sua mãe.

— Que? — Pronto agora ele estava desperto.

— Tá na hora, a bolsa da Amanda estourou! — Elevou o tom deixando transparecer um pouco de nervosismo.

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