A semana de folga acaba, as crianças estão finalmente se familiarizando com nossa nova realidade. Tenho que agradecer muito aos pais de Miranda por toda a ajuda que eles têm me prestado.
Alice finalmente não está mais chorando depois da escola. Alec está cada dia mais empenhado no time de Handebol. E Aria bem, levei-a em um fonoaudiólogo e agora iniciamos um tratamento para ela desenvolver a fala sem maiores problemas.
Ser mãe é quase uma missão impossível!
Hoje é terça e já tive duas reuniões. Uma delas porque aparentemente o meu novo advogado não entende sua cliente, que "só quer se divorciar do marido imprestável", palavras dela, não minhas. Então precisei passar o caso para um de nossos advogados mais antigos. Imagino que seja um tanto difícil para eles me verem como nova líder no escritório e por isso fizemos uma reunião bem cedo. Claro, eu sabia que eles teriam dúvidas, ainda mais depois da demissão de Sheron, mas deixei claro que todos fazem parte do escritório e que, a menos que queiram sair, faço questão que fiquem.
Aria ficou comigo até que a mãe de Miranda apareceu e levou-a para sua casa, com a proposta de que haveria bolo de chocolate.
Meu celular toca às dez e meia, mas não consigo atender. Minutos depois, quando Olivia me diz que é da escola, quase saio de minha própria pele.
— Se acalme, Charlotte.
— Me acalmar? Que tipo de professora aceita briga em sala de aula e não faz nada a respeito? Cancele minhas reuniões de agora de manhã. Desculpe, Olivia. A culpa não é sua.
— Não é sua também. Agora vá. — Olivia aperta meu ombro para que eu me acalme.
Peço desculpas a ela mais uma vez, respiro fundo, pego minha bolsa e saio de minha sala a caminho do elevador.
***
Chego à escola e vou direto para a sala do diretor, onde Alice está. E quando a secretária abre a porta e a localizo, tenho que reunir toda minha força de vontade para não gritar com o diretor na presença dela.
Alice está descabelada, com sangue no canto da boca e um aranhão sangrando no pescoço, que mancha a gola de sua camisa.
Respire, Charlotte. É só respirar, lembre-se de respirar.
— Diretor Colper — cumprimento com os dentes trincados.
Alice, ouvindo minha voz, corre em minha direção e se agarra à minha cintura com força.
— Ei, boneca, o que aconteceu? — pergunto, colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.
— Não quero falar agora. — É tudo que recebo de resposta.
Aliso suas costas e foco meu olhar no diretor.
— Eu gostaria de saber o que aconteceu na sua escola, para que eu tenha vindo buscar minha filha antes do horário e encontrá-la neste estado.
— Bem, senhorita Evans, sua sobrinha...
— Minha filha.
— Sua filha brigou com a colega por conta de uma simples observação sobre os cabelos dela — ele diz, como se não fosse nada demais.
Olho para Alice, depois peço que ela me espere do lado de fora. Assim que ela sai da sala, olho bem para o diretor à minha frente.
— Está me dizendo que tudo isso — faço sinal para a porta indicando Alice — é por conta de uma observação? E eu devo acreditar que a outra menina envolvida é um anjo e que a professora é surda e cega para não dar um basta antes que chegasse a esse ponto?
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Deixe-me ir... (Somente Degustação)
ChickLit*Pode conter gatilhos emocionais* Livro I A vida não perdoa nada, nem ninguém. É raiva e delicadeza, é fúria e beleza, é crueldade e harmonia. Ser forte tem mais de um significado, tem mais de uma versão. Nós, seres falhos como somos não fomos...