"É natural que sua mãe se preocupe com o seu futuro, não é?" ele perguntou, desviando olhar e atirando um pedregulho nágua.

"Sim, mas, em relação a um determinado assunto que afetará todo o meu futuro, ela acha que o melhor plano de ação é um, enquanto estou convencida de que é exatamente o oposto o que necessito para ser feliz."

"Por mais que eu admire a preocupação de sua mãe pelo seu bem-estar, creio que a senhorita é a pessoa mais indicada para resolver sobre o que lhe trará felicidade no futuro."

Ao ouvi-lo dizer isso, Elizabeth se perguntou se ele teria adivinhado a causa da presente discussão. "É como penso, sr. Darcy", ela disse, sustentando o olhar fixo dele. Desviando os olhos, ela os voltou para o caminho que levava de volta à sua casa.

O sr. Darcy notou e, sentindo que ela talvez quisesse voltar para casa, mas sem querer desistir de sua companhia, perguntou, "Posso acompanhá-la até sua casa, srta. Bennet?"

"Sim, obrigada, sr. Darcy" respondeu sua amada em voz baixa.

O cavalheiro, então, puxou seu cavalo com uma das mãos e ofereceu seu outro braço à Elizabeth, que o aceitou mesmo não precisando. Ela podia sentir a força de seu braço e gostou da sensação. Sr. Darcy, por sua vez, sentia-se simplesmente deleitado por estar em sua companhia e chegava a ser quase demais poder senti-la tocando seu braço.

Elizabeth tentou, então, extrair-lhe a informação que queria, dizendo, "O sr. Collins está muito contente com a consideração de sua tia, e eu não acredito que ela pudesse conferir sua generosidade a alguém mais agradecido. Ele sempre se refere de maneira muito elogiosa a ela e à sua prima, srta. de Bourgh." Ela o observava atentamente a fim de detectar sua reação ao nome da prima. Não notou reação alguma.

"Minha tia tem imenso prazer em conferir sua generosidade àqueles que lhe sejam mais gratos."

Elizabeth sorriu com o comentário. "O sr. Collins diz que a srta. de Bourgh é adorável, mas que sua constituição frágil a impede de se apresentar na corte." Novamente o fitou em busca de uma reação que pudesse trair o apreço dele pela prima, mas não detectou nada.

"Sim. Acredito que minha tia tenha errado nesse ponto. Não creio que Anne seja tão frágil quanto a mãe faz parecer. Minha tia não deveria privá-la de uma temporada na cidade. Receio que ela não tenha interação social suficiente. Acredito que a mãe lhe tenha prestado um grande desserviço ao não lhe permitir encontrar-se com moças e rapazes de sua própria idade."

"Talvez Lady Catherine não queira que a filha se case e prefira mantê-la em casa, em sua própria companhia", disse Elizabeth astuciosamente.

"Não, embora pareça que seja assim, Lady Catherine quer que Anne se case, mas não a apresentou à sociedade na esperança de que se case com alguém da família."

"Ela tem muitos primos?"

"Eu, minha irmã, e meus dois primos da família Fitzwilliam, ambos homens, somos seus únicos primos."

"Ela pode escolher entre três, então."

"Receio que minha tia já tenha escolhido por ela. Na verdade, ela tem um primo específico em mente, mas ele não pretende se casar com Anne; por mais que a ame e respeite como primo, os sentimentos dele não vão além."

"Pobre srta. de Bourgh, ela ficará muito desapontada."

"Não creio. Ela parece tão desgostosa com os planos da mãe quanto seu primo. O desapontamento será apenas da própria Lady Catherine", ele disse num tom soturno, talvez já antecipando a reação da tia com a sua escolha.

"E Lady Catherine não tem influência sobre o cavalheiro em questão?" interrogou Elizabeth.

"Não em assuntos do coração", respondeu Darcy significativamente.

"O casamento nem sempre é uma questão do coração, sr. Darcy."

"Para mim há de ser", ele disse, lançando um olhar de relance.

Ela corou levemente ao responder, tentando manter o tom de voz controlado, "Devo então concluir que o senhor é o felizardo primo escolhido por sua tia? Os irmãos Fitzwilliam devem sentir ciúmes de tal favoritismo."

Ele simplesmente lhe sorriu e, após uma breve pausa, mudou de assunto. Ela estava satisfeita e, assim, achou a mudança bem-vinda.

Elizabeth e o sr. Darcy logo chegaram aos jardins da casa dela, e conforme se aproximavam, Elizabeth começou a se arrepender de ter permitido que ele a acompanhasse, pois não queria que ele testemunhasse os acessos de raiva da mãe em relação aos acontecimentos daquela manhã (embora vê-la de braço dado com o sr. Darcy pudesse aliviar sensivelmente os nervos da sra. Bennet.) Elizabeth começou a agradecê-lo pela companhia assim que entraram nos limites do jardim, e o convidou a entrar para beber alguma coisa como exigia a etiqueta. Ele se sentiu tentado a ficar com ela, mas pôde ver que ela ainda estava embaraçada pelo desentendimento com a mãe, e declinou o convite. Antes de partir, ele alcançou um pequeno bolso da sela de seu cavalo de onde tirou um livro que ele entregou a ela, dizendo, "Eu ia deixar isto aqui no meu caminho de volta para Netherfield esta manhã. É para que possa terminar de lê-lo."

Ela fitou o livro e notou que era o mesmo romance sobre o qual haviam conversado na noite anterior. "Obrigada, vou terminá-lo o mais rápido possível. Suponho que tenha obtido a permissão do sr. Bingley para que eu possa usá-lo?"

"Essa é a minha própria cópia. Mandei comprar em Londres depois de ter lido a cópia de Bingley." Elizabeth sorriu.

Ele se despediu e, montando em seu cavalo, com um sorriso para ela, saiu cavalgando na direção de Netherfield. Ao deixar sua amada em Longbourn, ele tinha o coração exultante. Estivera sentado à beira do riacho revisando os eventos do dia anterior e ela aparecera diante dele num inesperado golpe de sorte. Ele suspeitava, pela conversa que haviam tido, que o sr. Collins havia pedido a mão de Elizabeth, idéia que tanto o divertia quanto lhe causava repugnância; e que ela o rejeitara, idéia que lhe dava prazer, embora já soubesse que ela nunca aceitaria aquele tipo de homem. Mas que homem ela aceitaria? Será que aceitaria a ele próprio? Sentia que ela estava se interessando por ele, mas não tinha certeza se ela sentia qualquer coisa além de amizade, se bem que ela lhe confidenciara sobre o desentendimento com a mãe, o que o agradara muito.

Assim que o sr. Darcy deixou Elizabeth, ela sentiu a sua falta. Sentiu seu coração palpitando ao pensar na atenção dele para com ela ao lhe trazer o livro e no fato de ele ter mandado comprar sua própria cópia. Em seguida, entrou em casa para enfrentar a mãe, e escapou para seu quarto assim que pôde para meditar sobre os acontecimentos dos últimos dois dias. Esperava decidir sobre seus sentimentos em relação ao homem em questão, pois queria estar pronta quando a hora da escolha chegasse. Sabia que essa hora seria determinada por ele, e queria não apenas estar preparada para lhe dar uma resposta como também ter certeza de que esta seria acertada.

Continua...
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