A chegada.

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Alemanha, Berlim, 4 de Abril de 1932.

Unidas nas ruas centrais de Berlim, cem mil pessoas gritam como um Mantra.

- Heil Hitler! Heil Hitler!

Inclinando o corpo para frente, a pequena Mileva Volkova está ao lado de seu pai em absoluto estado hipnótico. Extasiada, da sacada de sua casa, ela sente as palavras de Hitler rasgarem seu peito como um trovão deixando-a em uma letargia invencível. Eles são apenas uma típica família social democrata. Mas as palavras do Futuro fuhrer alemão desabam com força sobre toda aquela Alemanha de esfomeados.

"Nós lutamos e batalhamos pela eternidade, porque acreditamos na grande Alemanha, agora é o momento, acordem do seu sono e caminhem adiante! Não queremos que esta nação seja fraca e vocês precisam se endurecer enquanto são jovens!"

"Vocês precisam aprender a aceitar privações e nunca esmorecer!"

- Heil Hitler! Heil Hitler! Heil Hitler! – grita a multidão em braços estendidos.

Hitler continuou:

"Não importa o que criemos e o que façamos, nós passaremos, mas em vocês a Alemanha viverá! E quando não restar mais nada de nós, vocês levantarão o pavilhão que há algum tempo nós levantamos do nada!"

O mundo acabava de conhecer Adolf Hitler.

***

Ucrânia, primavera de 1932.

- Ah não seja medroso! – montando em seu belo alazão, Magnus, bradava alto, zombando do amigo.

- Desse jeito você vai matar esse cavalo, o que me estranha é que boa parte da tua loucura passou para o pobre animal – Aleksei respondia, enquanto Magnus empinava as patas dianteira de seu cavalo.

- Ah! Isso sim é divertido. – disse Magnus enquanto tomava distância com seu cavalo para pular uma pequena mureta – diga o que disser, não há cavalo como Asset! Isto é viver, não aquelas aulas de álgebra que nos ensinam.

Bem acostumado com as piruetas do amigo, Aleksei o deixou para trás, ao passo que gritava:

- Vamos teimoso, Shura e Sasha estão esperando.

Debaixo de um de um imponente carvalho, no meio de um verde campo de centeio, o pensativo Shura estava sentado no colo de sua mãe, enquanto observava a aproximação de seus amigos. Ao longe ele via seus dois companheiros trotando sobre o campo de centeio e, de certo, aquela cena dava ares à imaginação, refletindo sobre seu papel naquele trio de amigos, sim, pois, cada um era diferente, Magnus era bonito, audacioso e falante, Aleksei responsável e trabalhador:

Magnus e Aleksei eram opostos e só se davam bem quando estavam sozinhos.

Assim que estacaram perto de Shura, ao passo que apeavam de seus cavalos Magnus e Aleksei perguntavam por Sasha. Shura deu de ombros

- Crianças tenham calma. – interveio a mãe de Shura logo que percebeu a impaciência dos meninos.

- Sasha deve estar vindo, apenas se atrasou... Tomem, aqui tem uma garrafa de leite e pão de centeio. Dividam tudo, de cada pão façam cinco pedaços. Eu já coloquei cinco copos para o leite.

– Terminou apontando para o cesto que estava a seu lado.

-Como assim, cinco copos? – Perguntavam atônitos, sem nada entender.

Irina Ziuganov, a mãe de Shura, calmamente ajeitava suas tranças negras e com seu semblante monástico, voltava o olhar para o leste, sabia que os Volkova estavam de volta. Depois de muito tempo, tinham vindo passar o verão em sua grande fazenda. Eles tinham uma filha na mesma faixa de idade de Shura e os outros, Sasha morava muito próximo à fazenda, então, pensando com seus botões, ela logo chegou à conclusão que poderia haver uma nova amiguinha para todos.

Madonna CapadóciaWhere stories live. Discover now