Capítulo 19 - Bolhas transparentes

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Yarden deu um pulo em direção à parede e pressionou Yasmin contra o material, a espada apontada na garganta da garota. Seus olhos roxos estavam arregalados e seu rosto trazia uma mistura de surpresa e valentia, enquanto o garoto pousava os seus profundamente nos dela. Nas mãos de Yasmin havia um pote de barro quebrado que se espalhava pelo chão do quarto.

- O que você está fazendo aqui? – a voz dele soou rouca e gélida.

Yasmin engoliu em seco, odiando a proximidade que o rosto dele estava do seu.

- Estava procurando por você – ela tentou responder com firmeza – Estamos com fome.

Yarden bufou e se afastou, analisando o estrago que ela tinha feito. Aquele era um dos potes que tinha recebido de presente de seu mestre de artes marciais no Sétimo mundo, mas era melhor nem pensar naquilo, senão cortaria o pescoço dela naquele momento.

- Achei que seus reflexos fossem melhores, Wolf – ele pronunciou o sobrenome dela com certo escárnio.

Só havia uma coisa que Yasmin odiava mais do que perder: cometer erros. Ela estava apenas à procura dele já que os outros tinham acordado famintos, mas tinha que acabar tropeçando no tapete e derrubando um daqueles potes... Ah, como ela odiava aquilo, ainda mais em frente a um cara que ela já desgostava muito.

- Sinto muito – ela respondeu com os olhos fixos nos cacos do pote no chão.

Sem dizer mais nada, Yarden pegou a sacola com os pães que havia escondido e saiu do quarto, ao que Yasmin o acompanhou. A casa ainda parecia silenciosa, mesmo que já fosse mais de nove da manhã. Quando chegaram ao porão, Yarden tocou o saco com os pães nos braços de Edan, que os pegou com maestria.

- Trouxe pães doces – ele disse – Na geladeira tem bebidas. Comam antes de irmos ver as chefes da divisão.

- Elas aceitaram nos ajudar? – Edan perguntou, curioso.

- Sim.

Enquanto todos comemoravam, Yarden avisou que precisava buscar uma coisa e deixou bem claro, na direção de Yasmin, que eles não deviam sair do porão de forma alguma, já que seu avô acordaria em breve e então o grupo se reuniu para provar os pães doces e beber as bebidas não identificadas da geladeira.

- Me sinto incompleta – Tess disse, enquanto mordia um pedaço do pão – Estou feliz porque vamos para o Nono, mas ao mesmo tempo me sinto mal pelos que ficaram e queria que tivesse um jeito de saber se estão todos bem.

- Sei como você se sente – Edan respondeu – Queria ter notícias do meu pai, a última coisa que vi foi ele sendo levado pelos guardas...

- Queria que tivesse um jeito de trazer Neon para cá – Dalton suspirou, enquanto mastigava lentamente.

Yarden voltou com um grande saco preto e o jogou no chão, enquanto observava o clima tenso da sala. Antes que perguntasse o que tinha acontecido, Tess se dirigiu a ele em uma ideia súbita.

- Yarden – ela disse com a voz um pouco falha – Você sabe se é possível que pessoas que não tinham nascido Estranhos atravessem portais?

O rapaz tirou os olhos do saco preto e a encarou, desconfiado.

- Por que a pergunta?

- Tem alguém que queríamos que estivesse conosco, mas ele não é um Estranho.

- Ele é filho de Valastri e não sabemos até que ponto ele pode descontar a nossa fuga no filho – Dalton a complementou – Da última vez ele apanhou muito por minha culpa.

- Parece um comportamento esperado do senhor Vastrasnova – Yarden respondeu, a fama dele realmente tinha se espalhado por todos os mundos.

- Por que você está perguntando a ele o impossível? – Yasmin se meteu na conversa – É óbvio que não existe uma forma de pessoas normais atravessarem portais.

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