Prólogo

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Fazia frio no instante em que o flash da câmera cobriu o perímetro do meu olhar. Eu já não me importava mais, já que aquela era uma das maneiras de eu continuar seguindo o meu sonho. Eu estava em Milão, Itália, em mais uma das intermináveis sessões de fotos das quais eu constantemente participava.

Desta vez eu sou uma modelo de lingeries da Calvin Klein e estou forçando um sorriso e uma cara de sexy enquanto um fotógrafo idiota finge ser meu criador ordenando que eu mude de pose a cada foto tirada.

Eu estou vestindo uma peça rosa clara e rendada que se torna mais bonita por conta do bronzeado de minha pele.

Desde que engatei de vez nessa carreira de modelo eu tenho aprendido a odiar diversas coisas, como por exemplo o bronzeador artificial e aqueles velhos nojentos que vão aos desfiles para tentar nos comprar, oferecendo dinheiro em troca de sexo como se fossemos vadias e não modelos dando vida a arte da moda.

Desde pequena fui colocada nesse caminho através de minha avó Annalise Collins, que foi uma importante estilista na década de 80. Quando eu tinha apenas 12 anos, ganhei um concurso de Misses em meu colégio e não parei por aí.

Aos 18, eu já era a Miss da minha cidade natal, Chicago, nos Estados Unidos. Foi quando me tornei a Miss Chicago que decidi seguir a carreira de modelo pelo resto da vida.

Hoje, aos 24 anos, sou uma das modelos mais reconhecidas e bem pagas do mundo inteiro. Minha rotina atual se resume em passar 6 meses do ano viajando a trabalho e participando de desfiles e sessões de fotos por vários lugares do mundo. Nos outros seis meses fico em Chicago, sozinha em meu apartamento me perguntando onde foi que eu errei.

Eu era a mulher que todos os caras sonhavam ficar e aquela que todas as garotas queriam ser. Eu tinha tudo o que quisesse ao alcance de minhas mãos e ainda assim me achava incompleta, mas esse era o meu mundo.

Então você deve estar se perguntando porque eu ainda estou sozinha se sou tão bela e rica como afirmei... E eu respondo: Quando embarquei nesse mundo, deixei todos aqueles que eu realmente amava para trás e me tornei a pior pessoa que se pode imaginar, fazendo tudo aquilo que me era lícito e o que não era para continuar nos holofotes.

Tudo aquilo em que toco, se destrói ou se perde. Sai do meu caminho. Então permaneço só para evitar que coisas assim aconteçam.

Esta sou eu. Uma garota que aparenta ser bela e forte em sua casca externa, mas que por dentro é tão frágil quanto um pedaço de papel. Estou fada a ser fragmentada por meus sonhos e destruída.

VitralizadaWhere stories live. Discover now