II.

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Acordei com o despertador às sete e quinze. Tinha muito tempo para me arranjar e ir finalmente para a nova escola. Tomei o pequeno-almoço pela primeira vez em meses, e fui vestir-me. Peguei no macacão em saia de ganga escura, e vesti-o por cima do top verde tropa de alças. Calcei as All-Star pretas e fui para o espelho. A minha cara estava novamente pálida, os lábios rosados e a ansiedade cravada nos meus olhos verdes. O meu cabelo, ondulado e com alguns caracóis, estava com uma cor castanha clara, digna de primavera, e enorme, quase a tocar no rabo.

Era altura de sair de casa e ter o primeiro dia de aulas. Admito que estava bastante ansiosa.

-Até logo papá, hoje almoço na escola, porque tenho aulas de tarde por isso compro alguma coisa no café, sim?

-Oh Sambear! Fiz-te o almoço hoje enquanto dormias, querida. – O meu pai estava a trabalhar no computador, com uma caneca de café ao lado.

-Obrigada pai, a sério! – Abracei-o e fui à cozinha guardar o tupperware. Voltei e dei-lhe um beijinho. – Amo-te muito! Até logo! – Amo-o imenso, é o meu pai, que me criou sempre com demasiado amor, preocupação e complexidade para que não me faltasse nada. É a única pessoa mais próxima de família que tenho, desde que não tenho mãe.

Fui para a escola, e ainda a correr cheguei mesmo em cima das nove horas. Ao procurar a sala encontrei uma professora, Olivia Parker, de matemática, que me guiou até à nossa sala.

-Vou dar-te matemática, Samantha. Espero que te adaptes bem, mesmo sendo próximo do final de ano. Boa sorte. – Sorriu-me e abriu a porta para entrarmos.

-Bom dia a todos. Temos uma nova aluna na turma, a Samantha Logan que se juntará a nós até ao final do ano letivo. Bem-vinda!

-Obrigada. – Disse-lhe com um sorriso rápido.

Queria sentar-me e não ter a atenção da nova turma focada em mim, mas logo que me sentei no fundo da sala, a rapariga que eu vi ontem, sentada ao me lado, olhou para mim.

-Olá, sou a Alex! Eu acho que te vi ontem... és nova aqui? – Sussurrou ela. Tinha o cabelo loiro comprido que estava num rabo-de-cavalo e tinha dois longos dreads. Tinha, também, os olhos cor da avelã, e toda ela irradiava alegria e sorrisos.

-Olá, Alex. Sim, eu cheguei ontem a Washington.

-A sério? Como é que--

-Miss Alexandra Fry, will you stop the talking? – Interrompeu a professora Olivia.

-Desculpe!

A Alex fez-me secretamente um gesto para falarmos depois e eu acenei-lhe com a cabeça. Parecia ser uma rapariga tão querida, e, sem me conhecer sorriu-me de forma bastante simpática e amigável.

Eu estava do lado da janela, e à minha frente os dois rapazes também de ontem: o Matt e o amigo. O Matt parecia estar demasiado ausente, e notei que tinha algumas ligaduras na mão. O amigo virava-se constantemente para trás, fazia sinais carinhosos, e reparei que, quando estava virado para a frente, tinha as mãos dadas à Alex por debaixo da mesa dela; conclui que namoravam, e, aliás, pareciam-me um casal muito sublime.

A aula de matemática era basicamente a continuação do que estava a dar em Arkansas. Quando acabou eram dez horas e meia.

-Então, Sam, posso chamar-te Sam? – Perguntou a Alex, e eu acenei-lhe. – Como vieste para Tacoma?

-Eu vim com o meu pai de Arkansas. Viemos no domingo de manhazinha de avião.

-Não deves ter tido tempo para visitar a cidade?

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⏰ Last updated: Sep 28, 2016 ⏰

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