─ Para vocês dois, parecem duas criancinhas ─ Arthur diz tacando uma almofada em Bruno que gargalhou irônico.

─ Tô indo sair, se quiser uma carona posso te dar, bebê ─ Bruno diz se levantando e pegando as chaves.

─ Vai com ele, me sinto mais seguro, e na hora de vim me liga que vou te buscar, nada de beber muito, se drogar em quantia grande, entendeu?

Assinto com uma carranca e pego meu celular saindo, o idiota já estava no elevador me esperando. Entro junto com ele e o mesmo aperta no -1. Aquele silêncio era entediante e parece que já havia se passado três minutos e estávamos no sétimo andar ainda. Eu odiava ele, e a companhia dele, a cara dele, o cheiro másculo e forte dele, o jeito que ele me olhava com uma ironia nos lábios. Odiava simplesmente ele.

Quando saímos no estacionamento subterrâneo eu pude puxar um ar que não fosse o perfume amadeirado dele. Ele nem me esperou, já foi em passos rápidos até sua rilux prata e entrou, e quando ia abrindo a porta ele deu ré me fazendo de tola, abri aquela porta e o mesmo estava rindo. Fiz uma cara de nojo e ia entrando no banco da frente mas ele me parou.

─ Crianças vão atrás, não quero ser multado ─ ele diz divertido e o olho sem acreditar.

─ Tá brincando comigo é?

─ Tenho cara de palhaço, amorzinha? Vai logo pro banco de trás sem dar um piu, ainda tô fazendo o favor de te levar.

Eu tremi de raiva, fiquei fervendo sentindo meu punho tremendo pra socar a cara daquele idiota, mas me contive, fui pra parte de trás e abri a porta entrando.

O carro dele era cheio de livros de direito, tinha duas mochilas, um iPad e mais alguns troços lá. O carro estava impregnado com o cheiro dele, e aquele cheiro me irritava de um jeito que desconhecia. Ele botou uma música pra tocar, era rock, mas aqueles rock antigos.

─ Muda isso, por favor ─ digo rolando os olhos e ele ri aumentando.

─ Isso é Bon Jovi, estamos falando de uma banda ótima de rock e não essas musiquinhas de adolescentes que cortam os pulsos que você escuta. Não entendo esse gosto musical de vocês, essea cantores japonesas, chineses, sei lá que merda são, parecem mil gatos miando.

─ Tá quente aqui né? ─ disse me abanando.

─ O ar está ligado, bebê.

─ Tá, quem te perguntou? ─ digo irônica e ele revira os olhos.

─ Maturidade mandou lembranças, bebê.

─ Ué, não sou eu que sou a criança? Até onde sei, toda criança é imatura.

Ele não diz nada, só após um tempo que pergunta o endereço da festa e eu digo me acomodando no banco macio. Aquele cheiro dele me embrulhava o estômago mas era o jeito.

Vocês devem estar se perguntando o que iria fazer em uma festa cujo só havia pessoas que odiava, nem todas eu odiava, tinha a Maysa que era minha amiga e não tinha participado de nada, tinha a Júlia que também era minha amiga, mais algumas meninas e o irmão da Júlia que era o Fred, ele era um gato, mas já estava na faculdade e nem dava muita bola, ele só andava pra cima e pra baixo com a irmã. Eu iria também porque queria mostrar o quanto estava bem e que ninguém me abalou de forma alguma.

Sei que não estava bem por dentro, sei que muitas pessoas ali me causaram mal, me tiraram noites de sono, me fizeram chorar... mas meu pai sempre me ensinou a ser forte e pular cada obstáculo, por isso eu queria ir, por isso queria tirar a opinião alheia de que eu estava mal, que eu ainda estava na pior, eu não estava, pelo menos era isso que queria passar para todos.

Paraísos PerdidosWhere stories live. Discover now