Capítulo 1 (DEGUSTAÇÃO)

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CAPÍTULO 1

— Barriga de aluguel? Barriga de aluguel, Derek?

A voz de Sabrina, minha irmã caçula, soa, cheia de irreverência e histeria.

Enfezado, sento-me no sofá e folheio o jornal como se nada estivesse acontecendo.

— Enlouqueceu de vez? Derek! Meu Deus, você enlouqueceu? Pensei que os encontros semanais com Dr. Diógenes estivessem finalmente te ajudando! Mas pelo visto...

Não estou depositando minha atenção em Sabrina, mas sei que ela revirou os olhos, aborrecida.

— Eu deveria saber que você ainda estava maluco. Tem sido assim desde que... desde que ela...

Movo meus olhos do jornal para Sabrina. Imediatamente ela se cala.

Estava restritamente proibido mencioná-la. Eu havia proibido qualquer um que fosse de cogitar mencionar seu nome. Eu não podia... não queria ouvir.

Para ser franco, eu não tinha forças para ouvir.

Eu não admita que tocassem em seu nome.

Porque tocar em seu nome revivia em mim memórias que eu tentava incansavelmente esquecer.

— Hã... ér... desculpe. Eu juro que...

— Não se meta na minha vida, Sabrina. Eu sou grande o suficiente para decidir aquilo que me for melhor, está bem?

Levanto-me do sofá e a encaro com fogo nos olhos.

Minha irmã precisa ser colocada em seu devido lugar.

Eu sou dono da minha própria vida. Ninguém além de mim sabe o que é melhor para ela.

— Estou tentando abrir seus olhos, Derek! Você é jovem, meu irmão. Tem uma vida toda pela frente. Não pode simplesmente... se esconder! Você é um homem inteligente, bonito, tem tudo para arranjar alguém e voltar a ter uma vida...

— Não seja uma imbecil insensível, Sabrina! — eu rosno, transtornado. Porque tocar nesse assunto sempre me deixa assim.

Dizer que eu devo seguir em frente me parece um insulto, visto que tudo de toda a minha vida, todos os meus planos, minhas metas, tudo só existia porque ela me dava força. Ela me apoiava. Ela estava ali, comigo, percorrendo os caminhos que escolhíamos juntos para trilhar.

Como eu podia seguir em frente e deixá-la para trás?

Como eu podia ouvir uma tolice dessas e permanecer calado?

— Sabe que eu a amo! Ela me deixou e não foi por livre e espontânea vontade! Foi um... um infeliz... acidente! — meus olhos enchem-se de lágrimas. — Eu não posso deixá-la! Porque ela ainda está aqui, Sabrina! Eu não a tirei de mim só porque ela se foi, está me ouvindo? Então, por favor, não peça para seguir em frente, se isso significa que seguirei sem ela!

Cuspo todas aquelas palavras friamente no rosto de minha irmã. No final do meu desabafo, ela está me olhando com os olhos marejados, encolhida, os braços envoltos em si.

Nove Meses. (DISPONÍVEL EM ÍNTEGRA NA BUENOVELA)Where stories live. Discover now