Sentei na grama, tirei os tênis, coloquei a mochila no chão com cuidado para não quebrar a câmera, fechei os olhos e comecei a pensar. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, não sabia porque aquilo tinha aparecido em meu corpo, não sabia o que eu tinha que fazer e nem em como eu iria explicar aquilo para os meus pais e irmãos. Mas algo dentro de mim me dizia que tinha algo a ver com meu passado, com minhas origens, com os meus pais biológicos.

Abri os olhos, mordi o lábio nervoso, levantei, peguei a câmera e comecei a fotografar para relaxar. Fotografar era uma das coisas que eu mais amava fazer, uma foto marca um momento único e nem que você queira, ela sairá igual novamente. Na parede do meu quarto haviam várias fotografias, cada uma delas contava uma história. Por exemplo: a do cachorro do vizinho todo molhado com a mangueira na boca. Estávamos todos tomando banho de mangueira, rindo e nos divertindo. Do nada ele pegou a mangueira do chão e começou a correr por todo lado, parecia que queria participar também. No final, todos nós ficamos molhados e felizes, até o Rufus.

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Eu estava fotografando o lago, quando lembrei que minha mãe havia dito uma vez, que quando me adotaram havia um cordãozinho com um pingente nas minhas coisas. Corri até a bolsa, guardei a câmera, calcei os tênis e logo em seguida comecei a subir a rua de casa. No caminho encontrei a Tessa, uma amiga de infância que sempre esteve ao meu lado. Fazíamos tudo juntos, na escola ela era minha dupla: nos jogos, nas brincadeiras, nas peças.

Ela correu até mim, me deu um abraço apertado e falou sorrindo:

— Feliz aniversário, grandão. Achei que não ia te ver por aqui hoje.

Sorri com o rosto vermelho e falei:

— Obrigado. Eu não ia vir, mas aconteceram umas coisas e eu precisava de um ar puro. Vai lá em casa hoje à noite, a mamãe vai fazer a lasanha que eu sei que você gosta. E depois a gente pode ver um filme, esse você decide.

Ela sorriu saltitante, me deu vários beijinhos no rosto, saiu andando na direção contrária e falou:

— Você vai me contar tudo mais tarde. E pode deixar, Benett, esse será o melhor aniversário da sua vida. Agora eu vou indo, se cuida.

Sorri e falei baixo:

— Se cuida, louquinha.

Continuei andando até minha casa, minha mãe estava sentada embaixo da árvore com o papai. Fiquei os olhando de longe por um tempo, peguei a câmera na bolsa e os fotografei, me perguntando se algum dia eu teria alguém que eu amaria e seria amado de verdade por esse alguém. Me aproximei e falei:

— Olá, meu casal favorito.

Eles sorriram me olhando e minha mãe falou:

— Oi, meu amor. Está com fome? Estamos aqui esperando você e seus irmãos.

Soltei a respiração e falei:

— Estou sim, mãe.

Dei uma pausa de alguns segundos e continuei:

— Eu preciso falar com você mais tarde.

Ela me olhou, erguendo uma das sobrancelhas e falou:

— Tudo bem, mais tarde conversamos.

Tentei um sorriso de canto e entrei, entrei em casa, subi as escadas e fui correndo para o quarto. Entrei, tranquei a porta, tirei a roupa, me olhei no espelho e ela continuava ali. Fui para o banheiro, tomei um banho quente, me enxuguei, troquei de roupa, coloquei o moletom e desci para o almoço. Na escada, minha mãe me parou e falou:

Meu pé de cerejeira branca - Livro I.Where stories live. Discover now