Doce Rebeldia - parte 2

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Doce Rebeldia

Jason

Na sala da delegacia finjo estar alienado ao que o delegado diz ao meu pai, mas não é verdade. Eu estou ciente de todas as complicações de meus atos, e ouço cada resmungo do meu pai que não disfarça o quanto a situação o incomoda.

Olho para ele por um tempo. Somos tão diferentes. Eu sou um adolescente ainda, mas já tenho consciência disso.

Primeiro há as diferenças físicas. Meu pai é loiro de olhos azuis e meu irmão, mesmo adotado, é mais parecido com ele do que eu que sou seu filho legitimo.

Fora as diferenças físicas há também as diferenças entre personalidades. Novamente Nestor e Enrico tem o temperamento parecido: eram calmos, sérios e compenetrados. Ao contrário deles eu e minha mãe éramos intempestivos, impulsivos quase ao ponto de sermos considerados imponderados.

— Eu entendo que isso possa ser um transtorno para o senhor, mas sabemos que isso é o mais correto. Sua posição na cidade é de destaque senhor Travelli, e, por isso que deve ser o exemplo.

Escuto novamente o diálogo entre o delegado e meu pai.

— Concordo plenamente, delegado. Não está no meu caráter querer passar por cima da lei, mas deve entender que Jason é meu filho. E é apenas um adolescente.

— Sim, eu entendo isso. Mas ele não pode deixar de assumir as responsabilidades do que faz.

Encaro os olhos do delegado que estão em mim sem me rebaixar. Sei que o homem não gosta de mim por conta da filha dele. Eu e Ana havíamos sido surpreendidos pelo pai dela em uma situação bem comprometedora e desde então o homem não simpatizava comigo.

Dane-se ele! Eu não tenho culpa se a filha dele gosta de usar a boca, e a menina tem uma boca espetacular.

— Acredito que os danos não foram tão terríveis. Poderia ter sido pior- o delegado fala e então olha para mim — poderia ter se machucado, filho, ou machucado outras pessoas. É melhor pensar antes de fazer esse tipo de coisa.

Concordo, a contragosto, o velho tinha razão.

— Ele vai pensar, delegado.

Meu pai responde deixando claro sua irritação e o aviso implícito nela.

— Não é bom que o filho de tão ilustre cidadão de nossa cidade seja visto participando de atividades ilegais.

Eu reviro os olhos. O delegado prezava pelos valores morais e bons costumes. Babaquice!

— Isso não vai mais acontecer — Garante Nestor.

— E a minha moto? —Me pronuncio.

— Ficará sob minha jurisdição até que você complete dezoito anos — explica o delgado.

— O quê?! — meu gênio forte logo começa a aparecer.

Eu não iria deixar a minha moto, a moto da minha mãe nas mãos da polícia!

Meu pai temendo minha reação, se levanta apertando a mão do delegado.

— Obrigado, Diogo. Prometo que meu filho não se meterá em situações de ilegalidade novamente.

Sob protestos saio arrastado da delegacia em direção à rua, quando chegamos onde o carro está estacionado, não me seguro.

— Vai concordar com isso?! – Explodo.

— Sim, eu vou — meu pai responde calmo, calmo demais.

— Eu não vou aceitar...

— Você não tem escolha, Jason. O delegado já foi bem indulgente deixando você sair sem nenhuma queixa.

DOCE CORAÇÃO - Livro I - Amor ProibidoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant