O Conselho

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— Tem certeza que eu preciso mesmo ir?  — Luna perguntou enquanto calçava as pesadas botas escuras.
— Mas é claro! — Seu pai trazia o sobretudo negro, símbolo da família. — Você é importante para mim e faz parte da família, é seu dever como minha sucessora participar das reuniões do Conselho.
— Não precisa de dois representantes-
— Já chega, Luna — Seu pai a interrompeu. — Você já tem 17 anos, está mais do que na hora de aceitar suas responsabilidades e participar do Conselho.
Luna revirou os olhos enquanto deixava seu pai colocar o sobretudo em seus ombros.
— Tudo bem, Lorde Gerwald, vamos representar nossa família e ouvir uma tonelada de coisas legais.
— Essa é minha filha! — Gerwald ignorou o tom sarcástico da garota. Então vamos, antes que nos atrazemos.
As reuniões do Conselho aconteciam na antiga mansão dos Arkalis. O Conselho foi criado depois da morte de Lady Araela há quase 19 anos, quando houve a maior tempestade dos últimos anos. Na época, Araela governava Aurim. A causa de sua morte é desconhecida por todos. Há uma lenda que conta que Lady Araela morreu no parto quando soube da morte de seu amado. Ninguém sabe a identidade do homem, nem o paradeiro da criança, se é que ainda está viva, ou até mesmo se realmente existiu.
O papel do Conselho é decidir, de forma democrática - não tão democrática, já que só os nobres participam - o destino de Aurim. O Conselho reúne as quatro famílias mais importantes e seus representantes: os Lutadores, de Mouhin; os Alquimistas, da Cidade da Rosa - Capital; os Ferreiros, de Mettária e os "Montarias" ou "Mestre dos Cavalos", do Vale do Dragão.

Luna e seu pai foram os últimos a chegarem e se sentaram nos lugares que restavam, por sorte, um ao lado do outro.
A sala do Conselho era enorme, antigamente era o salão de festa da Família Arkalis, dizem que ali aconteceram as maiores e melhores festas de toda a história de Aurim.
Todas as famílias estavam reunidas ali, todas coincidentemente eram compostas por exatamente duas pessoas, ora pai e filho, ora pai e filha e ainda mãe e filho.
As mulheres de Aurim eram treinadas desde pequenas para futuras guerras - para dar suporte aos guerreiros. Na última guerra muitas mulheres resolveram ajudar a defender Aurim e a mãe da família Mustang foi uma das poucas sobreviventes, as outras deixaram bebês recém nascidos para seus maridos cuidarem.
Um homem bateu com a mão na mesa para chamar a atenção de todos. Era Nícola, hoje ele ministrava a reunião.

As Crônicas de AurimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora