Capítulo 7 - Verdades

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-Caio? - eu o chamo
- fala - ele não me olha
- vai ficar sem falar comigo mesmo? Que infantil - ele sorri
- tudo bem, eu vou voltar a falar com você, mas só o necessário. Se você quer ficar sendo otário para aquele cara, problema seu - eu me levanto. Não poderia deixar ele falar de Júnior sem nem ao menos conhecer ele.
- cala a boca, você nem conhece ele!  - Caio se levanta e vai saindo da sala
- na verdade, conheço muito bem aquele ali - eu vou até ele e seguro no seu ombro
- de onde você conhece ele? - Caio fica olhando no meu olho e estamos muito perto um do outro
- pergunta pra ele, tenho certeza que ele vai lembrar daquela noite! - Caio saí da sala e fecha a porta.

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Tento me concentrar, mas só consigo pensar em Júnior. De onde ele pode conhecer Caio? A única forma de descobrir isso é perguntando pra ele.
- Jonathan? - Isabella entra na sala
- sim? - ela me olha de uma forma estranha - aconteceu alguma coisa?
- sua mãe acabou de ligar - eu me levanto na mesma hora e vou pra perto de Isabella
- Isabella, fala que porra tá acontecendo? - ela me olha por alguns segundos
- seu pai fugiu da cadeia! - meu coração congela. Não consigo acreditar no que Isabella acabou de falar.
- É... é... O que você disse Isabella? - ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e continua apreensiva.
- seu pai fugiu da cadeia agora a pouco. Sua mãe ligou, ela tá desesperada e disse para você ir pra casa agora. - pego meu celular e ligo para minha mãe que não atende. Minha cabeça fica a mil
- Isabella, liga pra ela agora - saio correndo em direção ao elevador que demora, então vou para as escadas. Meu celular toca e vejo que é minha mãe, eu paro e atendo
- mãe... - respiro aliviado de certa forma - onde você tá? - pergunto ofegante
- em casa filho, preciso que você venha para cá. - ela parece estar nervosa
- então é verdade mesmo? Ele fugiu? - ela fica em silêncio por um tempo - mãe? - ela suspira
- sim - fala ela friamente - ainda não tem nem sinal de onde ele possa estar - fecho meus olhos e respiro fundo.
- chego daqui a pouco em casa. - e desligo.
Saio as pressas do hospital e pego meu carro, acelerando corro pelas ruas. Quero chegar o mais rápido possível em casa, preciso ficar perto da minha mãe.

Entro em casa e vejo minha mãe no sofá, ela fala ao celular e só consigo ouvir o final da conversa
- não, não vem meu filho...  - ela suspira de alívio e desliga
- era o Eric? - pergunto me aproximando dela
- sim - ela vem até mim - ele quer vir para o Brasil, eu não deixei - ela me abraça e ficamos em silêncio por um tempo.
- pra onde a senhora acha que ele foi? - ela fica em silêncio por um tempo
- talvez ele tenha saído da cidade, só não sei por quanto tempo - meu celular toca, pego ele do meu bolso e vejo que é Júnior, resolvo não atender.
- ele vem atrás da gente - falo e minha mãe me olha sério
- eu sei, temos que ficar um perto do outro, sabemos que seu irmão tá salvo em NY, agora nos dois precisamos ficar juntos meu filho - ela começa a chorar e eu vou até ela e a abraço
- vai ficar tudo bem mamãe.

Fico em casa o resto da segunda-feira. Ajudei minha mãe a fazer o almoço e ficamos assistindo filme na sala. O responsável pelo caso do meu pai ligou e disse que ele continua na cidade, o que deixou minha mãe nervosa e com medo.
- que horas são Jonathan? - pergunta ela enquanto olha para a tv
- são quase 19h - ela se levanta
- vou deitar, to cansada. Você me avisa qualquer notícia - ela vem até mim, me dá um beijo na testa e vai para o seu quarto.

Fico tentando prestar atenção no filme, mas não consigo, então meu celular toca e é Isabella. Atendo no segundo toque.
- ei - fala ela - como você tá? - sua voz é de preocupação e agitação
- to bem, apenas preocupado - ela suspira
- e sua mãe, tá bem? - ouço algumas vozes do outro lado da linha
- ta cansada e preocupa, você tá onde? - ela fica em silêncio por um tempo
- no ônibus, indo pra casa - a campainha toca e meu coração gela.
- Isabella a gente se fala amanhã, preciso desligar, beijo - ela manda outro beijo e eu desligo. Vou andando até a porta com o coração acelerado, sim eu tinha medo que fosse meu pai, tudo é possível quando se trata dele. Abro a porta devagar e vejo Júnior parado na minha frente. Ele sorrir e eu pulo em seus braços.
- vai ficar tudo bem - fala ele me abraçando forte - ele não vai chegar perto da sua mãe - Júnior sabia exatamente o que que tava sentindo. Meu maior medo era meu pai chegar perto da minha mãe e fazer algum mal a ela, eu não suportaria ficar sem ela, não mesmo!

- desculpa ter saído as pressas no outro dia - estamos na cozinha comendo bolo enquanto conversamos e tentando nos entender.
- tudo bem, mas fiquei preocupado - ele toma um pouco de refrigerante - você tá saindo com outro cara né? - meu coração dispara, nunca imaginei que Júnior perguntaria isso. Fico meio sem jeito, mas não quero mentir para ele, então resolvo falar a verdade
- sim - faço uma pausa e ele me olha fixo - eu saí com outro cara - ele me olha meio surpreso
- e você tá gostando dele? - eu solto um meio sorriso
- não sei... Não é a mesma coisa sabe? - ele bebe o resto de refrigerante do copo - quer dizer... Eu amo você - nesse momento ele me olha com um olhar de total surpresa e um sorriso enorme em seu rosto - dele eu talvez goste...  Não sei! - abaixo minha cabeça e percebo que ele continua a me olhar.
- entendi - fala ele por fim
- Júnior - levanto a cabeça e olho em seus olhos - você conhece algum Caio? - ele fica pensando por um tempo
- acho que não - responde ele depois de um tempo - era da faculdade? - eu bebo o resto do meu refrigerante
- ele trabalha comigo - Júnior se levanta
- espera - ele vem pra perto de mim dando a volta na mesa - ele é o cara que ficou como vice presidente? - faço que sim com a cabeça
- Jonathan esse cara é capanga do seu pai. - eu me levanto da cadeira e me afasto de Júnior
- do que você tá falando? - pergunto sem entender nada
- esse Caio... Já vi ele lá no hospital com seu pai. E depois vi ele ameaçando aquele ex namorado do seu irmão - eu não consigo acreditar em nada
- o quê? Você tá brincando. O Caio não faria isso! - Júnior se aproxima
- pergunta pra ele então! - passo a mão na cabeça
- amanhã no hospital vou conversar com ele - Júnior pega seu celular de cima da mesa.
- tudo bem. Eu to indo nessa - meu coração aperta, eu queria que ele ficasse ali comigo
- não quer dormir aqui hoje? - ele sorri
- não, acho melhor eu ir pra casa - ele me abraça e me da um beijo no rosto, caminha até a porta e saí.

No dia seguinte acordo bem cedo e vou direto para o hospital. Preciso conversar com Caio e pra minha surpresa encontro ele na minha sala quando eu chego.
- Caio - falo quando entro na sala - o que você faz aqui? - ele caminha lentamente até mim e ficamos cara a cara
- sabe - fala ele - você parece ser um cara legal, talvez eu até me apaixonasse por você mesmo - ele passa por mim e fica atrás de mim, meu coração congela - pena que sou pago apenas pra levar você até seu pai - eu me viro e olho em seus olhos
- então é verdade... Você trabalha para o meu pai - eu tento empurra-lo mas ele segura minhas mãos e me joga contra a parede
- É melhor você ficar caladinho e vir comigo, se você não quiser que nada de ruim aconteça com seu namoradinho - ele me empurra e eu sigo caminhando na sua frente lentamente e ele logo atrás de mim. Entramos no elevador e as portas se fecham.

J&J - "De Olhos Fechados"  Onde as histórias ganham vida. Descobre agora