Prólogo

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Setembro de 1998

O primeiro dia de aula nunca foi fácil pra mim, pessoas estranhas querendo se aproximar e fazer forçadamente aquela amizade que muito provavelmente não passará de um ano, já que a cada ano meus pais resolvem me mudar de escola. Na cabeça deles não sou muito fácil de adaptação, ao meu haver só gosto de ficar quieta no meu canto.

- vamos Mel... você vai se atrasar!

- ah mãe... me deixa dormir mais um pouco. Só mais dez minutinhos...

- já chega Mel. Você fala isso há mais de meia hora... vamos! Tome seu banho e venha tomar o seu café! Vamos Mel! Vamos.

Minha mãe é aquela espécie de mulher super poderosa. Gosta de tudo muito organizado, tudo muito perfeito. Levanto-me tomo o meu café e em pouco tempo chego ao novo colégio. Usando aquela famosa saia plissada azul que bate no joelhos, aquele casaco vermelho com um brasão azul da Escola Presbiteriana de Boston. Meus cabelos castanhos estão soltos com uma tiara vermelha combinando ridiculamente com meu casaco. Na minha cara possuo um enorme óculos de grau que me deixa ainda mais apagada.

Sento-me no canto esquerdo da sala tentando não aparecer aos olhos curiosos dos novos colegas de sala. Fala sério, os meninos aqui são uns gatinhos... já vi que aqui passarei despercebida . o que pra mim é melhor... Um grupo de meninas estão na frente tentando chamar a atenção do professor de química. Ele é um gato. Ele se apresentou a turma e chama-se Dominique Stanton. E já chegou passando um teste de avaliação pra calcular o nível de aprendizado da turma.

- Ei, você sabe a resposta da questão dois. Fiz todas, mas essa eu não me lembro da formula. - Um garoto de olhos castanhos me pergunta. Ele está sentado atrás de mim.

- É a letra D. - respondo tentando não olhar pra ele.

- há algum problema ai Senhorita Johnson? - Senhor Stanton pergunta levantando a sobrancelha.

- Não Senhor. Ele só me perguntou se eu poderia emprestar a régua para que ele possa fazer a tabela. - falo e passo a régua para o garoto logo atrás de mim.

Depois da aula vou pra cantina e sento-me no canto a fim de comer meu lanche sossegadamente. Minha mãe preparou um sanduiche de atum com cenouras, alfaces e creme de cebola... Quando estou quase no final do meu lanche o garoto de olhos castanhos aparece e senta-se em minha frente.

- Novata, está aqui sua régua. Obrigada!

-Sem problemas. - falo não dando muita importância para ele.

- Eu sou Alan. - ele estende a mão.

Deixo meu sanduiche sobre a bandeja, limpo minhas mãos e pego na mão dele cumprimentando forte.

- Eu sou a Melanie, mas pode me chamar de Mel.

Continuo comendo meu sanduiche e ele puxa assunto.

- Você é nova aqui. Está gostando? - ele tenta realmente puxar conversa.

- Pra mim não faz muita diferença... não fico em colégio algum mais eu um ano. Então... - levanto os ombros para que ele possa entender que não estou a fim de muita conversa. Mas ele insistentemente tenta puxar mais assuntos. Depois de quase vinte minutos tentando puxar conversa eu pergunto:

- Alan, desculpas... Mas eu não estou interessada em fazer novos amigos. Meus pais nunca permitirão que eu faça amizade com algum menino.

Para minha surpresa durante o ano letivo Alan foi meu parceiro de trabalho na escola e tornou-se um grande amigo. Ele enfrentou meus pais defendendo a amizade que construímos a muito custo, ou melhor... A muita insistência de Alan uma amizade pura e verdadeira. Passamos a fazer tudo junto... Trabalhos da escola, pesquisas, ir ao clube... Ao final do ano letivo, como já era previsto meus pais resolveram mudar mais uma vez de cidade e tive que deixar mais uma vez tudo pra trás, sofri horrores porque já não queria desapegar de tudo que construir em um ano. Infelizmente meu pai ameaçou-me colocar num colégio interno. Não tive escolhas... abandonei mais uma vez minha escola, minha vida e meus amigos.

Encanta-me com teu AmorWhere stories live. Discover now