Capítulo 22

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— Cala boca, porra. – sussurro e dou um belisco em seu braço.

— Qual é Thay? Eu hein. – disse fazendo cara de dor e passando a mão aonde eu belisquei. — A favela toda ta sabendo querida, vai ter que sair beliscando todo mundo então. – disse debochando, e com as mãos na cintura.

Reviro meus olhos, e vou saindo dali mas Luana me acompanha.

— E eu pensando que tu era a santa das santas, hein Thata. – disse dando risada da sua própria piada.

— Se eu fosse santa estaria no convento, e não aqui. – digo séria, e entrego algumas sacolas para ela segurar.

— Ta mais afiada que alicate hein, adoro. – disse dando uma risada um pouco escandalosa.

— Que isso, só não tenho paciência pra gente escrota. – digo dando um sorriso sem mostrar os dentes e Luana cai na gargalhada.

Depois disso fomos o caminho todo em silêncio. Gostava muito de Luana, mas as vezes me dava vontade de dar uns tapas na cara dela.

Ela me ajudou a levar as compras até em casa. Mamãe estava na sala, assistindo suas novelas da tarde. Entramos e fomos colocando as sacolas sobre a mesa da cozinha.

— Tia Kátia e suas novelas, adoro. – disse deixando as sacolas em cima da mesa, e indo para a sala.

— Luana, quanto tempo menina, como você está? – disse se levantando e dando um abraço em Luana.

— To bem, só morrendo de saudades de vocês mesmo. – disse se soltando de mamãe, e dando um sorriso largo.

— Que bom querida, vai ficar quanto tempo? – indaga com um sorriso de lado.

— Não tem essa de quanto tempo, eu voltei foi pra ficar monamur. – disse dando uma gargalhada.

— Sério? Que ótimo, agora vá ajudar Thayane. – disse se sentando no sofá novamente.

— E Lu, me ajuda aqui. – digo gritando da cozinha, enquanto guardo as coisas no armário.

— E o que tu tá achando do LC como genro, tia? – indaga com cara de cínica, e mamãe lhe olha sem entender nada.

— Luana vem me ajudar aqui, agora! – gritei da cozinha.

E lá vem ela, toda sorridente, com aquele sorriso cínico dela. A repreendo com os olhos, e ela ri escandalosa.

— Por que que tu é assim, hein? – sussurro.

— Ué, que que eu fiz agora? – disse colocando as mãos na cintura e arqueado uma das sobrancelhas.

— Falando do LC pra minha mãe, ainda chamando ele de genro, tu tá louca Luana? – sussurro e fico de braços cruzados.

— Como assim, Tia Kátia não sabe do seu rolo com ele? – sussurrou com olhos arregalados.

— Sabe, mas não concorda. E mesmo assim, não tem necessidade de ficar falando coisas dele pra ela. – digo firme.

Luana revira os olhos, e se vira para pegar mais sacolas. Rapidinho  arrumamos as coisas no armário, fazia tempo que não via aquilo ali cheio, e por um momento pensei que não ia ver novamente.

Luana me ajudou a organizar tudo, e depois que terminamos ela disse que precisava ir, despediu-se de mamãe, e logo depois á levei até o portão.

— Olha, eu ia perguntar isso para Mirella, mas como ela irmã, né? Possa ser que dê cobertura, por isso vou perguntar pra você. – disse enquanto abria o portão.

— O que foi agora? – revirei os olhos.

— Depois que eu fui embora, Kauê pegou alguma putinha, namorou, se apaixonou, transou, com alguma mina daqui? – indagou olhando nos meus olhos fixamente.

— Ué, não sei. – dei de ombros.

— Para né Thayane, tu mora aqui ou em marte? – disse séria, e arqueando uma das sobrancelhas.

Com quem Kauê estava ficando, namorando, transando, eu realmente não sabia, pois a vida pessoal dele não me importa em nada. Só as vezes que Mirella dizia que ele gostava de mim, mas acho isso mó lorota.

Luana ficou ali me fuzilando com os olhos, esperando alguma resposta sair de minha boca. Quando uma moto estaciona bem na frente de casa, e chama nossa atenção.

— Eai, meninas. – disse ainda sentado na moto, e tirando o capacete.

Falando nele, olha quem apareceu.

Luana abriu o portão mais rápida que o Bolt na prova de 100m, e já foi agarrando Kauê.

— Que lindo, meu amorzinho veio me ver. – disse distribuindo vários beijos na bochecha de Kauê.

— Sai fora Luana, meu papo aqui e com a Thay. – disse descendo da moto, e afastando Luana com as mãos.

Rapidamente ele coloca as mãos no bolso, e tirou uma caixinha, não tão pequena mas também não tão grande, estava embrulhada com um papel de presente da Barbie rosa.

— Que isso? – indago sem entender nada.

— Pra você pô. – disse estendendo a caixinha com as mãos, e dando um sorriso.

— Não tô entendendo mais nada. – digo pegando a caixinha, e dando um riso fraco.

— Pensei que era uma aliança, mas com esse papel de presente da Barbie me sinto mais aliviada. – disse debochando.

— Foi o LC que mandou pra você Thay, e eu tenho que ir, tchau meninas. – disse colocando o capacete e logo em seguida subindo na moto.

— Joga isso fora Thayane, deve ser uma bomba. – disse enquanto fitava a caixinha em minhas mãos.

Olho para Kauê que balança a cabeça negativamente e da risada de Luana.

— E sério gente, vocês não assistem jornal não? Tem namorado louco que manda bomba pra namorada, sabia? – disse séria cruzando os braços, enquanto Kauê ria ligando a moto, e eu mexendo a caixinha para ver o que tinha dentro.

— Para de mexer sua louca, se essa porra estourar aqui eu junto com você, abre lá dentro.

Passei a mão no rosto e revirei os olhos, LC não ia perder seu tempo enviando uma bomba pra mim, até parece. Se ele quisesse me matar, ele mesmo faria o serviço.

— Tô indo aí, falou. – deu partida, e saiu a mil.

Sonhos PerdidosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora