Capítulo 8 - Chad

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A figura logo começou a distinguir-se na luz bruxuleante do poste perto de mim. Uma mulher forte, porém pequena, de pele morena e longos cabelos escuros aproximava-se de nós com os olhos tão dourados quanto a chama acesa do poste. Outra figura, agora um pouco mais alta, passou a vir em nossa direção. Logo, outros vultos começaram a aparecer nas batentes das janelas e nas ruas, observando-nos. Deixei cair as rédeas do cavalo e andei em direção à mulher.

– Ah, meu filho! – Ela disse, colocando seus braços ao meu redor e envolvendo-me em um abraço maternal. – Eu sabia que você voltaria!

Outro braço envolveu-nos, e eu consegui ouvir a risada do meu pai.

– Você cresceu tanto! – Minha mãe disse, agora colocando as mãos nos meus braços, ombros, cabeça e bochecha, verificando se eu ainda estava inteiro. Ela ergueu a cabeça para me olhar nos olhos. – Que bom que está de volta.

Eu sorri.

– Eu sabia que você estava morrendo de saudades do meu bom humor.

– Você nem imagina o quanto, – meu pai respondeu. – Sua mãe só falava disso o...

– Quem são elas? – Minha mãe o interrompeu, deixando sua voz assumir um tom severo. – Onde está a sua irmã?

Eu engoli a seco. Por alguns segundos, havia esquecido que trouxera bagagem extra. Olhei para trás rapidamente, encontrando os olhares impaciente e sonolento de Brianna e Abbey.

– Elas estão comigo. – Eu disse, voltando-me à minha mãe. – Preciso de um lugar para que elas passem a noite.

– Mas o que elas estão fazendo aqui? Você sabe das...

– Mãe, explico tudo depois. – Eu disse num tom mais baixo. – Só preciso de um lugar para elas descansarem. Estão exaustas da viagem.

Minha mãe apertou os lábios em discordância, mas não disse nada.

– Creio que Senhor e Senhora Ruffenghonn poderão hospedá-las esta noite sem dificuldade nenhuma. – Meu pai disse, lançando-me aquele olhar que ele sempre fazia quando queria dizer alguma coisa a mais para mim, enquanto apertava os ombros de minha mãe levemente. – Vamos.

Os dois deram meia volta, direcionando-se para a casa dos Huffenghon, que era logo ao lado da minha casa. Assim que eu pensei isso, senti um incômodo. Era estranho ainda dizer minha casa.

Antes de seguir meus pais, vire-me para trás. Brianna estava passando por mim. Eu a segurei levemente pelo braço e a trouxe para mais perto, fazendo-a congelar por um momento. Ela abriu seus olhos verdes e me encarou, nitidamente tentando parecer irritada ou qualquer outra coisa que não fosse nervosismo ou susto. Eu já a conhecia muito bem para ver através de seus muros.

– Eu espero que você se comporte – eu sussurrei para ela, que mais uma vez revirou os olhos.

Ela se desprendeu de mim e continuou andando, pisando com força e fazendo-me rir levemente. Não sei para onde, já que ela não sabia para onde ir. Abbey, que estava ao meu lado, apenas balançou a cabeça. Em menos de dois segundos Brianna se deu conta, parando abruptamente.

– Segunda casa, da esquerda para a direita. – Eu disse, passando por Brianna e trazendo Abbey comigo, que tentava suprimir uma risadinha.

Amos Ruffenghonn já nos esperava na porta de sua casa, sorrindo alegremente. Esta era a família mais próxima da minha, então sabíamos que podíamos contar com eles para esses tipos de situações. Sua esposa, Laire, vendo-nos entrar, já chamou Brianna e Abbey para entrarem e beberem uma xícara de chá para se esquentarem.

O Cristalizar da Água - O Florescer do Fogo #2Where stories live. Discover now