Capítulo 1

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Acordar bem cedo, colocar meu vestido rodado, tomar café da manhã com papai e sair para passear sozinha é minha rotina diária. Ás vezes rondava pelas áreas próximas ao castelo, outras vezes ia até a cidade comprar alguma coisa.

O rei, meu pai, nunca mais sorriu de forma brilhante desde que mamãe morreu e de certa forma eu entendo. Ele a perdeu quando eu nasci e apesar de não tê-la conhecido, eu sabia que ainda era muito amada por todos e por onde eu ia sempre ouvia a mesma frase, "Você se parece muito com sua mãe."

Talvez fosse por isso que papai não me olhava direito. Lembrar-se de mamãe, provavelmente era o que ele não queria. Não que ele me rejeitasse, longe disso, apenas mantinha aquela certa distância.

- Bom dia papai! - corro para seus braços e ele me recebe de bom agrado.

- Bom dia filha.

- Papai, podemos passear hoje?

- Não vai dar querida, tenho um compromisso importante.

- Ahh... - suspiro triste enquanto ele se levanta indo embora, porém antes de ir, se interrompe evitando me olhar. - Mas, saia Alicia e divirta-se. - diz caloroso e balanço a cabeça concordando sem muita vontade.

- Não fica assim meu amor... - Ana, a governanta do castelo de quase 50 anos me conforta após meu pai sair. Ela é como uma mãe que não pude ter.

- Ele nunca tem tempo para mim Ana. - resmungo.

- Ele tem trabalho para fazer. Você não entende porque ainda é criança, mas quando crescer irá entender.

- Eu já tenho 12 anos!

- Ainda assim é criança...

- Tanto faz... - bufo saindo da cadeira depois de tomar um copo de leite.

- Vai sair para cavalgar?

- Vou.

- Não chegue tarde.

- Não chegarei... - grito ao sair pela porta.

Porque fui ser logo a filha do rei?

Cavalgando em meu cavalo me sentia livre. Gostava de estar entre as árvores, além do quê, os pássaros e outros bichinhos sempre vinham me fazer companhia enquanto eu ficava sentada entre as folhas, isso lógico, sem mover uma parte do corpo de forma brusca para assustá-los.

- Por aqui! - de repente a voz alta de um garoto me assusta, levando embora todos meus amiguinhos.

Levanto-me de sobressalto ficando em alerta e avisto, não muito longe de mim, um menino conversar com alguém. Seus trajes elegantes me informam que são da realeza. Aproximo-me devagar para que não me percebam e escuto o que eles conversam.

É errado, eu sei. Mas, quem nunca fez isso antes?

- Não vai conseguir acertar. - a segunda voz fala e pela semelhança nos rostos, posso garantir que os dois são irmãos.

- Ele está preso. - o primeiro fala e cerro meus olhos tentando ver o que eles querem acertar. - Só preciso me concentrar, fique quieto.

Chego um pouco mais perto e finalmente vejo do que se trata. Meu sangue praticamente gela ao ver o que estão fazendo. Olho outra vez para o pobre coelho preso em uma armadilha feita de madeira e meus olhos crescem em desespero. Sem esperar um só segundo, saio de trás das árvores com um grito engasgado.

- Não!

As mãos do garoto se atrapalham e a flecha dispara acertando uma árvore.

- Ficou louca? - vira-se zangado me fitando. Nossos olhos se encontram e ele parece se acalmar misteriosamente.

Alicia: uma história de amorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora