Harry: E ele...?

Madison: Ele já é mais complicado. Ele usa o segundo nome, James, e o sobrenome de Danielle. Assim temos James Campbell.

Harry: Danielle não usa o sobrenome dela? – Perguntou, encaixando as peças.

Madison: Usa. O mito sobre James e Danielle Campbell corre o mundo. – Disse, dando ênfase. – As pessoas acham que eles são da mesma família, ou algo assim.

Harry: Ótimo, vou criar um nome pra mim também. – Disse, debochado.

Madison: Não pode. – Disse, com pesar, se sentando – Você já é James Campbell. Ou pelo menos eles pensam que é.

Harry: Mas porque?

Madison: Porque todos criaram a fé de que Niall e Melanie são marido e mulher. Como ninguém consegue encontrar ele, eles seguem ela. No momento em que você apareceu com ela, todos começaram a supor que você fosse Niall. No momento em que a beijou, tiveram certeza. – Disse, quieta.

Harry: Eu nem me pareço com Niall, em nada. – Disse, indignado.

Madison: Acredite, eu sei. – Disse, sem debochar dele. – Mas todos acham que Niall já fez 10 cirurgias plásticas, para mudar a aparência, se esconder. Ele chegou a pensar nisso, mas eu não deixei. – Admitiu – Mas o fato é que se ele quisesse fazer as cirurgias, ele poderia ter a aparência de qualquer um. Inclusive a sua.

Harry: Que ótimo. – Disse, suspirando.

Madison: Harry... Você sabe o que é um doppelganger? – Perguntou, quieta.

Harry virou o rosto, encarando os olhos negros dela. Ela estava séria, quieta. Ele sentia que essa era a explicação, a conversa que ele estivera esperando pra ter desde que atiraram nele no beco em Paris. A verdade, toda ela. E agora que estava prestes a ter, algo nele se recusava a ouvir.

Madison: Acontece raras vezes. Não utilizamos muito de doppelgangers, porque em geral eles entram em pânico, e terminam morrendo. – Disse, quieta.

Harry: Defina o termo. – Disse, respirando fundo.

Madison: Doppelganger significa "cópia que se move". No caso, Melanie foi até você, fez todos acreditarem que você era Niall, e agora enquanto a policia, a máfia, e todo o resto procuram por você, Niall pode agir livremente. – Se resumiu.

Harry: Eu estou aqui para morrer no lugar dele, é isso? – Rosnou.

Madison: Não se você cooperar. Estará sempre com algum de nós, e depois de um tempo você saberá se defender. Tente ver isso pelo lado positivo.

Harry: Não existe um lado positivo. – Disse, tomado pela raiva – Toda a minha vida, eu nunca pus um dedo pro lado de fora das regras. Nunca! Então eu tenho um impulso, cometo um erro, e é isso?!

Madison: A vida é feita de escolhas, Harry. Você escolheu seguir ela. – Disse, quieta. – Você vai ficar mais algum tempo aqui, com ela, até que esteja pronto.

Harry: Pronto...?

Madison: Pronto para voltar a sociedade. Para enfrentar o que estava guardado para Niall. – Disse, quieta.

Harry: O que?! – Ela ficou em silencio – Ok, vocês esperam que daqui a algum tempo eu saia por ai, sorrindo, enquanto metade da cidade quer me matar?

Madison: Você não precisa sorrir se não quiser. – Disse, quieta – Mas é para isso que os doppelgangers servem: Eles circulam em um lugar, atraindo toda a atenção para eles, enquanto o verdadeiro procurado está do outro lado do mundo, fazendo o que bem quer.

Harry: Você tem noção de como o que está dizendo é injusto?! – Perguntou, incrédulo... Apavorado.

Madison: A vida não é justa, quem diz o contrário mente. – Disse, quieta. – Não tem pra onde ir, Harry. Como eu disse... A vida é feita de escolhas. – Disse, se levantando – Agora cabe a você escolher se vai aceitar o que lhe aconteceu e tentar aproveitar o máximo disso, ou se vai continuar sendo infantil, se rebelando contra uma verdade que você não pode mudar. E há sempre a terceira opção, a opção em que você pode tentar fugir, se entregar. Mas em geral é assim que os doppelgangers morrem. – Disse, tirando o cabelo que o vento do helicóptero bagunçava do rosto – Desculpe. – Disse, saindo.

Harry: Você tem uma doppelganger? – Perguntou, respirando em arfadas.

Madison: Não. Niall quis me dar uma, mas eu nunca aceitei. Esta é a minha vida. São meus riscos, eu busquei isso, e eu vou correr eles. Se um dia acontecer de falhar... Bom, eu vou estar morta, mas são meus pecados, não de outra pessoa. – Respondeu, e Harry adentrou as mãos no cabelo, em pânico – Eu sinto muito.

Ele estava em pânico. Nunca fizera nada de errado, e agora as pessoas achavam que ele era um criminoso. Tinha uma vida de crimes, roubos e assassinatos que não cometera para pagar. Suas únicas opções eram aceitar e se tornar um deles ou morrer, e tudo porque seguira um conselho de uma mulher em um trem. Passou um tempo incontável ali, confinado com seu medo, vendo os helicópteros passarem por cima de sua cabeça, procurando-o. Ele era inocente ,e ninguém jamais ouviria isso. Sua vida, sua carreira, fora tudo por água abaixo. Uma mulher em um trem... Ela iria pagar.

O Turista (Livro 1) [H.S]Where stories live. Discover now