Direção Perpétua

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Ela estava sentada ao centro da mesa preparando a aula de Português para o terceiro ano, eram quase oito da noite e ela estava a sós na sala dos professores.
Lá de fora se ouvia o vento bater nas folhas e na janela. Pelo longo corredor, vinha um par de saltos ecoando seus estampidos; certamente era a colega que vinha trocar os materiais. A seguir, da antessala, veio o som da descarga do banheiro.
De repente, ouviu um breve estalido e pelo canto direito do olho viu a tela do computador ligar. Pelo canto esquerdo, no reflexo da tevê desligada, viu uma sombra deslocar-se por detrás dela.
As luzes piscaram. Suas folhas levantaram e se espalharam sobre a mesa; lá estava ele com seu ar elefantídeo: bonachão indelicado. Ele lhe sorria ao mesmo tempo em que lhe reprovava.
-Para quê usar estas folhas velhas, se você tem o computador ao seu dispor, professora?
Entre paralisada e encantada, nada disse, nada fez. Como surgiu, ele também desapareceu.
Finalmente, a colega chegou até a sala dos professores.
-Como está frio aqui!
Logo, outros professores também chegaram para a sua pausa.

Criações da Madrugada CONTOSDonde viven las historias. Descúbrelo ahora