Capítulo 7

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Olá! Como estão? Bons? Espero que sim. Ora bem, tenho a dizer que este capítulo me custou um bocadinho a escrever, principalmente a parte final que é aquela porque todos anseiam e eu estive a pontos de dividir em duas partes, mas depois acabaria por, indirectamente, não estar a cumprir com o que prometi. Vocês querem perceber o porquê do nome da Sicca, então aqui têm o capítulo e, de certo, tudo fará um pouco mais de sentido agora ;P

Digam-me tudo o que acharam e, se gostaram, coloquem ali uma estrelinha bonitinha =)

Divirtam-se, meus Testados.









O meu batimento cardíaco invade-me os ouvidos, impossibilitando-me de ouvir o que quer que fosse, para além do "bum-bum" ritmado do meu órgão vital.

A sala, que usualmente é extensa, comprida e suficientemente grande, para não termos de andar em cima uns dos outros, parece-me agora cada vez menor e mais estreita. Tudo me parece muito mais intenso, devido à ânsia que tenho de lutar com o Pedro. As paredes, no seu tom de branco sujo, pois ninguém está para limpar constantemente o sangue que eventualmente é derramado neste tipo de treinos, surgem-me brilhantes pela minha visão periférica, como se as mesmas tivessem decidido trocar de lugar com as lâmpadas fortes e incandescentes. A cada novo fôlego, os olhos de Pedro assumem, aos meus olhos deturpados, um tom cada vez mais próximo do mel, tornando-se num castanho vivo e cheio de poder.

Luto por não me mexer, mas a minha vontade é saltar-lhe para cima e soltar toda a raiva que ele me proporciona de cada vez que trocamos mais do que duas palavras. Também ele não se mexe. Os seus músculos, pela força que ele está a fazer em contê-los, incham, deixando as veias cada vez mais salientes pelo esforço.

– Então! Se eu quisesse assistir a duas pessoas paradas a olhar uma para a outra, iria ao piso do Passado ver fotografias dos nossos antepassados! – Vocifera o Treinador, encostado a uma parede, mesmo atrás da fila de alunos que nem chega a ir de uma ponta à outra da divisão.

A minha respiração soa como que altifalantes nos meus ouvidos, unindo-se ao bater do meu coração, uma banda sonora que acompanha a gota de suor que me escorre pela nuca. Eu sei o que é que ele está a fazer. O idiota está a fazer exatamente o mesmo que eu porque ele é exatamente como eu. Temos o mesmo treino e a mesma pressão em cima, para além de conhecermos as capacidades um do outro. Nenhum quer realmente avançar e acabar por dar um passo em falso, destruindo praticamente qualquer tipo de hipóteses que teríamos de ficar, como se dizia antigamente, na "mó de cima".

Ele tem os músculos, mas eu tenho a agilidade.

Vejo que os olhos dele se tornam mais agudos e mais irritados. Sorrio de escárnio. Sei que o Pedro é tão paciente como eu sou agradável. É quase impossível, a não ser que o dever assim o exija. E como o meu dever não me obriga a ser simpática com ninguém, estou em melhor posição do que ele.

É quando o vejo contorcer o lábio num esgar que sei que, naquele cérebro de brutamontes, o Mr. Músculos fez o click.

Atira-se a mim.

Contudo, eu não tenho como fugir. Num momento, estou com os pés firmemente colados ao chão e, no outro, tenho os poderosos braços de Pedro por baixo das minhas axilas, tirando-me do chão num abraço de píton.

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